“Não há duas sem três”, e que o digam as juvenis da equipa de voleibol feminino da União Recreativa Mirense, que recentemente se sagraram tricampeãs regionais e voltaram a carimbar a passagem ao Campeonato Nacional da modalidade. Desde 2015/16 que o clube caminha a passos largos em direção à elite do voleibol de formação, e a evolução mirense tem-se vindo a notar cada vez mais à medida que os anos passam. Para o treinador das juvenis, Miguel Martins, que já está neste projeto há quatro temporadas, o segredo é só um: estar junto das melhores.
Em entrevista ao nosso jornal, Martins fez um balanço muito positivo desta fase Regional, que considera «não tão competitiva quanto os campeonatos que há a Norte ou a Sul» mas que tem vindo a crescer. As suas atletas, e também as das outras equipas, «têm agora mais anos de voleibol» e «há grupos que evoluem muito em termos técnicos e táticos», o que faz com que nunca considere esta fase como “favas contadas”. “E como se motivam atletas que trabalham há tanto tempo em cima de vitórias?”, perguntámos: «Desde o início que digo às minhas jogadoras que nós somos o nosso próprio inimigo e que nesta fase regional tudo depende de nós. Perdemos os últimos dois jogos da fase regional [o primeiro, apesar de tudo, deu ao clube o título de campeão] por termos relaxado, mas estávamos invictos desde 25 de janeiro de 2021. Terminámos, inclusivamente, os outros dois campeonatos sem derrotas, mas digo-lhes sempre que não podemos relaxar».
De forma a motivar o seu elenco e a prepará-lo para os campeonatos nacionais, onde constam as melhores equipas do país, o treinador aposta sistematicamente em três torneios anuais que vê como uma oportunidade para calejar as suas atletas: «Nestes torneios, que se realizam no Natal, na Páscoa e no verão, estão sempre as melhores equipas e a mensagem que eu assumi desde cedo foi de andar sempre com os melhores», reforçou.
Quanto às condições de trabalho, o técnico mirense diz-se satisfeito. Passados quase 10 anos de voleibol em Mira de Aire, Martins acredita que o clube está «cada vez mais preparado para cumprir os seus objetivos», pese embora sinta a necessidade de treinar mais dias por semana, o que tem sido impossível por dividir o pavilhão com outras modalidades. «Essa é a maior lacuna que temos. Os melhores treinam quatro a cinco vezes por semana e nós apenas três. No final da formação das atletas, todas essas horas contam e fazem a diferença», alerta.
Quanto ao Campeonato Nacional, que arranca em março, o técnico mostra-se motivado, mesmo antecipando algumas dificuldades: «Ainda não conhecemos as nossas adversárias, mas teremos certamente um grupo muito competitivo e com equipas superiores. Contudo, somos uma equipa combativa e queremos ver onde chegamos este ano. O objetivo é passar à Final 8».
Uma geração que está a inspirar gerações
Após uma profunda análise ao crescimento do clube e das atletas que, na maioria, desde “sempre” estão consigo, Miguel Martins salienta também o facto de que este núcleo duro está a atrair cada vez mais a atenção de outros jovens para a modalidade e a verdade é que há, neste momento, «18 meninas a treinar e que em breve irão disputar os torneios de Gira Volei», uma competição que, regra geral, se realiza ao ar livre e que, segundo o técnico, poderá vir a ter uma etapa ainda este ano em Mira de Aire.
Foto | URM