Chama-se Libertinagem e é o mais recente projeto da Ala d’Artistas, grupo criado em 2020, durante a pandemia de covid-19, por um conjunto de estudantes universitários que quiseram unir faculdades nas cidades de Lisboa, Caldas da Rainha, Coimbra e Porto, e que assentaram arraiais na antiga escola primária do lugar de Casais de Matos, na freguesia de Calvaria de Cima, Porto de Mós, e que contam também com uma delegação no concelho vizinho de Alcobaça.
A O Portomosense, Fábio Sílex, um dos membros-fundadores da Ala d’Artistas, define “Libertinagem” como «um projeto inovador, que ainda está a tomar forma, e que tenta desvendar as profundezas da criatividade dos participantes». As inscrições vigoraram até ao passado dia 10 de outubro e a primeira fase está prevista para a próxima segunda-feira, dia 16. Depois deste “pontapé de saída”, os artistas inscritos terão pela frente três meses de uma experiência criativa numa das áreas previamente selecionadas: fotografia e audiovisual, música e composição, teatro e performance ou escrita criativa. Mas, de acordo com Fábio Sílex, esta jornada tem uma particularidade: será feita em completo anonimato, de forma a que «se proporcione uma experiência que desafie e inspire, baseada num conceito que convide os participantes a explorarem livremente a sua expressão artística sem a pressão das identidades pessoais». Deste modo, prossegue o responsável, «o “Libertinagem” é uma celebração da autenticidade, da colaboração e da diversidade dentro das artes».
«Durante estes três meses de troca de experiências de modo remoto», explica Sílex, «quem está de um lado do ecrã não tem qualquer noção de quem é a outra pessoa com quem está a comunicar, ou seja, não há qualquer tipo de noção de nome, género, idade, estatuto social, profissão, ou o que quer seja. Não há qualquer tipo de juízo de valor e acabamos por criar uma imagem sobre a pessoa que mais tarde nos fará perceber que as nossas expectativas por vezes nos corrompem».
Semanalmente, os participantes receberão desafios nas respetivas áreas e a partir de novembro têm cerca de um mês para elaborar um projeto final de 10 a 15 minutos, que pode ser apresentado em qualquer formato: «Pode ser uma performance, pode ser uma exposição, uma publicação…», diz, e é aqui que entram os tutores Francisco Marques (música), Vasco d’Ayala (audiovisual), Carla Veríssimo (escrita criativa) e Fábio Sílex (teatro). Os participantes serão divididos em dois grupos, Centro e Norte, que estrearão os seus derradeiros espetáculos no Cineteatro de Porto de Mós e na cidade de Gondomar, respetivamente, em datas a anunciar.
Para tornar este projeto «ainda mais inovador», refere Fábio Sílex, a Ala d’Artistas uniu-se à Associação Mutualista de Gondomar, ao Centro Cultural Brites de Almeida, à produtora Next Level e à FDF Lda, além de ter contado ainda com os apoios da Direção Regional do Centro, dos Municípios de Porto de Mós e Alcobaça e também do Ministério da Cultura.
Foto| Ala dos Artistas