Mercado Rural de Serro Ventoso arranca com casa cheia

14 Agosto 2024

Isidro Bento

A primeira já está e foi um sucesso. Agora, vendedores e autarcas aguardam que a segunda edição do Mercado Rural de Serro Ventoso confirme o êxito da primeira e assim se repita mês após mês. O projeto, promovido pela junta local, resulta de uma candidatura a fundos europeus e representa um investimento de 35,4 mil euros, contando com uma comparticipação comunitária de 21 mil euros.

«O objetivo é ajudar os agricultores a escoar os seus produtos. O setor primário é um dos principais para combater a desertificação e, ao contrário do que se possa pensar, cria postos de trabalho. Nós, tendo consciência dessa realidade, já há dois ou três anos que procuramos ajudá-los de várias formas, e esta é a mais recente», explica o presidente da Junta, Carlos Cordeiro.

«Não deviam ser as juntas a estar na linha da frente destes apoios, mas os municípios, porque eles é que têm os orçamentos grandes, mas o problema são os votos. O setor primário não dá votos», realça o autarca.

No dia 3 de agosto, o Mercado Rural de Serro Ventoso assentou arraiais no largo junto ao Salão Paroquial e aí promete voltar nas manhãs do primeiro sábado de cada mês. O arranque contou com 11 vendedores, a maioria da freguesia, mas também das freguesias vizinhas de Arrimal e Mendiga e São Bento. De acordo com Carlos Cordeiro, há pessoas de Serro Ventoso que gostavam de ter lá estado, mas já têm banca noutros mercados, pelo que é natural que só futuramente se juntem ao grupo. Uma coisa é certa: o autarca está convicto de que depois do êxito inicial haverá mais gente a querer ter ali o seu espaço.

A lista de produtos postos à venda é extensa e faz jus ao nome de mercado rural. Assim, de vários pontos da serra vieram os queijos, o azeite, as couves, as batatas, a fruta, as compotas, os chás e as ervas aromáticas. Marcaram também presença as chouriças, o pão, o mel, as compotas, os vinhos e licores e flor de sal com ervas aromáticas. E porque ao mundo rural está associado habitualmente o artesanato, foi ainda possível encontrar terços com os caroços de azeitona a fazer o lugar de contas, assim como sabonetes, champô seco, condicionador e exfoliantes para a pele, todos tendo como elemento fundamental o azeite.

«Nestas coisas é importante ter várias valências e foi também a pensar nisso que convidámos a peixeira da Nazaré que vem cá de semana vender. Como já é habitual estar ali a carrinha de venda de frango assado, acabamos por ter num único local tudo o que é necessário», refere Carlos Cordeiro. «A pessoa encontra aqui os vegetais, a fruta, o pão, a carne e o peixe, os doces, e assim, de uma assentada, leva tudo o que precisa, sem ter que ir a várias lojas. Compra produtos de qualidade e está a ajudar os produtores locais», reforça, convicto de que «este tipo de mercado pode ter futuro, precisamente por estas características que o diferencia do restante comércio».

No final da jornada, todos os vendedores, sem exceção, confessam-se muito satisfeitos com esta primeira edição do Mercado Rural de Serro Ventoso. À conversa com O Portomosense, há quem, inclusive, defenda que tendo em conta o número bastante significativo de pessoas que participaram no mercado, talvez faça sentido passá-lo para quinzenal ou semanal.

«Há produtos como o pão e os queijos que esgotaram (no caso do pão, a senhora ainda conseguiu que chegasse mais algum a tempo). A peixeira vendeu tudo e o senhor dos frangos mais do que o habitual. Algumas pessoas, além de terem esgotado o stock de determinado produto, ficaram com encomendas, e até a senhora que tinha os terços e os sabonetes se diz satisfeita», afirma, igualmente com satisfação, o presidente da Junta.

«Estou muito contente pelo balanço positivo, mas também pelos comentários que fui ouvindo das pessoas que vieram comprar. Disseram-me várias que é uma coisa mais familiar, mais caseira e que acaba por ser um ponto de encontro e de convívio», diz.

A Junta, precisamente para reforçar a componente de confraternização, ofereceu sandes de pernil de porco e bebidas a quem quis por lá passar. «Servimos cerca de 200 sandes e, como eram grandes, a maioria das pessoas acabou por comer só uma, portanto aqui está mais uma prova de que tivemos muita gente», realça o responsável autárquico.

Quanto ao eventual aumento da periodicidade do Mercado, Carlos Cordeiro é cauteloso: «Vamos ver se funciona bem uma vez por mês. Se funcionar, depois podemos pensar em fazer duas, mas começar logo com grande ambição e muito rápido parece-me arriscado. Se começamos a acelerar demasiado, corremos o risco de nos “estamparmos”, portanto é melhor acelerar devagarinho e fazer as coisas com cabeça, tronco e membros», conclui.

 

Todos ajudaram o pequeno Duarte

Entre os pontos de venda do Mercado Rural, houve um que se distinguiu pela variedade de oferta e pelo número de clientes. A razão é simples: não se tratava de uma barraquinha como qualquer outra, mas de uma com fins solidários.

A campanha Vamos ajudar o pequeno Duarte estendeu-se desta vez ao Mercado Rural e os portomosenses fizeram jus à sua velha e reconhecida solidariedade, comprando ali muita coisa.

O pequeno Duarte, filho de uma jovem de Serro Ventoso, nasceu com uma doença rara e está a receber tratamentos complexos em Marselha, França. Os pais suspenderam as respetivas atividades profissionais e enfrentam as dificuldades próprias de quem tem este e outros filhos a seu cargo e está a viver, por força das circunstâncias, numa cidade cujo custo de vida é bastante elevado.

O dinheiro angariado é, precisamente, para os ajudar a este nível.

Foto | Isidro Bento

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