MIAT abriu portas há três anos mas considera este o seu “ano zero”

26 Maio 2023

Jéssica Moás de Sá

Há três anos escrevíamos nas páginas d’O Portomosense: «Um museu dedicado ao têxtil, o sonho de muitos anos de José Paulo Baptista ganhou, finalmente, forma física». Três anos volvidos (feitos no passado dia 18), foi tempo de fazer um balanço junto do fundador do Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT), que não traça um retrato muito positivo. «Foram três anos muito difíceis porque coincidiram com o período da COVID-19. Em três anos, estivemos praticamente um ano encerrados e, por isso, faz de conta que neste momento é que estamos a dar início à nossa promoção». José Paulo Baptista espera que «o futuro seja mais risonho que o passado», até porque o fundador “pôs de pé” este museu inteiramente «com financiamento próprio». É na sequência disso que lança algumas críticas «às autoridades oficiais, que são muito boas para coletar e receber os impostos devidos, mas ajudam pouco», diz.

O diretor considera «triste» que o MIAT seja «mais reconhecido pelas pessoas de fora do que pelos da “casa”». «Tenho imensa pena das escolas e dos habitantes locais não virem até ao museu. Já fiz várias tentativas, algumas através de convites, e somos pouco visitados e pouco acarinhados», salienta José Paulo Baptista. A maior fatia de visitantes são turistas estrangeiros que «dão valor e procuram» os museus. «Era importante ver aqui população da terra, principalmente os mais novos, porque, para construir o futuro, eles têm que conhecer o passado», volta a reforçar.

No último ano (o ano que se aproximou mais de números “normais”) o MIAT registou cerca de três mil visitantes e em 2023 espera «dobrar este número». «Vamos tentar lutar para lá chegar, mas, mesmo assim, esse número estaria abaixo das nossas necessidades», confessa o fundador. Para combater os números baixos, José Paulo Baptista acredita que era importante uma estratégia unida entre os agentes culturais de Mira de Aire: «Lanço um apelo às Grutas, o principal órgão recetivo de turismo aqui, para que se virem mais para dentro da povoação. Penso que, fazendo um trabalho conjunto, era possível aumentar as visitas para a terra e para o museu. Seria uma forma de sermos mais fortes», refere.

José Paulo Baptista tem mais projetos em mente, entre os quais um «museu etnográfico» ou a reabilitação de «umas nascentes de água à saída de Mira de Aire» pelas quais, diz, se tem «batido». «Tendo em atenção as ajudas, ou falta delas, é desmotivante qualquer pessoa lançar um projeto, é mesmo uma aventura», frisa. «Esse espaço, com o MIAT e com as Grutas, seria muito favorável para a economia de Mira de Aire, principalmente para a restauração e cafés», defende ainda.

O fundador do museu aproveita para lançar um «apelo à população» para visitar o espaço, salientando que quem visita o MIAT «sairá mais rico do que entrou». Neste momento, e até ao dia 30 de julho, o MIAT acolhe a exposição temporária de tapeçarias da autoria de Rita Gascão. «Desde a fundação, o museu já teve oito exposições temporárias, o que ajuda também a que seja mais procurado», conclui José Paulo Baptista.

Foto | Jéssica Moás de Sá
Com Rita Santos Batista

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