Quinto lugar na III Divisão Nacional, chegada à quarta eliminatória da Taça de Portugal e uma final da Taça de Honra da Associação de Futebol de Leiria alcançada. É desta forma que melhor se pode resumir a época da equipa sénior de futsal da Associação Recreativa Cultural e Desportiva (ARCD) da Mendiga.
Instados pel’O Portomosense a um balanço da temporada desportiva que findou no passado dia 15 de abril, tanto o presidente do clube, Paulo Eusébio, como o seu treinador, Vasco Silva, foram perentórios: «Surpreendemos tudo e todos no regresso à III Divisão Nacional». Os principais responsáveis, quer da estrutura do clube, quer da equipa técnica, assumiram desde o início que o grande objetivo seria garantir a manutenção «o mais depressa possível», feito alcançado com certa naturalidade à medida que o calendário ia avançando.
A estreia na Série B da III Divisão deu-se na Covilhã, com uma vitória por 2-5. Este foi um forte prenúncio daquilo que seria a restante temporada. Seguiram-se outras duas vitórias, frente aos leirienses do Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Pombal e do Arnal, e duas derrotas consecutivas, mas vendidas a um preço alto, diante da União 1919 e do Centro Social de São João. O bom arranque da Mendiga tirou as dúvidas a quem quer que fosse. No regresso à “terceira”, havia condições para fazer ainda mais e melhor.
Encerrando o campeonato com 11 vitórias, um empate e 10 derrotas, os portomosenses garantiram a quinta posição na tabela, mas poderiam ter, inclusivamente, atingido o pódio nas últimas jornadas. «Esta divisão, apesar de ser muito competitiva, contava com duas ligas diferentes, na prática. Havia, de um lado, o Boa Esperança – que acabou por vencer com uma margem confortável –, e o São João. Depois deles, havia um campeonato totalmente diferente», assume Vasco Silva. «Os dois primeiros classificados têm outro tipo de bagagem e capacidade financeira», argumentou. Linha de pensamento idêntica mostrou também Paulo Eusébio que, embora ciente das limitações da Mendiga, mostrou orgulho por os seus atletas se terem batido sempre «de igual para igual contra os candidatos».
Questionado sobre os planos para o próximo ano desportivo, o presidente respondeu com convicção: «O objetivo é cimentar o clube na III Divisão. Podemos sonhar com a promoção à “segunda”, mas o nosso orçamento não é o dessa liga. Teríamos que garantir apoios para chegar a outros patamares, mas não seria tarefa fácil. Veremos o que fazer quando esse dia chegar». À mesma questão, Vasco Silva também demonstrou ter os pés bem assentes na terra: «O lugar da Mendiga, tendo em conta a situação atual, é aqui [III Divisão]. No entanto, somos um clube jovem, com um plantel curto e que se conhece muito bem, que tem o “querer” que os outros não têm e uma excelente formação. A qualidade dos nossos jovens é, até, acima da média».
Vasco Miguel Gomes Silva, de 44 anos, iniciou o seu percurso como treinador principal nos Barreiros em 2015/16. Seguiram-se, então, experiências na Associação Louriçal, na Associação Criativa, Recreativa, Desportiva e Cultural da Sismaria e em São Bento. Nesta temporada de estreia ao serviço da Mendiga, disputou 27 encontros, tendo vencido 14 deles. Na Taça de Honra da Associação de Futebol de Leiria disputou um grupo composto por Casal Velho (vitória por 5-2), Gaeirense (3-3) e Alvorninha (vitória por 1-6). Na final, frente à favorita Burinhosa, saiu derrotado por 5-1. Já na Taça de Portugal, bateu a Póvoa de Varzim, da II Nacional, por 5-2, e os açorianos do Grupo Desportivo da Piedade, por 6-0. O seu elenco perdeu apenas na quarta eliminatória, com o Albufeira Futsal, por 7-4.
Técnico está de saída e direção procura substituto
Apesar de uma temporada de sucesso, o técnico fez saber a O Portomosense que não vai continuar ao leme da ARCD Mendiga em 2023/24. Afastando qualquer tipo de incompatibilidade com atletas, direção ou massa associativa, o leiriense afirmou que a decisão, «muito ponderada», foi tomada devido ao desgaste da presente época. «Este foi um desafio complexo. Treinamos três vezes por semana, jogamos aos fins de semana, as deslocações são longas e, além do futsal, tenho também compromissos pessoais e profissionais», justificou o também técnico de manutenção, que pondera agora «descansar por um ano».
Confrontado com a inevitável saída do treinador, Paulo Eusébio confirmou que a situação está a ser resolvida por mútuo acordo e aproveitou para agradecer «o excelente trabalho desenvolvido pelo mister Vasco Silva em prol dos objetivos do clube». O dirigente está já em conversações com outros técnicos.
Foto | ARCD Mendiga