Foi no passado dia 17 que se constituiu oficialmente como associação o Movimento Mira-Minde, que até aqui era um movimento de cidadãos informal. De acordo com os estatutos agora em vigor, a nova associação tem sede no Edifício Círculo Cultural Mirense, em Mira de Aire, e tem «como objeto: Promover a transição ecológica, sustentável e digital no território natural e urbano de Minde e Mira de Aire, através da cooperação entre as duas populações com vista à valorização e ao desenvolvimento social, cultural, económico e ambiental da região», tendo como um dos principais focos o Polje de Mira-Minde. Este era já um dos fundamentos do movimento, apresentado anteriormente pelo nosso jornal.
O Portomosense falou com um dos 40 sócios fundadores, Miguel Tristão, que explica que este passo foi apenas «a constituição legal da associação», segue-se a elaboração de um «regulamento interno, fazer uma proposta de programa para o primeiro ano, constituir uma lista e fazer uma assembleia geral constituinte para depois se começar a trabalhar». Miguel Tristão esclarece que a importância deste avanço se prende com a possibilidade de «fazer as coisas de outra maneira»: «Até este momento, éramos um grupo de pessoas que combinava ir fazer alguma coisa, mas quando queríamos organizar um evento, por exemplo, e interagir com Juntas de Freguesia, com Câmaras Municipais ou com outras instituições, tinha que ser sempre em nome individual. Esta formalização vai permitir levar o jogo para outro nível, permite-nos candidatar-nos a apoios, fazer parcerias com outras instituições e interagir com o Parque Natural [das Serras de Aire e Candeeiros] de uma forma mais abrangente», enumera.
O sócio fundador recorda que Mira de Aire e Minde são «territórios marginais» que estão «na margem dos concelhos, dos distritos e até das regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Centro», e que esse facto levanta problemas «por estarem longe do centro». «A ideia é criar dinâmicas entre as populações de forma a conseguirmos, juntos, lançar as bases para valorizarmos este território», afirma. O objetivo é «em vez de procurar culpas [para os problemas], procurar dar um certo enquadramento às pessoas para poderem participar e transformar o mundo naquilo que querem», refere Miguel Tristão.
Ainda sem órgãos sociais instituídos, os sócios fundadores querem «fugir um bocadinho ao sistema presidencialista de fazer as coisas», ainda que legalmente a associação seja constituída da forma normal. O objetivo é, na prática, «optar por um modelo onde as pessoas se organizam por círculos – por exemplo, o círculo da agricultura, da comunicação ou da construção sustentável –, cada círculo terá os seus representantes que, num círculo maior, tomarão as decisões, é uma forma diferente de decidir as coisas, mais em conjunto», explica Miguel Tristão. A população será chamada a participar nas várias ações que serão, de futuro, organizadas, ou como sócios caso queiram ter um papel mais ativo.