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Mira de Aire traz escoteiros para o concelho

2 Agosto 2021
Isidro Bento

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Isidro Bento

2 Ago, 2021

Mira de Aire conta desde o passado dia 26 de junho com um grupo de escoteiros. O AEP – Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire teve a sua oficialização nessa data mas os seus primeiros passos foram dados vários meses antes pela mão de meia dúzia de pessoas desafiadas para o efeito por Artur Gomes, o atual Escoteiro Chefe de Grupo.

À conversa com O Portomosense, Artur Gomes, confessa que a história da fundação do grupo se confunde com o seu próprio percurso de vida mais recente. Até há pouco e durante muitos anos, Artur pertenceu a um agrupamento de escuteiros do Corpo Nacional de Escutas (CNE) da região. Gostava daquilo que fazia mas a experiência começou a saber-lhe a pouco e nem era tanto por si mas por aquilo que estava a acontecer com cada vez mais crianças e jovens. «Os escuteiros do CNE são os chamados “escuteiros católicos” e que por via disso têm obrigações em termos religiosos. Ora, o que eu via com frequência era os miúdos a abandonarem o escutismo porque não queriam ir à missa ou ser obrigados a frequentar a catequese. Comecei a questionar-me se [só por isso] não teriam o mesmo direito que os outros. Como achava que sim, sai e reuni algumas pessoas para me ajudarem a formar um grupo no âmbito dos Escoteiros de Portugal, entidade que não distingue ninguém em função da religião que pratica ou deixa de praticar, ou de, por exemplo, algo de que agora se fala muito, a identidade de género e a orientação sexual. Todos são bem vindos», explica.

Artur Gomes trouxe consigo outra pessoa que partilhava das mesmas preocupações e juntou mais três elementos e foi assim que cinco pessoas lançaram mãos à obra e dois meses depois Mira de Aire ganhava o seu grupo de escoteiros ocorrendo a constituição formal cerca de nove meses depois.

Começar do zero nunca é fácil mas Artur e seus pares tiveram a vida mais facilitada não só por alguma experiência que já traziam, nomeadamente do movimento associativo, mas também pela excelente colaboração da parte de todos a quem bateram à porta, desde pessoas anónimas, entidades públicas e privadas e poder autárquico local e municipal. Em pouco tempo surgiram também muitos pais a querer inscrever os seus filhos. «Apesar de estarmos em confinamento devido à pandemia, tivemos uma adesão massiva. Conseguimos ter inscritos um total de 47 elementos, o que é uma coisa absolutamente fantástica e já depois da constituição formal recebemos uma série de pedidos de pessoas que querem inscrever os filhos», sublinha.

Atualmente, o AEP – Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire, conta com 15 crianças entre os 6 e os 10 anos de idade, 14 entre os 10 e os 14 anos, e depois, os mais velhos, entre os 14 e os 17 anos, são seis. Com mais de 17 anos há ainda duas jovens mas uma delas vai sair porque entretanto ingressou na universidade e torna-se mais complicado conciliar as duas atividades, adianta o responsável.

Entre escuteiros e escoteiros há muitas semelhanças, desde a forma como estão organizados internamente, até às atividades que realizam. A grande diferença será, explica Artur Gomes, no facto dos escoteiros não seguirem uma religião, o que não significa que alguns não sejam católicos e que não continuem a ir à missa como iam antes. «Estamos abertos a todas as religiões e não deixamos de ter a componente espiritual e de pedir aos nossos escoteiros que cumpram a sua obrigação também a esse nível, e ainda no Natal colaborámos com a paróquia e com a Cáritas ao trazermos para Mira de Aire a chamada Luz da Paz de Belém, apenas não estamos vinculados a uma religião”, diz.

«Em termos de atividades, o que noto é que os escoteiros fazem muito escotismo de campo. Eu [quando estava nos escuteiros] até era um dos elementos que estava sempre a levar os miúdos para a rua, não os queria na sede mas nós aqui fazemos literalmente isso. A sede é só o ponto de encontro e onde guardamos as nossas coisas porque assim que chegamos, vamos para a rua. Fartos de estar em casa, estamos nós e para aprendizagens e realização de atividades dentro de um edifício chega a escola. O escotismo é a envolvência com a natureza», frisa referindo que o Chão da Aberta, um dos locais emblemáticos de Mira de Aire, é o espaço onde realmente se sentem em casa.

Mais do que entrar em comparações que de pouco adiantam, Artur Gomes, considera que o que realmente interessa é proporcionar às crianças e jovens, experiências, partilhas, momentos de convívio e de aprendizagem para que possam ter um crescimento integral e sejam elementos ativos e empenhados em prol do bem comum. Nesse sentido, há abertura total para interagir com todos aqueles que estão no movimento escutista, realça confessando que foi com grande satisfação que no dia em que o grupo teve a sua constituição formal se viu rodeado também de “irmãos escutas” de quem é amigo, fruto da sua primeira experiência no movimento criado por Baden Powel.

O Escoteiro Chefe do AEP – Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire mostra-se bastante motivado para abraçar os desafios que o futuro dos escoteiros locais trará e diz ser também esse o espírito que predomina no grupo de trabalho. Agora que os condicionalismos impostos pela pandemia parecem estar a diminuir, é sua esperança e desejo que o grupo possa finalmente sair um pouco da sombra e fazer tudo aquilo que em circunstâncias normais faria. Artur Gomes quer os escoteiros a interagir com a população de Mira de Aire e tem a certeza que o sentimento é mútuo.

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