As atividades ligadas ao setor primário estão a cair em desuso e a ser cada vez mais abandonadas. Esta é, pelo menos, a convicção do presidente da Junta de Freguesia de Serro Ventoso, Carlos Cordeiro, que tendo consciência desta realidade decidiu assinar há poucos dias um protocolo com a União dos Agricultores do Distrito de Leiria (UADL), presidida pelo também portomosense, António Ferraria, que visa apoiar os agricultores que tenham «animais em regime de pastorícia». O subsídio, anual, será entregue já no próximo dia 14 agosto aos 71 agricultores que, de acordo com o autarca, se dedicam, atualmente, a essa atividade na Freguesia. A verba será dada pela Junta de Freguesia à UADL que, posteriormente, distribuirá por todos agricultores, sem distinção. «Há uns que têm três ovelhas, como há aqueles que têm 20 vacas. O protocolo apoia desde o menor até ao maior agricultor», garante o presidente de Junta, esclarecendo que este incentivo não contempla os agricultores que se dediquem à atividade em regime intensivo.
Serro Ventoso tem sido uma das freguesias do concelho mais penalizadas pelo aumento da desertificação e os dados Censos 2021 (os últimos) não deixam mentir: Nos últimos 10 anos, aquela freguesia serrana perdeu 12,9% da sua população. Ciente deste problema, Carlos Cordeiro acredita que esta verba pode também ser vista como uma medida de combate à desertificação. «O setor primário é o parente pobre disto tudo. Este é um incentivo para os agricultores continuarem a sua atividade e quem sabe, fazermos com que mais jovens agricultores queiram vir para cá. O objetivo é criar mais postos de trabalho e que o setor primário também não entre em desertificação», explica. Por outro lado, defende, este incentivo é uma forma de manter os «terrenos limpos» e de, consequentemente, «prevenir os fogos».
O apoio será dado aos agricultores que tenham a seu encargo «ovinos, caprinos ou bovinos» em regime de pastorícia, mas que difere mediante o tipo de animal que se tenha. «Em princípio será um apoio de 20 euros por cada bovino e de 15 euros por cada ovino e caprino», revela. Embora admita que o valor atribuído «não é muito», Carlos Cordeiro reitera, ainda assim, a necessidade de se «incentivar» as pessoas a «continuarem» com esta atividade para que não esmoreça: «Há pessoas que já estão a ficar com uma certa idade e em muitos dos casos, os filhos já não estão para aí virados», alerta.