O jovem extremo Martim Ribeiro, natural de Cabeça Veada, tornou-se no jogador mais jovem de sempre, com 16 anos, a estrear-se pela equipa principal de futebol da União de Leiria (UDL). Depois de ter assinado um contrato profissional com o clube e de estar a treinar com os seniores desde o início da pré-época, a estreia era o passo que faltava e aconteceu. Dia 11 de setembro, Campo da Portela, diante do Marinhense e nos minutos finais de um jogo da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, que a UDL ia ganhando pela margem mínima (que acabou por ser o resultado final), o treinador, Vasco Botelho da Costa, “manda” Martim Ribeiro aquecer. «Depois o mister chamou-me para entrar, passei ao pé da claque e eles estavam a dizer “que ia ser o momento”, que “era hoje”. Estava nervoso, mas também ansioso por entrar. Dentro de campo consigo combater esse nervosismo, mas ainda assim, sente-se aquela ansiedade», recorda o extremo.
Esperava subir tão cedo à equipa principal? «Não, nunca pensei que chegasse tão cedo. Eu sempre joguei num escalão acima, mas foi a partir do ano passado, que transitei para os sub-19, que me consegui destacar e tive a minha oportunidade este ano», frisa. Esta oportunidade muito se deve ao técnico, que «confia» no seu potencial: «Ele diz que eu tenho qualidade, mas que tenho que me soltar e mostrá-la dentro de campo». Os jogadores seniores também o receberam bem, o que tem ajudado na integração. «Alguns já me conheciam do ano passado, quando vim fazer um treino ou outro, receberam-me muito bem. Há jogadores experientes, alguns com grandes carreiras, com os quais nunca imaginei jogar, pelo menos agora, e aprendo muito com eles, estou sempre a aprender», admite.
Tudo começou na AD Portomosense
Dá «chutos na bola» desde que tem 1 ano de idade e desconfia, por isso, que esta paixão pelo futebol vem já desde que estava na barriga da mãe. Aos 4 anos começou a sua formação na Associação Desportiva Portomosense (AD Portomosense), clube onde também já jogava o pai. O seu talento foi notado e foi convidado a treinar no Benfica e no Sporting, com 6 anos de idade. «Treinei nos dois clubes à experiência, mas depois chegou a uma altura que tive que escolher e optei pelo Benfica. Estive no Benfica dos 7 aos 12 anos», conta. Fazia o percurso Porto de Mós – Lisboa quatro vezes por semana, três para o treino, mais uma para o jogo, ao fim de semana. «Saía mais cedo da escola para ir para os treinos. Por volta das 16 horas saía, chegava ao treino às 18 horas, o treino acabava às 19h30/20 horas e só chegava a casa por volta das 22 horas/22h30», lembra. Para os pais «era cansativo», mas Martim Ribeiro diz que sempre confiaram em si, «que tinha talento e sacrificaram-se para ajudar» a melhorar: «Treinar no Benfica é uma experiência única, é uma aprendizagem que não teria noutro clube qualquer», aponta.
O jovem jogador foi dispensado pelo Benfica aos 12 anos, quando se dá a passagem para o centro de treinos do Seixal. Nessa altura, o clube considerou que Martim Ribeiro não estaria tão preparado como outros colegas. Apesar de ter ficado triste, o jovem portomosense continuou a lutar pelo seu sonho. «Quando saí do Benfica recebi várias propostas, ainda fui treinar a Fátima, mas depois optei pela UDL porque me senti melhor», recorda, e assim começou a sua história no emblema do Lis.
Por começar a jogar num escalão superior ao seu acabou por passar de lateral-direito (posição a que jogava no Benfica) a extremo: «Como eu era pequenino e fui jogar para o escalão mais velho, os defesas tinham que ser altos, eu não era alto, subiram-me para extremo», conta. Martim Ribeiro tem as ambições bem definidas, quer «ser um dos melhores do mundo». «Com trabalho acho que nada é impossível, qualidade acho que tenho, agora, se trabalhar todos os dias, acho que consigo chegar aos meus objetivos», salienta. Quer «viver do futebol» e quando acabar o 12.º ano (está atualmente no 11.º na área de Economia) irá para a faculdade, «apenas se der para conciliar com o futebol»: «Vou tentando gerir, mas se não der, vou abdicar da escola e dedicar-me ao futebol, mais tarde estudo», afirma.