Sabia que em Porto de Mós há oliveiras com mil, eventualmente algumas, com mais de dois mil anos? Provavelmente não, mas assim o atestam os especialistas. E porque é importante conhecer o património concelhio também a este nível, o Município estabeleceu um primeiro contacto com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), no sentido de técnicos daquela universidade poderem vir a realizar a identificação e datação das árvores milenares do concelho.
A UTAD, em parceria com uma empresa do Alentejo, desenvolveu um método científico inovador que permite estimar a idade das oliveiras através de um modelo matemático, sem a necessidade de retirar qualquer amostra de madeira, e é a esses especialistas e a essa “ferramenta” que o Município quer agora recorrer.
Numa segunda fase, e de acordo com declarações ao nosso jornal do presidente da Câmara, Jorge Vala, o objetivo é estender o projeto a toda a área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC). «Já falámos nisso numa reunião da Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros [atualmente presidida por Porto de Mós] e todos os restantes municípios se mostraram interessados», diz o autarca, explicando que mais do que datar o património arbóreo do concelho e do PNSAC ao nível das oliveiras, pretende-se, posteriormente, «criar uma rota de visitação das árvores milenares, o que será mais uma oferta turística no âmbito do turismo de natureza, tanto a nível concelhio como do parque».
Jorge Vala assume que a ideia não foi sua nem de nenhum dos restantes elementos do executivo mas «de um cidadão do nosso município», mas que por lhe parecer «excelente» foi decidido avançar-se nesse sentido. O autarca sublinha que «o projeto está ainda numa fase embrionária», sendo que o próximo passo será a vinda dos especialistas ao terreno. Se ambas as partes concordarem e definidas as condições em que o trabalho irá decorrer, avançar-se-á, então, para a formalização do acordo com a assinatura do respetivo contrato.
A intenção de se avançar para a identificação e datação das árvores milenares em parceria com a UTAD foi revelada pelo presidente da Câmara no passado dia 2 de junho, na reunião pública daquele órgão que teve lugar em Alvados e é precisamente por esta aldeia e pela vizinha Alcaria que deve começar esse trabalho, adiantou o autarca, esclarecendo, contudo, que deverá estender-se «praticamente a todo o concelho». Jorge Vala mostrou-se entusiasmado com aquilo que possa vir a ser encontrado, sublinhando que «podemos estar perante algo extraordinário». Conservar, preservar e divulgar esse património invulgar e rico e que muitas vezes não é valorizado são palavras de ordem para o autarca.
Com Jéssica Moás de Sá
Foto | Isidro Bento