Novo caso de violência leva presidente da Junta a apelar a intervenção das entidades competentes
O presidente da Junta de Freguesia de Mira de Aire, Alcides Oliveira, teme que «um dia destes todos estejamos a lamentar que algo de muito grave tenha acontecido» na Rua e Beco das Flores, em Mira de Aire e isso mesmo foi dizê-lo à Assembleia Municipal.
De acordo com o autarca, nesse mesmo dia foi «intempestivamente abordado na Junta de Freguesia por uma pessoa do sexo feminino que terá sido novamente agredida no dia anterior pelas pessoas que ali vivem». Como os relatos de situações de conflito e de abordagens menos corretas a quem por ali passa ou mora na vizinhança «têm sido diários e constantes», o aparente escalar da violência leva-o a temer que possa ocorrer ali uma tragédia se nada for feito para o contrariar e que alguém «nem que seja por motivos cardíacos, ao ser abordado caia para o lado» para pesar de todos.
Alcides Oliveira diz que, a título pessoal, as vezes que tem passado pelo local têm sido de carro e tem tido a sorte de ser ao início da tarde e que nunca teve grandes problemas em ali passar porque, «se calhar, a essa hora, as pessoas que estão sentadas numa rotunda ali próximo e à entrada das suas casas estarão a dormir a sesta», mas o mesmo não tem acontecido a vários dos seus fregueses, pelo que fez um veemente apelo ao presidente da Câmara para que volte a insistir com as várias entidades na necessidade de resolução do problema. O autarca lembrou ainda que a preocupação da Junta já não é de agora e que o seu antecessor já fizera denúncias e apelos idênticos mas, igualmente, sem sucesso.
«Apelo ao senhor presidente para que enfrente isto ou, quando lhe for possível, estar com as entidades com quem já reunimos algumas vezes, focando a necessidade de ali passarem mais vezes, mas não a horas certas nem aquando da ronda normal porque o que ali se passa é algo de extraordinário» disse pedindo, ainda, «maior força» e que «haja uma atenção muito especial e redobrada para aquela área da freguesia de Mira de Aire e também do nosso concelho».
Em resposta, o presidente da Câmara, Jorge Vala, disse ter «muita dificuldade em fazer mais que aquilo que já foi feito». «Nós não podemos mandar as pessoas de lá para fora, vivem em habitações que são privadas. Já lá chamámos a autoridade de saúde para validar se as casas tinham condições, já chamámos inúmeras vezes a GNR e inclusive falámos com o advogado dos proprietários das casas [habitadas por estas famílias], portanto já fizemos aquilo que sob o ponto de vista da responsabilidade de uma autarquia pode ser feito», disse o autarca.
Depois de frisar que «esta questão é sensível e um tema que com facilidade pode chegar ao populismo puro e duro» e, por isso mesmo, não querer «entrar por aí», Jorge Vala não escondeu, contudo, que de um «ponto de vista pessoal», fica «muito incomodado, mesmo muito, com estes relatos». «Fico triste com [estas] pessoas que residem no nosso concelho mas não conseguem integrar-se socialmente, e fico ainda mais triste porque há pessoas que querem ir a sua casa e têm dificuldade em ir [por temerem pela sua segurança]», sublinhou.
«A Câmara fez o possível. Com o conhecimento de algumas pessoas sugeri ao advogado da família proprietária das casas que nos enviasse uma autorização para emparedar as portas e as janelas das que estavam desocupadas e até hoje o Município não recebeu qualquer tipo de autorização mas as casas que nessa altura estavam desocupadas, hoje não estão. Por isso, reitero, estamos a falar de propriedade privada e, como sabe, há o direito constitucional que a protege», concluiu.