A Casa da Cultura de Mira de Aire foi o palco escolhido para a Gala Final do concurso Solos Criativos, no passado dia 12 de junho, evento que consiste na mostra de performances temáticas para dar a conhecer artistas emergentes, promovido pela associação portomosense Ala D’Artistas.
«Tivemos um feedback mais positivo do que estávamos à espera, tendo também em conta as circunstâncias de pandemia», revela Fábio Dias, membro da direção da associação, em conversa com O Portomosense, acrescentando ainda que «para primeira edição correu bastante bem».
Dos 18 concorrentes de vários pontos do país, oito marcaram presença na fase final em Mira de Aire. «Tivemos música, dança, teatro…», refere Fábio Dias, contando também que na gala estiveram presentes dois artistas convidados, um grupo da escola DiArteDance e o Grupinho do Tintinho, por parte da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura. «Fiquei bastante comovido ao ver que os oito concorrentes a disputar pódios estavam todos a “puxar” uns pelos outros e bastante unidos nesta edição», conta o membro da direção, acrescentando que «foi bastante bom ver essa ligação entre eles tendo em conta também que só se conheceram nesse próprio dia».
Os prémios, segundo o responsável, foram atribuídos às três melhores performances com votação do público e do quadro de júri – Telma Cruz, vereadora do pelouro da Educação, Ação Social, Saúde e Juventude no Município de Porto de Mós, Ana Rita Leitão, presidente da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura, Andrew dos Santos, encenador da Madeira, e Catarina Brito, atriz e fotógrafa.
Telma Henriques, de Alcobaça, foi quem alcançou o primeiro lugar nos Solos Criativos, «ao mostrar uma performance de teatro com uma mensagem bastante forte». Já em segundo lugar ficou Carolina Cavaleiro, «uma artista emergente da região de Leiria, que trabalha mais a parte de improviso». Por último, para o terceiro lugar, o público e os jurados elegeram Daniela António, «uma menina natural de Lisboa, cuja performance se baseou em dança», explica o responsável. Estes três primeiros lugares receberam um prémio monetário de 250, 125 e 50 euros, respetivamente, porém, «todos os participantes receberam uma lembrança de um dos parceiros da Ala D’Artistas nesta edição», uma empresa de faianças sediada em Aljubarrota, «que atribuiu a todos eles uma jarra personalizada», revela o artista.
«Pensamos nos Solos [Criativos] na tentativa de ajudar a promover artistas emergentes, sobretudo da região, mas não só» e simultaneamente «dar voz, não necessariamente a artistas, mas a pessoas interessadas em arte», esclarece Fábio Dias relativamente ao conceito do projeto, acrescentando que «como tal, isto é sempre uma viagem de dar e receber, essa foi uma das premissas do concurso», frisa.
Os artistas foram desafiados a criar um vídeo de um a quatro minutos no âmbito do concurso, que teve como tema geral a Perseverança, precisamente para homenagear a perseverança que foi necessária no contexto atual de pandemia. «Tentamos sempre dar a maior liberdade possível para cada um poder concorrer», admite o responsável, revelando que a Ala D’Artistas não esperava «ter tantos concorrentes nem a repercussão que teve a nível nacional em termos de participantes».
A associação, que tem a sede na antiga escola primária dos Casais de Matos (Calvaria de Cima) conta também com uma delegação em Aljubarrota e comemorou no passado 4 de maio um ano desde a sua fundação. É constituída «por 12 membros, estudantes e profissionais da área de artes», tendo a criação de uma associação sido, desta forma, «uma maneira de tentar unir as energias de cada um», tendo em conta que todos eles são artistas ou têm intenções de se fomentar na área, segundo palavras do responsável. «A ideia será sempre trabalharmos como uma estrutura multidisciplinar, sabendo que, como artistas emergentes, às vezes é um pouco complicado entrar no mercado», indica Fábio Dias, concluindo que a associação foi fundada precisamente com a premissa de «querer apoiar os jovens artistas que precisam de algum tipo de estrutura, ou pelo menos para ajudar no sentido de produção, divulgação», entre outros apoios.
«Porto de Mós é um pequeno grande mundo, tendo em conta que em termos de culturas é um município com um leque bastante alargado, penso que há lugar para todos neste “ecossistema artístico” de pensadores e criadores», opina o membro da associação cultural e artística, concluindo que «cada vez mais é necessário haver união entre os agentes culturais e o Município».
Isidro Bento | revisão