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Morreu o “Mata-Sete”

22 Janeiro 2019
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

22 Jan, 2019

Foto: Arquivo DN

Morreu Vítor Jorge, conhecido como o “Mata-Sete”, por ter assassinado sete pessoas na noite de 1 para 2 de março de 1987. O homem, natural da Calvaria de Cima, foi encontrado morto na sua casa, na ilha de Córsega (França), onde morava há 16 anos, terá falecido a 29 de dezembro. As causas da morte são ainda desconhecidas, tendo sido levantadas as possibilidades de doença prolongada ou suicídio.

Vítor Manuel Simões Jorge matou cinco jovens, entre os 17 e os 24 anos, na Praia do Osso da Baleia, no concelho de Pombal. Os jovens seguiam à boleia do “Mata-Sete”, vindos de uma festa onde o homem teria estado de serviço como fotógrafo, trabalho que fazia nas horas vagas. Estas primeiras vítimas foram mortas a tiro de caçadeira e à paulada. Mais tarde, o homem na altura com 38 anos, residente na Amieira, Marinha Grande, atraiu a mulher e a filha mais velha para um pinhal que ficava a 2,5 quilómetros de casa, com a desculpa de que teria atropelado um homem na estrada e precisava de ajuda para o socorrer, desferiu-lhes várias facadas tendo tirado a vida a ambas. Vítor Jorge tentou ainda matar a filha do meio, mas esta, ao chegar ao pinhal e ao ver o cadáver da mãe e a irmã inanimada, ofereceu resistência e conseguiu fugir. Poupado a este trágico desfecho foi o filho mais novo, rapaz, que estava na cama a dormir e que não deu pelo sucedido.

O homicida, que era desde 1974 contínuo e cobrador do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, na agência da Marinha Grande, esteve depois desaparecido durante vários dias, tendo sido encontrado a 5 de março, por uma vizinha dos avós, numa casa em ruínas em Casais de Além (Calvaria de Cima), no concelho de Porto de Mós. As autoridades detiveram-no e levaram-no para o hospital devido ao estado débil em que se encontrava.

Em julgamento, no Tribunal de Leiria, Vítor Jorge confessou os crimes, mas atribuiu-os ao seu alter ego, tendo mesmo pedido a sua morte. Estas e outras declarações levaram a que o júri ponderasse considerá-lo inimputável, por ser doente mental, mas tal não aconteceu, e o “Mata-Sete” foi mesmo condenado a 17 anos por cada homicídio, o que no total perfazia 119 anos. O juiz Germano Simões decretou que o arguido ficaria sujeito à pena máxima de prisão, na altura de 20 anos. Enquanto recluso, teve um comportamento considerado exemplar, beneficiou de várias amnistias e cumpriu apenas 14 anos de prisão, saindo em liberdade condicional em 2001. Depois de sair da prisão passou uma temporada em Inglaterra, até se mudar para Córsega, onde faleceu.

No período que separou a saída da prisão da sua morte, o “Mata-Sete” tentou o suicídio mais de uma dezena de vezes, com comprimidos e gás. Apesar de ter feito alguns amigos na ilha francesa e ter mesmo chegado a viver com uma mulher – 24 anos mais nova –, a comunidade emigrante sabia quem ele era e, por isso, nunca conseguiu a simpatia de muitos dos “vizinhos”.

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