A maior feira do setor de pedra natural do mundo – a Marmo+Mac – voltou este ano a atrair milhares de empresários de diversos países a Verona (Itália), e Portugal não ficou para trás, tendo-se feito representar por um forte contingente de empresas especializadas, entre as quais figuravam as portomosenses LSI Stone, das Pedreiras, e Moca Stone, da Calvaria de Cima.
De 26 a 29 de setembro, o recinto, com mais de 1 200 metros quadrados, encheu-se de expositores (1 500 no total) e serviu como um verdadeiro epicentro de inovação e capacitação para os profissionais desta exigente indústria, concedendo-lhes oportunidades de networking e expansão de contactos com fins comerciais. Nesta 57.ª edição, o nosso país voltou a destacar-se como participante de relevo, partilhando o palco com os gigantes deste setor – a anfitriã Itália, a Turquia, a Índia e o Brasil, e ombreando com a vizinha e inevitável concorrente direta Espanha.
Das 57 empresas lusas que se fizeram deslocar a terras transalpinas em nome da marca setorial StonebyPORTUGAL, 37 viajaram sob a chancela do projeto de internacionalização da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (ASSIMAGRA), também ela com sede em Porto de Mós. Em declarações ao nosso jornal, a vice-presidente executiva da ASSIMAGRA, Célia Marques, mostrou-se satisfeita com a “prestação” das empresas portuguesas frisando que «de forma geral todas elas demonstraram agrado com os dias passados em Itália» e que «o regresso para a próxima edição – já marcada para 24, 25, 26 e 27 de setembro de 2024, precisamente no mesmo local -, está nos planos».
Contudo, a responsável por mais de metade da comitiva lusa nesta Feira de renome internacional não pôde deixar de salientar um estado de preocupação que afirma ser generalizado: a entrada de novos players nos mercados europeus (cuja concorrência afirma ser muitas vezes «desleal») e toda a conjuntura político-administrativa colocam em xeque a competitividade do setor português. «Com a entrada de países como a China nos nossos mercados, sobretudo desde o levantamento das restrições implementadas durante a crise de covid-19, as nossas empresas sentem-se mais ameaçadas», diz. Além do mais, a responsável assume que toda a indústria portuguesa da pedra enfrenta problemas transversais, como «uma enorme carga fiscal, dificuldades no acesso a financiamento, burocracia excessiva e limitações na utilização de combustível colorido».
Para fazer face a estas problemáticas, a vice-presidente considera que Portugal só tem um caminho a seguir: «Competir com outros países através da sua qualidade e nunca [através] da quantidade». Para tal, Célia Marques defende ser necessário que as nossas empresas se dediquem a «projetos de maior valor acrescentado» e adiciona que é necessário que se imponham barreiras para que todos os países que concorrem a obras dentro da União Europeia sejam avaliados através dos mesmos parâmetros.
«Tudo isto são fatores que geram preocupações generalizadas nas nossas empresas, mas a resiliência deste setor tem feito com que se continue a lutar e a tentar promover a qualidade dos produtos assim como a capacidade produtiva. Esta presença na Marmo+Mac 2023 é um sinal da resiliência deste setor», completou Célia Marques.
A participação portuguesa na Marmo+Mac 2023 foi apoiada pelos programas de apoio Compete 2030 e Portugal 2030, e pela União Europeia através do FEDER.
Foto| Marmo+Mac e Assimagra