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Médicos do concelho de Porto de Mós “podem chegar à exaustão”

19 Abril 2023
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

19 Abr, 2023

«A situação na UCSP de Porto de Mós não é amigável nem para os utentes nem para os profissionais». Assim começa o comunicado enviado pela coordenadora da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Porto de Mós, Ana Maria Henriques, à nossa redação. Este é só o princípio de uma descrição preocupante da Saúde no concelho. «Atualmente estão cinco médicos a trabalhar a tempo inteiro e um médico a tempo parcial. A UCSP de Porto de Mós tem atualmente cerca de 16 mil utentes inscritos. Destes, cerca de 8 500 têm médico de família e cerca de 7 500 não têm médico de família: falta um médico para Mira de Aire, um médico para Arrimal/Mendiga, um médico para Alqueidão da Serra e dois médicos para Porto de Mós», descreveu a coordenadora. O UCSP de Porto de Mós está assim desde o passado dia 3 de abril e o próximo concurso «onde poderão ser colocados mais médicos será só em agosto», sublinhou Ana Maria Henriques. Para este concurso foram pedidas cinco vagas e faltam ainda «um enfermeiro e dois administrativos» para ter uma equipa completa.

A responsável garante que a «equipa médica que se mantém ao serviço, mantém o compromisso de prestar os melhores cuidados de saúde aos seus utentes, sendo que cada um dedica três horas semanais para responder às situações prioritárias dos utentes que não têm médico de família». Ainda assim, frisa, «esta resposta não é suficiente nem adequada pelo que estão a ser estudadas outras soluções externas para minimizar este problema». A equipa de Saúde está a «fazer o possível» para garantir que os cuidados de Saúde oferecidos «aos utentes sem médico sejam distribuídos de forma equitativa», mas sabe que isso não depende apenas destes profissionais «e muitas vezes não é possível».

Ana Maria Henriques diz concordar com a maioria das «exigências» feitas por todos, nomeadamente com os pedidos de mais consultas, mas para isso, afirma, «têm de ser colocados e mantidos mais médicos de família». «Esta colocação não depende de nós (equipa da UCSP), depende de concursos nacionais (geridos pelo Ministério da Saúde)», salienta. A médica destaca que o Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral e a Administração Regional de Saúde do Centro «estão a desenvolver esforços no sentido de minimizar o problema, através da alocação de horas médicas provenientes do exterior e de garantir a alocação dos cinco médicos em falta na UCSP de Porto de Mós». Também a própria UCSP tem «projetos para melhorar os cuidados prestados»: «Estamos empenhados em organizar e inovar nesta unidade de saúde, mas isto não é possível com a quantidade de profissionais que estão em falta».

Se a «sobrecarga de trabalho a que os profissionais estão atualmente expostos» continuar, isso poderá levá-los «à exaustão e agravar a situação já de si precária», antevê a coordenadora. «A violência verbal, as exigências impossíveis de satisfazer e os comentários inapropriados (mesmo fora do local de trabalho) dificultam ainda mais esta tarefa», sublinha. A coordenadora garante que estes profissionais «prometem» o melhor de si. «Compreendemos a vossa posição, que partilhamos. Pedimos que nos compreendam e que reportem as vossas exigências (que também são as nossas) aos verdadeiros responsáveis», pede.

Este comunicado, que chegou também ao Executivo, foi lido pelo presidente da Câmara de Porto de Mós na última reunião pública. Um comunicado, na opinião do autarca, «preocupante». Sabendo que algo tem de ser feito, Jorge Vala salientou o número de utentes sem médico de família. «Com as Unidades Ponderadas, estaremos a falar de mais de 10 mil utentes sem médico de família», evidenciou.

Foto | Bruno Sousa

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