Foi no passado dia 17 de setembro que o mercado de Mira de Aire voltou a abrir portas à população, após as obras de reabilitação. No dia da inauguração, apenas estavam em funcionamento as bancas de frescos, estando ainda em falta, e de acordo com o presidente da Câmara, Jorge Vala, a certificação energética que permitirá a cada loja ter um quadro próprio. Além das bancas centrais, destinadas então aos frescos, há, de um dos lados do mercado, lojas que serão ocupadas por diferentes negócios, e do outro lado, espaços para restauração. No piso inferior, os dois espaços comerciais disponíveis estão destinados a uma loja de rações e a uma serigrafia.
Aquando do momento do descerrar da placa inaugural, o presidente da Câmara dirigiu as suas «primeiras palavras» aos «vendedores que, durante mais de um ano, estiveram numa situação provisória e que tiveram a paciência e a resiliência para continuarem à espera que este dia acontecesse». Falou depois para «a população de Mira de Aire que, da mesma forma, esteve à espera deste momento», um momento que «teve que acontecer» já que a obra está concluída há vários meses, apesar de o mercado não poder abrir no seu todo. «Estamos aqui hoje a dar uma nova vida, uma nova alma a este mercado de Mira de Aire», avançou, acrescentando que se pretende dar àquela vila «uma vida, uma luz e uma alegria que há muito tempo não se via». «É um dia, para nós, de muita alegria, um dia que nos satisfaz pelo facto de termos concluído este projeto», concluiu.
Em declarações aos jornalistas, Jorge Vala disse ainda que o «objetivo é poder abrir o mercado diariamente» e não apenas ao sábado, pretendendo-se que seja «um espaço quase de fim de linha para quem visita as Grutas, para quem vai à igreja visitar as exposições, [no fundo para que] quem desce à vila de Mira de Aire, sendo turista, tenha aqui um espaço onde pode adquirir quer frescos, quer algumas lembranças para levar ou usufruir do espaço de restauração e petiscos».
Fim da obra era ansiado pela população
O presidente da Junta local, Alcides de Oliveira, começou por fazer uma pequena resenha histórica, dizendo que o início da construção do mercado remonta a 1958, estando as obras concluídas em 1965 e, desde então, «outras obras de manutenção aconteceram», porém só «nos mandatos do presidente Jorge Vala é que se colocou “mão à obra” e se concretizou uma beneficiação alargada deste espaço». Depois de afirmar que todos estão «agradados com este espaço», o autarca mirense quis deixar «quatro ideias essenciais no dia de abertura deste mercado». «A primeira é a devolução do mercado à comunidade», que é «merecedora deste espaço condigno». «O anseio era notório por parte da população, bem como por parte da Junta de Freguesia», afirmou. «A segunda ideia é destacar o papel-chave dos vendedores de frutas e hortícolas», felicitando-os «pela sua resiliência, vontade em estar e ficar neste mercado e nos brindar com a disponibilização daquilo que produzem», continuou, concluindo que «sem eles, não há mercado». Alcides de Oliveira referiu-se, de seguida, às «futuras lojas», «incentivando todos a apresentar a intenção [de as ocupar], caso o desejem». Neste ponto, «não poderia deixar de destacar uma pessoa que já não está entre nós, mas que foi o rosto deste mercado durante muitos anos, o senhor Neves, e a ele agradecer e reconhecer publicamente tantos anos de dedicação na sua loja de talho, neste mercado», lembrou. Para finalizar, a quarta ideia serve para «agradecer a todos aqueles que aqui fizeram negócio ao longo dos anos», deixando também «uma palavra para todos aqueles que usufruíram do mercado de Mira de Aire, comprando os bens que alimentaram inúmeros mirenses». Alcides de Oliveira fez ainda menção «aos funcionários da Câmara e da Junta de Freguesia que aqui prestaram serviço ao longo dos anos, com certeza deram o seu melhor em prol do bem comum.
A inauguração contou com a presença de várias edilidades concelhias, assim como de representantes de várias associações. As Concertinas da Barrenta ficaram responsáveis pela animação do momento.
Vendedores e compradores consideram obra positiva
Vera Jesus, residente em Mira de Aire, é uma das proprietárias de uma loja que tem banca no mercado. Já antes das obras, tinham o seu espaço, sendo as vendedoras mais jovens, algo que considera «muito bom». «Os mais velhos apoiam-nos muito e dão-nos muita motivação», conta. Foi precisamente a falta de «jovialidade» que impulsionou as duas irmãs, naturais do Covão do Coelho, no concelho de Alcanena, a dar forma, uma vez por semana, ao negócio que funcionava exclusivamente em formato online. «Começámos com meia dúzia de produtos e o feedback foi muito bom», lembra. No dia da inauguração, disse ao nosso jornal, que tudo estava a correr bem, lamento apenas que não estivessem «todas as lojas e restaurantes abertos», o que, na sua opinião, «vai chamar mais gente».
Emília Barbeiro é outras das vendedoras habituais por ali. “Assentou arraiais” na parte exterior do mercado, onde vende cereais e outros produtos como batatas ou cebolas. Natural da Chainça, no concelho de Leiria, já há uns anos havia vendido em Mira de Aire, tendo-se depois afastado e regressado mais tarde. “Faz” outros mercados e, por isso, nem todos os sábados a podemos encontrar em Mira de Aire, porém, do que conhece, diz que esta obra «foi um investimento bom para virem mais pessoas ao mercado». Quanto ao movimento do primeiro dia, afirma que «foi um bocadinho melhor do que o costume», todavia mostra-se cautelosa: «Vamos ver se, sem ser neste dia, vem mais gente ou não», atira.
Liliana Romão é natural de Mira de Aire, mas viveu fora durante 30 anos e só há seis meses voltou à vila que a viu nascer. Era, naquele primeiro dia, uma das compradoras mais jovens, estando acompanhada da filha, criança. «Costumo vir ao sábado, habitualmente com a minha avó e agora o espaço é diferente, está mais organizado e acho que vai dinamizar os sábados de manhã em Mira de Aire», considera. Liliana Romão diz que nem sempre privilegiou os produtos do mercado perante os das grandes superfícies, porém isso começou recentemente a acontecer porque vê que «a fruta e os legumes são diferentes dos do supermercado». Relativamente à obra, diz que «está muito bem» e que o edifício foi bem «recuperado», acreditando que possa esse facto fazer diferença em Mira de Aire, «até porque estão muito mais pessoas a vir morar para estas zonas, faz falta e vai acabar por trazer dinamismo à vila», reitera.
Fotos | Catarina Correia Martins