O Mosteiro da Batalha tem sido alvo de algumas obras de conservação e restauro no âmbito de fundos comunitários e agora, no âmbito do PRR, estão previstas mais. «Estamos a concluir uma empreitada de limpeza de fachadas interiores, no âmbito do quadro comunitário que está a findar. O Claustro Afonso V já está totalmente tratado e, neste momento, está a avançar significativamente a limpeza do Claustro Real», explicou a O Portomosense o diretor do Mosteiro, Joaquim Ruivo. Estas são as obras a terminar. Para o futuro próximo, o monumento terá 1,6 milhões de euros de financiamento, no âmbito do PRR, onde serão feitas quatro intervenções.
«A mais interessante, sob o ponto de vista da visibilidade e que requer mais investimento é a limpeza, tratamento e conservação das Capelas Imperfeitas, tanto no interior como no exterior, porque são espaços, dada a época e tipo de construção, que têm muitas infiltrações de micro-organismos e estão sujos pela concentração de gases poluentes», começa por referir Joaquim Ruivo. «Também vamos substituir todos os telhados da Sala do Capítulo, são os únicos que temos suportados por madeira e todas as telhas vão ser retiradas, as madeiras tratadas e substituídas», revela o diretor. A «instalação elétrica vai ser toda reposta e vão ser tratados os jardins do Claustro Real, jardins históricos, o último representante de um certo modelo de jardim», acrescenta o diretor.
Para o responsável, as verbas que vão ser recebidas no âmbito do PRR são as suficientes para já. «Felizmente, o Mosteiro da Batalha não tem espaços degradados, todos os espaços são visitáveis e estão muito bem preservados, contrariamente a outros monumentos com espaços a necessitar de intervenção urgente», salienta. Por isso, assegurado já o seguimento das obras mais prementes, Joaquim Ruivo pretende ir fazendo de «forma faseada» as restantes reformas necessárias. «Temos capacidade para esperar pelo novo quadro comunitário para lançar novas empreitadas e esta perspetiva parece-me correta, a de fasear no tempo os meios que temos ao nosso dispor, não acumulando todas as obras ao mesmo tempo», sublinha.
Novidades no circuito de visitação
Há «cerca de quatro meses» a funcionar em nova localização, a loja do Mosteiro, que passou a estar incluída no circuito de visitação, tem sido um sucesso. «Tínhamos a loja na passagem entre os dois Claustros e criou-se uma nova à saída do circuito, sendo que a antiga é neste momento uma galeria», explicou Joaquim Ruivo. O facto de, agora, quem visita o Mosteiro ter obrigatoriamente de ter contacto com a loja, tem sido positivo para a venda: «Isto corresponde às boas práticas de valorização do monumento, integrando um espaço de merchandising e de venda», referiu.
Em pouco tempo, o Mosteiro terá também uma nova portaria/bilheteira. «Há dezenas de anos que a entrada é feita pela Igreja e sempre foi objetivo, tanto dos diretores como das autoridades que gerem Património, tirar as bilheteiras das Igrejas», esclarece Joaquim Ruivo. A solução, no caso do Mosteiro da Batalha, foi criar uma «porta de acesso direta ao Claustro onde ficará a bilheteira». «Essa portaria está pronta, só que ficou dependente das limpezas [a terminar] do Claustro, penso que no máximo daqui a seis meses estará em funcionamento», prevê o diretor.
Quatro décadas como Património Mundial da UNESCO
Assinalam-se, este ano, 40 anos desde que o Mosteiro da Batalha foi classificado como Património da Humanidade e inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO. Para Joaquim Ruivo, esta efeméride «é muito significativa» e deve ser celebrada de forma digna. «Este estatuto é algo extraordinário e vem dizer-nos que este não é só um património dos portugueses, é, pelo valor excecional, de toda a Humanidade», reflete o diretor. «Este estatuto único faz-nos ainda pensar seriamente na riqueza patrimonial que temos especificamente na região Centro, nos anos 1980 não deve ter havido região nenhuma no mundo, num raio de 40 quilómetros, que tenha conseguido a classificação de três monumentos como Património Mundial», denota. «Comemorar esta efeméride é lembrar que estamos perante uma obra-prima do gótico, que é um engenho da Humanidade, ligada a mestres europeus que vieram de toda a Europa trabalhar na Batalha. É uma obra que nos lembra que o que se fez no Mosteiro foi inovador sob o ponto de vista artístico e arquitetónico», salienta. Para comemorar serão feitas várias iniciativas culturais – «que não serão necessariamente diferentes do que já se fazia até aqui» –, como «congressos internacionais, encontros científicos, exposições, conferências, lançamentos de livros e até jantares temáticos, para dar uma perspetiva de ligação com as populações». «Isso é muito importante na gestão destes monumentos, orgulho-me, nestes 10 anos, que todo o meu pensamento estratégico como diretor tenha sido no sentido de envolver o Monumento com a comunidade, mesmo que não o tenha conseguido, sempre o tentei», conclui.
Com Bruno Sousa