As comemorações da Semana Santa, em Porto de Mós, foram um êxito. Quem o diz é o vice-presidente da Câmara, Eduardo Amaral, e o pároco de Porto de Mós, José Alves.
Em conversa com o nosso jornal, ambos fazem um balanço bastante positivo de uma semana “cheia” que juntou atividades profanas e religiosas num programa, mais uma vez, delineado e executado, em parceria, pelo Município e pela paróquia.
«Nós vemos a Semana Santa como um projeto integrado onde aparecem os tapetes floridos, os concertos e as cerimónias e recriações religiosas, e que se insere num mais vasto de recuperação e valorização de tradições, nomeadamente religiosas, mas com grande importância para toda a comunidade local e de aproveitamento turístico», começa por explicar Eduardo Amaral.
«Procuramos, em parceria com a paróquia, manter ou reavivar tradições, algumas com centenas de anos, como é a Procissão do Senhor dos Passos, e o balanço é extremamente positivo. Este ano, tanto nesta procissão como nas atividades da Semana Santa voltámos a ter muita gente a assistir ou a participar diretamente e também muita outra que veio de fora visitar e usufruir do que temos para lhe oferecer», prossegue o autarca.
«As tradições recuperam-se mas também evoluem e nesse sentido temos acrescentado alguns pontos de valorização de forma a ter aqui uma variedade diferenciadora de oferta no conjunto das comemorações da Semana Santa a nível regional», diz, mostrando-se convicto de que a estratégia está a resultar.
«Paralelamente, às atividades que antecedem a Páscoa temos tentado apoiar a economia local com o lançamento de outros produtos com potencial turístico como são os casos dos Festivais do Cabrito e do Folar e da Amêndoa Artesanal», conclui o autarca.
O pároco de Porto de Mós comunga também da mesma satisfação e afirma que «a Semana Santa, dentro das circunstâncias e do mau tempo que se fez sentir, correu bastante bem e contou com a participação de um grupo de pessoas relativamente grande».
Passando em revista as atividades, o responsável pela paróquia realça a missa e procissão de Domingo de Ramos com a passagem pelo tapete florido e muita gente a participar e também a assistir, «os concertos muito interessantes e de grande qualidade técnica» e «o Tríduo Pascal com as suas cerimónias simples mas muitos marcantes e a participação ativa de jovens representando os apóstolos de Jesus».
Este ano, devido ao mau tempo, a via-sacra desde a Igreja de São Pedro ao Castelo, um dos eventos de maior impacto entre o programa da Semana Santa, teve de ser feita no interior do templo, o que obrigou o encenador, Frédéric da Cruz, da companhia de teatro Leirena, a adaptar ao novo espaço uma recriação pensada e ensaiada para ter lugar quase toda ela em espaços amplos, em plena rua, trabalho e dedicação aos quais o padre José Alves não poupa elogios. «O resultado foi uma via-sacra muito intensa, muito profunda», reconhece ainda.
Em suma, «foi uma Semana Santa muito intensa e bastante boa para as pessoas que participaram. Tudo estava muito bem organizado. Infelizmente, o mau tempo impediu a participação dos mais velhos e de outros mas quem participou teve, de facto, uma grande semana e interior e espiritualmente, a oportunidade de fazer esta caminhada da morte de Jesus à ressurreição, que é o que se pretende, portanto o balanço é bastante positivo», diz de forma perentória.
Tapete florido atrai forasteiros
As celebrações da Semana Santa, em Porto de Mós, contam desde 2018 com um elemento que em escassos anos ganhou uma importância que poucos, na altura, adivinhariam. Trata-se do tapete florido que de ano para ano envolve cada vez mais gente na sua montagem e traz também um número cada vez maior de forasteiros. Deste, muitos conhecem a sua beleza mas poucos sabem como é feito. Como já se disse, a primeira edição foi em 2018. Em 2020 foi feito, apenas, um apontamento na frente da Igreja de São Pedro devido à covid-19 e, em 2021, uma pomba branca quando o Município aderiu ao projeto Municípios Amigos da Paz, e as cruzes no morro da Rua da Saudade. Entretanto, mais tarde passou a ser feito numa extensão de cerca de 200 metros ligando a Ponte à Igreja de São Pedro.
Este ano, na montagem e “construção” do tapete foram usados 35 litros de tintas de várias cores, 140 sacos de serradura e 70 caixas da fruta de flores sem pé. Estiveram envolvidos entre 80 a 90 voluntários, sendo que parte significativa deles estava em representação de várias
entidades locais. Dados da autarquia apontam para uma dezena de entidades envolvidas e 20 pessoas a título individual.
E como é que se faz o tapete? Bem, «primeiro são delimitadas as áreas laterais do tapete, com dois cordéis laterais, seguindo-se uma divisão em talhões. De seguida, é colocada uma camada de serradura, para regularizar a base sem tinta, mas molhada para compactar, sendo calcada. Seguidamente são colocados os moldes, sobre a serradura, que previamente foram elaborados na FABLAB ou cada organização constrói o seu desenho. Com os moldes colocados são preenchidos os seus recortes com cores várias e a decoração é feita com a criatividade dos intervenientes e alguns nem molde usam», explica o Gabinete da Cultura da Câmara Municipal.
No próximo ano o tapete «vai ter prolongamentos noutros locais por forma a haver mais tempo para a sua exposição pública e levar a que as pessoas visitem outros pontos da vila». Este ano, aquando da secular Procissão do Senhor dos Passos, foi montado um tapete de grandes dimensões na Praça da República, junto à Câmara, e um mais pequeno no adro da Igreja de São João.
Este ano, o tapete, embora pelos piores motivos possíveis, viu reforçada em muito a sua beleza, graças à dádiva por parte do presidente da Câmara e esposa, de todas as flores oferecidas pela comunidade no falecimento da sua filha, e que estes fizeram questão de “devolver” à mesma
comunidade em sinal de sentida gratidão.
Porto de Mós está a apostar nos tapetes floridos como fator de atração turística e prova disso é o facto do Município ter levado esta verdadeira arte à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) a maior feira do género em Portugal.
Fotos | Isidro Bento