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Município assina protocolo com empresa para limpeza pós-acidentes

19 Novembro 2023
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

19 Nov, 2023

O Município de Porto de Mós assinou um protocolo de colaboração com a empresa Eurosistra Portugal, Lda, responsável pela limpeza dos resíduos sólidos e líquidos das vias pós-acidentes. Este acordo é estabelecido com o Município, mas também com os Bombeiros Voluntários, neste caso de Porto de Mós e de Mira de Aire, uma vez que a corporação do Juncal não se quis associar.

A Eurosistra Portugal é uma empresa, conforme explicou o seu diretor-geral, Fernando Martins, que faz intervenções de limpeza em todo o país. O conceito nasceu em Itália: «Sentiram que havia um vazio de limpeza de vias, não deveriam ser os bombeiros a fazê-lo porque deveriam estar preocupados em primeiro lugar com o socorro», frisa. Em 2012, houve um convite para internacionalizar o serviço em Portugal.

«O Município não tem qualquer custo connosco, quem paga são as companhias de seguro, mas temos que demonstrar o nexo de causalidade entre o facto e o dano para que o passam fazer. Estamos a falar exclusivamente de sinistralidade rodoviária, somos uma entidade única no serviço que prestamos», esclarece o diretor-geral.

Já existem «83 municípios protocolados», mas a companhia faz intervenções em mais de 100 «mesmo sem o protocolo». No distrito já estão, por exemplo, nos concelhos de Batalha, Leiria, Nazaré e Figueiró dos Vinhos.

A Eurosistra Portugal já fez mais de 37 mil limpezas e recolheu mais de 770 toneladas de resíduos. «Nós fazemos a limpeza da via na sequência de um sinistro e um sinistro rodoviário não é apenas um acidente, são acidentes, despistes, capotamentos, avarias, derrames, tudo aquilo que o veículo deixar da parte funcional do veículo na via, sejam resíduos sólidos, sejam resíduos líquidos», disse ainda Fernando Martins durante a apresentação deste protocolo.

«Além disso, sempre que o nosso operador vier a um sinistro, seja o que for, e que haja danos mobiliários urbanos, faz o registo e comunica no processo» que transmite posteriormente às companhias de seguro. «Quando há conhecimento de um acidente com resíduos na via, só as entidades que estão presentes nos podem ativar, pedimos que liguem para a central logo que há conhecimento da necessidade e não depois de o local já estar alterado, de terem sido veículos removidos, etc…», salienta.

O diretor-geral sublinhou ainda a importância de dar o «máximo de informações» possível sobre o trabalho que os espera: «Número de pessoas, se é preciso bombeiros para ter água para limpeza, tudo o que puderem indicar». Esta é a forma de levar para o terreno os meios e equipamentos necessários para assegurar um trabalho o mais eficaz possível.

“Estamos aqui para dar o passo seguinte”

«No primeiro momento é como São Tomé, ver para crer. Não estou habituado a ter uma prestação de serviços “de borla”, estamos habituados a que nas letras pequenas tenha associado qualquer custo e perdoem-me esta frontalidade», começou por referir o presidente da Câmara, Jorge Vala. No entanto, depois «de lido o protocolo », o autarca mudou de ideias: «Foi o comandante Elísio Pereira [dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós] que me apresentou, há algum tempo, esta possibilidade, que pode trazer algum benefício aos bombeiros e traz, de certeza absoluta, o benefício do resultado final porque os bombeiros têm, como disse o diretor-geral e bem, que se preocupar no imediato é com a emergência e socorro e deixar para segundo plano a questão da limpeza de vida».

«Eu tive a oportunidade de assistir há algum tempo, até ao fim, a um processo de limpeza no IC2 com um camião e um veículo ligeiro e percebi a rapidez, eficiência e eficácia de todo o processo e o conforto que isto transmite aos bombeiros, portanto estamos aqui envolvidos num resultado final que só tem que ser bom», reitera Jorge Vala.

O presidente lamentou apenas que os Bombeiros Voluntários do Juncal não se tenham juntado a este processo. «Nós temos que evoluir para aqui e infelizmente os três corpos de bombeiros não tiveram a mesma compreensão, mas não conseguimos abrir a cabeça das pessoas e pôr lá dentro a bondade deste processo, eu inclusive disponibilizei o protocolo, mas espero que mais tarde as pessoas do corpo de bombeiros do Juncal possam também aderir a este projeto», deseja.

Fernando Martins admitiu que foi complicado começar a trabalhar porque, tal como o presidente referiu, «quando a esmola é grande, o santo desconfia »: «As pessoas perguntavam-nos onde ganhávamos dinheiro». O diretor-geral parabenizou ainda o Município por aderir, tendo sido um caso único no país: «Não há nenhum município que tenha avançado sem a presença de todos os bombeiros, há aqui uma tomada de decisão em que dizem “temos pena, mas este é o caminho certo”, não é fácil, cria alguns constrangimentos internos». «Mais tarde, sempre que entenderem aderir ao protocolo, estamos disponíveis», salvaguardou ainda.

Apesar dos Bombeiros do Juncal não terem aderido, este é um protocolo «para todas as estradas do Município, aliás, este protocolo é o Município a dizer como é que as estradas são limpas a partir de agora».

A visão da corporação do Juncal

O Portomosense questionou o presidente dos Bombeiros Voluntários do Juncal, Carlos Rosário, sobre a não assinatura deste protocolo. «Não concordo, primeiro porque é uma empresa privada com interesse privado, logo esse princípio é negativo, em segundo lugar temos bombeiros no nosso concelho que fazem esse serviço, não faz sentido ter uma empresa a lavar estradas quando nós o fazemos», frisa o responsável.

O presidente refere ainda que os bombeiros do concelho têm carros próprios para este efeito que, inclusive, já foram comparticipados pelo Município. «O que está nesse protocolo é extremamente negativo, estão a substituir os bombeiros quando os bombeiros fazem esse serviço e quando os bombeiros têm de o debitar também debitam», reitera.

Carlos Rosário diz ainda que as «três corporações de bombeiros do concelho fazem bem este serviço». O presidente sublinha «que tudo tem um custo, não há nada na vida sem um interesse» e diz que o protocolo «é omisso em muitas coisas, quando atua, em que estradas».

«Daquilo que eu sei, o comandante será o responsável pelo teatro de operações, depois de quem será a responsabilidade? Se forem os indivíduos que fazem o serviço mal feito, como é? Há coisas onde os bombeiros podem ser substituídos, mas há outras coisas que não», conclui.

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