Sensibilizar foi a palavra de ordem da ação de sensibilização para a prevenção do cancro da mama, que decorreu no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT), no passado dia 7 de outubro. A iniciativa promovida pelo Grupo de Apoio de Santarém da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), a pedido do MIAT, surge numa altura em que o museu tem patente a exposição Mamaminha, da artista plástica Inês Carrelhas, que incide precisamente na mesma temática, e insere-se no âmbito do Outubro Rosa, mês em que se assinala o dia Mundial da Saúde da Mama (dia 15) e o dia Nacional da Luta Contra o Cancro da Mama (dia 30).
Em declarações a O Portomosense, Sofia Abreu, a oradora convidada da ação de sensibilização, sublinha a importância de se «sensibilizar as mulheres da importância da deteção precoce» porque apesar da taxa de sobrevivência e de tratamento de cancro de mama ser «enorme» o número de casos tem aumentado e todos os anos continuam a surgir sete mil novos casos. A coordenadora do Movimento Vencer e Viver do Núcleo Regional do Sul da (LPCC) insiste na necessidade de cada pessoa dever estar atenta ao seu corpo e a eventuais alterações: «A pessoa deve observar-se quando toma banho, quando põe o creme, quando se veste, quando se ensaboa… A mama tem alterações mensais, por causa do período e das hormonas, e se nós conhecermos o que é o nosso normal podemos observar se essa alteração perdura».
Por outro lado, Sofia Abreu considera que a mulher é um «elemento fulcral de uma sociedade equilibrada e dinâmica» com um papel «importantíssimo», nomeadamente na família e no trabalho, o que, por vezes, a leva a descurar a própria saúde. Por isso, apela: «Nós temos que alertar a mulher para ir todos os anos ao médico e fazer um exame clínico à mama». Em contrapartida, continuam a existir muitas mulheres que têm «medo de ir ao médico» ou «medo de receber a notícia», o que embora considere «naturalíssimo», Sofia Abreu alerta para a necessidade de que «com ou sem medo» ter que se enfrentar. «Apesar de serem poucas, existem mulheres que têm tanto medo de ir ao médico que quando chegam aquilo está num tal estado avançado que o médico já pouco pode fazer por aquela mulher», aponta.
A importância de se participar no rastreio
A partir de uma certa idade, que é recomendada pelo médico, as mulheres começam a fazer a mamografia de dois em dois anos (aquele que é o intervalo recomendado a nível europeu). Sofia Abreu esclarece que a idade com que cada mulher começa a realizar o exame varia consoante a história pessoal e familiar da pessoa, como por exemplo se existiu algum caso na família. Paralelamente, em Portugal existe o rastreio organizado de base populacional, dirigido a todas as mulheres com idade entre os 50 e os 69 anos, que estejam inscritas num centro de saúde. Sofia Abreu aconselha a que todas as mulheres que recebam a carta-convite em casa participem no rastreio e explica porquê: «Ninguém quer encontrar um cancro mas havendo um cancro quanto mais cedo for detetado, mais hipóteses existem de ficarmos bem, de termos uma sobrevivência maior com tratamentos e cirurgias menos invasivas». «O cancro tem 95% de não ser uma sentença de morte quando detetado precocemente», acrescenta.
Além disso, a coordenadora do Movimento Vencer e Viver lembra que também os homens podem ter cancro de mama, apesar de a percentagem ser «muito menor» (cerca de um caso em cada 100).