Foi com o objetivo de cultivar a «relação espetacular» que possui com Vila de Cruces há vários anos que o presidente da Junta de Serro Ventoso, Carlos Cordeiro, decidiu rumar àquele município da província de Pontevedra (Espanha), no início do mês de janeiro. «Eles tratam-me sempre bem e nós para sermos bem tratados também temos que tratar bem», justifica o autarca. Na bagagem levou algumas prendas, entre as quais «um garrafão de azeite» e mais «algumas coisinhas» para entregar ao Alcaide de Vila de Cruces, Luis Taboada. A viagem começou a ser ponderada um mês antes, mas não sem antes verificar qual a situação resultante da pandemia naquele território. Porém, no momento da viagem, o novo coronavírus acabou por dar “tréguas”. «Se houvesse muitos casos [de COVID-19] não ia, mas naquela altura não havia nenhum e assim, aproveitei para dar uma fugidinha rápida», conta o autarca.
Chegado àquele Município que pertence à comunidade autónoma da Galiza, Carlos Cordeiro acabou surpreendido com uma proposta para a criação de um protocolo de cooperação entre Vila de Cruces e Serro Ventoso que visa a «partilha de culturas». «O objetivo é poder ir à União Europeia buscar fundos para, por exemplo, trazer cá o rancho folclórico e vice-versa», explica. O encontro com representantes do grupo de Vila de Cruces mereceu inclusive destaque na imprensa espanhola, que fez uma notícia sobre a possibilidade de ambas as localidades poderem vir a assinar um protocolo de hermanamiento [geminação], que surge para criar relações económicas e culturais entre cidades e vilas que têm algo em comum. O autarca mostrou-se recetivo à ideia, no entanto aconselhou o homólogo espanhol a que numa primeira instância estudasse «juridicamente» a ideia e só depois apresentar a proposta final. «Tudo o que seja em benefício de Serro Ventoso e Vila de Cruces, estamos aqui para colaborar», sublinha. Apesar de admitir que desconhecia a existência destes protocolos, Carlos Cordeiro reconhece que estas partilhas são «muito interessantes» e, acredita, «podem dar muitos frutos». «Eu estou cá para ser embaixador de Serro Ventoso em qualquer parte do mundo», garante.
Há vários anos que as duas comunidades têm intensos laços de união e que foram despoletados por um gosto em comum: o galo. No passado, o Festival do Galo de Serro Ventoso pôde contar com a presença do Alcaide de Vila de Cruces que rumou até à freguesia serrana para confecionar a Paella de Galo, um dos pratos típicos daquela comunidade espanhola. Também aquando da Festa Gastronómica do Galo de Curral que costuma acontecer em Vila de Cruces duas vezes por ano, a comitiva de Serro Ventoso levou o tradicional prato português do Galo de Cabidela até Espanha.