Desde junho deste ano até à primeira quinzena de dezembro, a Farmácia Nova do Alqueidão, no Alqueidão da Serra, a única farmácia do concelho que realiza testes à COVID-19 comparticipados pelo Estado, já realizou mais de 1500 testes. A maioria das pessoas que passaram por lá reside no concelho mas também muita gente veio de concelhos vizinhos (dos distritos de Leiria e Santarém) e houve, inclusive, quem chegasse ali vindo de Coimbra. De acordo com a diretora técnica, Joana Leal, dos cerca de 1500 testes realizados [nesta contagem entram apenas os testes comparticipados pelo Estado e que são a custo zero para o utente] «nem 20% acusaram positivo».
A Farmácia Nova do Alqueidão aderiu em junho à rede de farmácias que acederam «ao pedido de ajuda do Estado no sentido de ser dada resposta a uma necessidade e a uma urgência que se chama pandemia» como a descreve a proprietária, Maria de Lurdes Pombo. Apesar de não ser, por natureza, a função da farmácia e de, neste momento, ocupar 50% do seu dia (entre testes e respetivos relatórios e todo o processo burocrático) em setembro último voltou a dizer “sim” à chamada.
«O mais fácil era ficarmos aqui na nossa rotina mas não conseguimos ficar indiferentes a uma situação que afeta a todos. Não é certamente pelo dinheiro porque apesar do Estado ter aumentado agora um bocadinho o valor, este fica sempre muito aquém do real. Se formos a fazer as contas é perder dinheiro porque a nossa hora é muito cara, as pessoas que trabalham nas farmácias não recebem o ordenado mínimo, além disso há os custos com equipamentos e com os testes propriamente ditos que, diga-se, nesta segunda fase aumentaram exponencialmente de preço», frisa. A responsável aponta, ainda, outro exemplo dos custos inerentes ao processo: «Neste momento temos mais de 1000 euros pagos em material (que à unidade custa à volta de três euros) e não fazemos a mínima ideia de quando o vamos receber. Temos de pagar logo mas depois as coisas ficam imenso tempo na alfândega e sem material ou com menos em stock, naturalmente que se torna mais difícil dar a resposta que quereremos dar a todos os que nos procuram».
Nesta segunda fase e com a quinta vaga da pandemia a obrigar, por imposição “legal” à realização de testes para participação nos mais diversos eventos, bem como para a visita a lares e hospitais e com o aproximar do Natal, a procura aumentou de forma bastante expressiva o que leva Joana Leal e Maria de Lurdes Pombo a dizer que neste momento «é humanamente impossível fazer todos os testes» que lhes são solicitados, mesmo assim há a preocupação de, dentro do que é possível, tentar conciliar agendas e, principalmente, dar resposta a pedidos de manifesta urgência. «O nosso problema não é fazer os testes mas os relatórios. Temos de inserir uma série de dados à mão relativos ao utente e ao próprio teste, o que é estranho tendo em conta que estamos na era digital», esclarece Maria Lurdes Pombo.
Tal como na primeira fase, cada pessoa pode fazer quatro testes gratuitos por mês. Por uma questão de organização interna mas também face à enorme procura, os interessados têm de fazer marcação telefónica ou presencial.