Licínio Ferraria, mais conhecido no mundo da música e do espetáculo por LF, já está de malas feitas e preparado para embarcar numa viagem até ao norte da América, a convite das comunidades sambentonenses dos Estados Unidos da América (EUA) e do Canadá. Esta rotina dura há cerca de 20 anos.
Natural da Mendiga, Licínio Ferraria é um dos animadores mais requisitados da região há largos anos. Munido de um teclado e um sintetizador desde tenra idade, marca presença em todo o tipo de festividades.
Licínio Ferraria diz ter sido o seu pai, Lúcio Ferraria, a apresentar-lhe o mundo do espetáculo, para mais tarde entrar na Escola de Música de Porto de Mós, na Casa do Povo, quando tinha apenas cinco anos. Aprendeu piano e órgão. Durante a adolescência, juntou-se ao pai no mundo dos palcos e das luzes. Foi nos anos 1990 que se lançou a solo numa festa de passagem de ano. A partir daí, iniciou o projeto LF Music @live, que já conta com 30 anos.
Apaixonado pelo rock e pelo fado, quis o destino que o seu trabalho o levasse aos ritmos e batidas afro-brasileiros, latinos e populares. «Na vida de um animador, temos que estar sempre em sintonia com o público. Se os gostos mudam, nós também temos que mudar», afirma o artista, que garante nunca deixar de colocar um «cunho pessoal em todos os espetáculos».
Se na região Centro o seu nome é badalado, o mesmo também se pode dizer lá fora. Licínio Ferraria atua há cerca de duas décadas junto das comunidades portuguesas. O primeiro convite, recorda, surgiu em 2000, ano em que visitou a comunidade lusa residente em Montreal, no Canadá. Três anos mais tarde, foi desafiado a atuar junto dos sambentonenses de Hartford, nos EUA, e desde então os convites não pararam de chegar.
Desde o início do milénio, tem atuado sobretudo entre os portugueses radicados no Canadá, nos EUA e na Suíça, mas sente-se especialmente grato por poder contribuir para as festividades das comunidades com raízes em São Bento. «Os sambentonenses são um verdadeiro caso de estudo», diz a O Portomosense. «Já atuei em muitos locais, mas a comunidade de São Bento tem um peso muito grande, tanto no Canadá como nos EUA. Não é fácil encontrar eventos maiores que os deles», continua.
Apesar de considerar que estas duas comunidades portomosenses «têm um grande espírito de solidariedade e entreajuda», LF acredita não haver «nenhuma no mundo tão coesa como a de Hartford», que ainda «vive muito das tradições portuguesas». Foi precisamente junto desta comunidade que testemunhou «lágrimas de emoção daqueles que, certo dia, deixaram São Bento e nunca mais puderam regressar».
Apesar de considerar positivo o balanço destas duas décadas de viagens entre a Europa e a América, Licínio Ferraria faz questão de notar «a falta de representatividade política neste tipo de iniciativas», pelo que apela à sensibilidade do concelho «para com aqueles que vivem lá fora».
LF atua já no próximo sábado, dia 15 de abril, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Hartford, capital do estado norte-americano de Connecticut, e no dia 22 deste mesmo mês no Salão Grande Igreja Santa Cruz em Montreal, no Canadá.