Mira de Aire tem “hotel” para espécies ameaçadas

3 Setembro 2021

Marília Bernardino

Está prevista para amanhã, pelas 16 horas, em Mira de Aire, a inauguração de um refúgio de biodiversidade para insetos, anfíbios e répteis, numa organização conjunta do Grupo 276 de Escoteiros de Mira de Aire, a Associação Move Comunidades, o Movimento Mira-Minde e a Quercus, evento este enquadrado na campanha de sensibilização para a biodiversidade no PNSAC – Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. A ação decorrerá em três locais da vila diferentes: na zona das Grutas de Mira de Aire, no largo da Igreja e perto da Casa da Cultura.

Em conversa com O Portomosense, Miguel Tristão, presidente do Movimento Mira-Minde, explicou que os “hotéis”, «um conjunto de madeira de vários tamanhos, normalmente com um metro de largura e de altura», construídos pelos escoteiros de Mira de Aire, servem para «abrigar e proteger várias espécies ameaçadas pelo uso intensivo e generalizado de glifosato e outros herbicidas». A ideia, segundo o presidente do movimento, passa por «sensibilizar a população e, principalmente, as autarquias para a necessidade de estudar estratégias alternativas ao uso dos herbicidas» utilizados para limpeza das vias públicas e terrenos particulares, «porque estamos num contexto de parque natural e sob uma das maiores reservas de água potável do país», justifica. Miguel Tristão deixa o alerta que «para além de se destruir uma camada significativa da vida, estamos a fazer com que as árvores, os frutos, não sejam polinizados, todo o processo agrícola acaba por ficar comprometido, além de existir uma contaminação das águas que usamos depois».

No mesmo dia, pelas 18 horas inicia-se o Fórum Biodiversidade, autarquias livres de Herbicidas e Glifosatos na Casa da Cultura de Mira de Aire, aberto ao público, com a participação de municípios abrangidos pelo PNSAC, com o objetivo de, refere Miguel Tristão, «pôr as pessoas responsáveis pelos municípios e as entidades convidadas a pensar quais as soluções alternativas viáveis» ao controlo de plantas infestantes. «Não podemos apenas dizer que vamos deixar de usar os herbicidas e não termos estratégias alternativas», alerta, esclarecendo que «será, depois, da competência da Quercus e das câmaras discutirem e informarem sobre o que se pode fazer em alternativa aos métodos a usar neste momento».

Enquanto presidente do Movimento Mira-Minde, Miguel Tristão refere que esta é uma «associação que propõe o desenvolvimento ecológico e o equilíbrio com a natureza», deixando claro que «está alinhada com os restantes membros da organização [do evento] na luta para atingir essa mudança que têm feito». Apelar à «mudança de comportamentos», estimulando ainda o «diálogo entre famílias em casa», percebendo assim a «importância dos insetos polinizadores» são também propósitos das entidades. «A organização deste fórum e a inauguração dos “hotéis” visam “trazer para cima da mesa” esta temática e encontrar soluções», conclui.

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