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Juncalenses “aprovam” ARU para mudar a vila

29 Setembro 2022
Isidro Bento

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Isidro Bento

29 Set, 2022

Termina hoje, quinta-feira, 29, o período de consulta pública da proposta de Área de Reabilitação Urbana e da Operação de Reabilitação Urbana do Juncal. Até ao final do dia, os juncalenses ainda podem dizer o que querem para a sua vila nos próximos 15 anos e «não há ideias estapafúrdias», como recordou o presidente da Câmara, Jorge Vala, aquando da sessão de esclarecimento realizada no dia 21, no Salão Paroquial do Juncal.

«Todos os contributos são bem-vindos e uma ideia que para muitos será estapafúrdia poderá, mesmo assim, ser aproveitada. Em Mira de Aire, por exemplo, alguém sugeriu a construção de um teleférico entre as Grutas e o centro da vila, por forma a atrair ali os milhares de turistas que todos os anos passam pelo complexo turístico. E a ideia até pode parecer meio estapafúrdia mas a verdade é que a equipa que elaborou a proposta de ARU e ORU entendeu que fazia sentido incluí-la no documento final. Poderá nunca vir a ser executada, mas está lá, e em 15 anos muita coisa muda, e o que agora parece estranho daqui a uns anos poderá ser visto como uma excelente ideia», sublinhou o autarca, perante uma plateia de cerca de quatro dezenas de pessoas.

Aceitem os juncalenses ou não o repto lançado e quer nestas derradeiras horas venham a surgir novas ideias ou não, o essencial da proposta decerto que se irá manter. Ora, tendo em conta a reação do público presente, será legítimo concluir que, no essencial, a mesma tem a aprovação de uma população ansiosa por ver a sua terra requalificada, com qualidade de vida, e a ostentar, orgulhosa, muitos edifícios reabilitados.

De acordo com os técnicos da empresa contratada para a delimitação da ARU e definição dos moldes em que se vai processar a ORU, pretende-se «afirmar a vila do Juncal como um aglomerado urbano com mais de um núcleo, que aposta na sustentabilidade como domínio estratégico para reforçar a coesão territorial e social e valorizar o seu património e identidade e, para o conseguir, foram definidos quatro eixos estratégicos que contemplam nove projetos que, por sua vez, ganham forma no terreno em 25 ações.

Para se chegar aqui houve todo um estudo prévio e a necessária caracterização do território a intervir. Assim, constataram os técnicos, entre 2011 e 2021, a população do Juncal, na área abrangida pela ARU, teve um decréscimo de 3,6% e não só diminuiu como envelheceu. Envelhecido é também como se encontra atualmente o parque edificado, apresentando ainda «algumas patologias ou em estado de conservação mais débil». Verificou-se também existir uma carência de locais de estacionamento e a escassez de espaços públicos de estar e espaços verdes, além de haver a necessidade de intervir na rede de infraestruturas de modo a adequá-la a um espaço público que se quer revitalizado e por forma a promover a necessária transição ecológica e energética.

Apesar deste retrato constatou-se que o estado de conservação dos edifícios é globalmente satisfatório, obtendo 37,4% a classificação de “bom” e 36,7% de “razoável”. A maioria dos espaços públicos de circulação encontra-se em bom e razoável estado de conservação e há neste território a presença de uma série de serviços públicos e equipamentos educativos, culturais, de lazer e desportivos, sociais e religiosos.

Por último, notaram os técnicos, há uma multifuncionalidade do edificado, ou seja, temos edifícios para habitação, comércio e serviços, entre outros, com uma maior concentração no centro da vila, mas presente também noutros pontos da ARU.

Juncal tem cerca de 200 imóveis a precisar de reabilitação

Mais do que resolver os problemas do edificado do Juncal, a ARU e a ORU visam dar corpo a um plano de desenvolvimento a 15 anos, em que particulares, entidades locais e Município têm responsabilidades partilhadas, sublinhou o presidente da Câmara, Jorge Vala, no decorrer da sessão de esclarecimento. Já daquilo que está planeado falou Susana Lourenço, da empresa responsável pela elaboração da proposta.

Assim, de acordo com a técnica, de fora da ARU ficam apenas edifícios recentes e que não se justifica estarem numa área em que a principal preocupação é a reabilitação de imóveis degradados ou em ruína. Feita a caracterização do edificado, concluiu-se que há cerca de 200 imóveis que carecem de intervenção. Além da reabilitação, pretende-se também a adequação de alguns às pessoas que os habitam, por exemplo com a eliminação de barreiras arquitetónicas.

A proposta prevê a qualificação de alguns edifícios em funções públicas, como escolas e igrejas, e se da experiência se concluir que houve ganhos efetivos, o objetivo é estendê-la aos restantes imóveis com função idêntica. A preservação de elementos distintivos e marcantes, que ainda existem nalgumas casas, é também uma preocupação. Uma das medidas previstas é sensibilizar e capacitar para a reabilitação de imóveis, desde os proprietários, aos arquitetos, passando por empresas da área do imobiliário, por exemplo.

Será elaborado um plano de circulação rodoviária e colocada sinalética de forma a ordenar o trânsito. Haverá o reforço da oferta de estacionamento. Expandir a rede de circulação pedonal e ciclável é outra das apostas incentivando as pessoas a andarem mais a pé ou de bicicleta. Está prevista, também, a valorização e o aumento das zonas verdes da vila, dotando-as ainda de espaços de estadia e de sombra.

Uma vez que a vila é atravessada pela estrada nacional 242.4 e apesar de nesse troço contar com passeios, estão previstas medidas que tornem aquele eixo mais urbano e onde os condutores tenham a noção de que estão a passar numa rua e não numa estrada e que, por isso, devem circular mais devagar e com cuidados redobrados.

Embora seja já fora da ARU, como o Juncal está rodeado por uma mancha florestal, é entendimento dos técnicos que deve ser criado (e cuidado) um perímetro de proteção da vila tendo em conta essa área de floresta.

A ORU prevê, ainda, a definição de roteiros temáticos como o do azulejo, e atividades de animação urbana que envolvam não só a comunidade local mas também comerciantes, empresários, Junta e Câmara, de modo a que a vila possa tornar-se mais atrativa tanto para moradores como para turistas e assim reforçar a sua competitividade e atratividade num contexto regional.

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