A atual Central das Artes e antiga Central Termoelétrica onde em tempos se usava o carvão para produzir eletricidade foi o sítio escolhido para a apresentação do conto infantil escrito por Clara Paulo, O comboio e o carvão da nossa terra. O lançamento do livro esteve integrado nas Jornadas Europeias do Património, que se realizaram de 23 a 25 de setembro, e a sua história foi apresentada pela professora Zaida Nunes, convidada pela autora, que com a sua obra pretende «levar as crianças a conhecer o passado da sua terra», destacou Clara Paulo.
Na sessão, tomaram da palavra a vereadora da educação Telma Cruz, a professora Zaida Nunes, a autora do livro e ainda a presidente da Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas (Cercilei), Cristina Meireles. A vereadora começou o seu discurso por parabenizar «a obra maravilhosa», que aborda o património «tão valioso» de Porto de Mós, dando a conhecer aos mais pequenos, espaços e acontecimentos antigos e de valor, para que mais tarde «também os possam dar a conhecer», frisa Telma Cruz. Os detalhes da história e a sua importância foram abordados por Zaida Nunes, que na apresentação se apelidou de avó Zaida, criando assim alguma proximidade com as crianças do 1.º ciclo do Centro Escolar de Porto de Mós, que assistiam à sessão e que pareceram entusiasmadas com aquilo que a professora tinha para lhes contar. De forma simples e descomplicada, Zaida Nunes explicou o que é o carvão mineral, para que era utilizado e como era distribuído de Porto de Mós para o resto do país: «Esta história fala das minas de carvão da Barrojeira e da Bezerra e de um comboio que ia às minas buscar carvão, levando-o para outras terras, onde o carvão era preciso e depois era ainda distribuído por Portugal inteiro», contou a professora. Sem revelar os pormenores da obra, Zaida Nunes começou por fazer uma pequena leitura do primeiro capítulo do livro, onde são dadas a conhecer as personagens principais da história: «O avô António e os seus netos Pedro e Inês». «É o avô António, lembrando-se de quando era pequeno como vocês todos, que conta a história do comboio e do carvão» aos seus netos, avançou a professora, que, no final da sua intervenção, fez ainda um apelo aos professores e aos familiares das crianças para que deem a conhecer os lugares descritos no livro. A professora terminou a sua apresentação relembrando a necessidade de conservar o património, remetendo para uma frase do historiador Heródoto: «É preciso conhecer o passado para compreender o presente e construir o futuro».
«A importância dos mais pequenos conhecerem a história da sua terra» foi a principal razão apontada pela autora para a escrita da obra infantil, ilustrada pelas crianças das escolas de Porto de Mós e da Batalha, explicou Clara Paulo, que diz ter percebido essa necessidade quando começou a trabalhar com crianças. Pediu também, às crianças ali presentes que não se ficassem pela leitura do livro e que procurassem visitar, com os seus familiares e amigos os sítios abordados na obra, sabendo agora o que lá se passou «há muitos anos».
Já no final da sessão, a presidente da Cercilei, Cristina Meireles, começou por dirigir as suas palavras para as crianças: «Vocês dão vida, são alegres, curiosos, querem saber de histórias e isso é muito bom». Cristina Meireles refere também a importância de conhecer os antepassados e de o passar de geração em geração, por isso convida os mais pequenos a juntarem-se novamente nesta sala quando forem mais crescidos relembrando a história do carvão e do comboio de Porto de Mós.
Foto | Rita Santos Batista
