Médica reforça Mira de Aire e colmata lacuna de vários utentes sem clínico atribuido

16 Janeiro 2025
Texto

Isidro Bento

O projeto Bata Branca, que visa melhorar o acesso a cuidados de saúde primários, complementar a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aprofundar a parceria entre o Estado e o setor social conta já com dois médicos e o desejo e a expectativa do Município é que possa ser contratado um outro, revelou o presidente da Câmara, Jorge Vala, na última reunião do executivo camarário.

Depois do arranque do projeto com a contratação de uma jovem licenciada em Medicina para o polo de Serro Ventoso, da Unidade de Saúde Familiar Aire e Candeeiros, para assumir o ficheiro de Mendiga-Arrimal, na semana passada, o Bata Branca ganhou mais uma médica. Trata-se de Rita Neves, natural do Alqueidão da Serra, e que passa a assegurar um dos ficheiros de Mira de Aire sem médico de família atribuído.

«Vamos ver se conseguimos um segundo médico para Mira de Aire, o que obrigará a uma adenda ao contrato [estabelecido entre a Câmara, a Unidade Local de Saúde de Leiria e a Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós] enquanto decorrem os processos de tramitação para os concursos para a constituição de Unidades de Saúde Familiar modelo C (USF-C), adiantou Jorge Vala.

De acordo com o responsável autárquico, depois do Governo ter decidido que o concelho reúne as condições para poder acolher uma USF-C – um centro de saúde gerido pelo setor social e/ou privado – «o Ministério da Saúde abriu a possibilidade de haver pré-candidaturas de manifestação de interesse de uma USF-C» para Porto de Mós, neste caso «para os três ficheiros de Mira de Aire», e surgiram três empresas da área da Saúde interessadas.

À margem da reunião de Câmara, Jorge Vala mostrou-se satisfeito com «esta manifestação de interesse para Mira de Aire no âmbito de uma parceria publico-privada» porque «o Bata Branca resolve a situação mas apenas «de forma pontual» e a Câmara quer uma resposta definitiva, «que os ficheiros tenham uma resposta e que a equipa esteja completa».  

Confrontado com opiniões divergentes sobre se a constituição em Mira de Aire de uma USF-C, isso seria melhor ou pior para a USF Aire e Candeeiros (a que Mira de Aire pertence), o presidente da Câmara garante que «não é melhor nem pior» e que «a Aire e Candeeiros não perde Mira de Aire, a empresa é que tem de se integrar». 

Em relação a este processo, o autarca diz que «há muita demagogia e, acima de tudo, desinformação». Jorge Vala sublinha que para a Câmara a «prioridade são as pessoas independentemente de haver corporativismos, de haver vontades e desvontades, de haver pessoas a dizer que ficava pior ou melhor» e que aquilo que diz é que «pior não fica porque não tem médico». «Aliás, tem um médico e vai ter um segundo mas é porque o Município paga através do Bata Branca, porque senão não tinha, aquela população não estava servida», acrescenta o responsável, frisando que ainda não conseguiu resolver nenhum problema da população do concelho de Porto de Mós ao nível da saúde «apenas com conversa e, sobretudo, com a conversa que vem ali da coordenação [da USF Aire e Candeeiros]. 

«Aquilo que tem sido resolvido temos sido nós com muita resiliência, muita determinação, muita teimosia junto das entidades estatais, junto do Governo, da própria ULS», disse perentório. Quanto à solução preconizada para Mira de Aire, diz-se um defensor acérrimo do SNS e afirma que dos vários modelos que conhece de outros países, este é o melhor. Contudo, considera que se está «numa fase crítica, nomeadamente com a falta de profissionais de saúde, fase essa que tem de ser ultrapassada de alguma forma». Assim, e uma vez que o governo anterior «criou, e bem, o modelo de USF-C para dar a possibilidade legal de fazer parcerias público-privadas», este será o  solucionar definitivo da «situação muito preocupante de Mira de Aire», uma vez que «o problema só está pontualmente resolvido através do Bata Branca».

Foto | DR

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas:
Portugal 19€, Europa 31€e Resto do Mundo 39€

Primeira Página
Capa da edição mais recente d’O Portomosense. Clique na imagem para ampliar ou aqui para efetuar assinatura