A 18 de maio de 2020, José Paulo Batista conseguiu concretizar aquele que era um dos seus sonhos mais antigos. Nesse dia inaugurou, em Mira de Aire, o Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT), mas a satisfação e felicidade do momento não faziam adivinhar que o primeiro ano de história do “seu” museu fosse ficar marcado por várias adversidades, entre as quais, uma pandemia que levou a dois encerramentos forçados. Um ano depois da abertura, o diretor mostra-se descontente e considera o balanço «muito fraco». «Numa fase em que nós precisamos muito que haja divulgação e que as pessoas nos visitem fomos apanhados por esta calamidade que nos atacou. Tem sido muito duro, um arranque muito difícil», desabafa. Por outro lado, o fundador do museu lamenta ainda a inexistência de apoios por parte do Governo e espera que a Câmara cumpra uma das promessas que, garante, ainda está por cumprir: a conclusão do estacionamento adjacente ao edifício. «Precisava muito que, pelo menos, essa infraestrutura estivesse concluída, porque umas coisas depois vão ajudando as outras. Quando tenho autocarros não há local para se estacionar», afirma. Apesar da instabilidade a que o Museu tem estado sujeito, o diretor não descura a vertente solidária e já por diversas vezes decidiu que as entradas reverteriam a favor de várias associações da freguesia.
Desde o início, já passaram pelo MIAT cerca de 1 500 pessoas, um número que José Paulo Batista considera que é «manifestamente muito pouco», embora reconheça que já começa a haver «algum retorno», apesar de ser ainda «muito tímido». «Os meses de maio e junho já não tiveram nada a ver com o mesmo período do ano passado, já houve um aumento, que apesar de tudo está muito aquém das nossas expetativas», constata. A maioria dos visitantes são, sobretudo, pessoas vindas de fora do concelho que tomam conhecimento «através das redes sociais ou de outras pessoas que já o visitaram» e que, admite o diretor, vêm «exclusivamente» para o museu, apesar de existirem outros pontos de atração turística em Mira de Aire. «Não tem havido, infelizmente, intercâmbio entre as Grutas e o museu, mas eu espero que venha a acontecer num futuro próximo», revela.
Museu recebe exposição sobre o cancro da mama
Durante o tempo em que tem estado aberto, o MIAT já acolheu duas exposições temporárias, uma de Isabel Cartaxo e a outra, póstuma, de Gisella Santi, que ainda se encontra a decorrer. Durante este mês, o museu receberá, ainda, uma exposição de pintura de vários artistas brasileiros e em setembro uma sobre tapeçarias persas. A partir do dia 1 de outubro, estará aí a exposição Mamaminha de Inês Carrelhas, sobre o cancro da mama que, atualmente, se encontra exposta no Porto.
Além das exposições, José Paulo Batista admite o desejo de que o MIAT seja um «museu vivo» e para isso, estabeleceu um protocolo com uma universidade para que os estudantes que «desejem fazer alguns trabalhos» na área da tapeçaria possam usufruir dos documentos, livros e filmes que estão disponíveis no espaço.