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Museu Industrial e Artesanal do Têxtil inaugurado, sonho de José Paulo Baptista cumprido

3 Junho 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

3 Jun, 2020

Um museu dedicado ao têxtil, o sonho de muitos anos de José Paulo Baptista ganhou, finalmente, forma física e foi inaugurado no dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus. Na antiga fábrica Tapetes D. Fuas, que mais tarde se tornou na empresa Tapetes Vitória, nasceu o Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT). O empresário de Mira de Aire tem uma ligação afetiva a esta indústria, na qual, parte da sua família, incluindo o seu pai, encontrou o sustento durante muitos anos. Este museu é uma «homenagem aos fundadores, que há 97 anos se lançaram e com muito sacrifício souberam construir uma grande empresa, dando emprego a muitos operários», afirma.

«Há 10 anos» que vinha tentando adquirir o espaço, que estava totalmente «abandonado e degradado». Quando finalmente conseguiu comprar as instalações, foi reunindo o espólio que ao longo de vários anos foi adquirindo ou que lhe foi oferecido. A vontade era tanta, brinca, que até «arriscou um bocadinho»: «Ainda antes de fazer a escritura, já estava a trazer as coisas para cá para dentro». A visita ao MIAT «é um retrato do que se passou no espaço desde a fundação da Fábrica ao crescimento da empresa», contemplando todos os espaços que há muitos anos formaram parte destas indústrias, com várias secções: serralharia, tapeçaria, espaço das máquinas, refeitório e cozinha, dormitório, escritórios e um infantário. José Paulo Baptista frisa precisamente o facto destas empresas terem sido visionárias, com uma área social muito ativa: «Nos anos 50 ou 60, não era muito fácil encontrar uma unidade industrial que tivesse toda esta assistência».

O empresário pretende que o museu sirva também para a dinamização de eventos, como «lançamentos de livros, exposições temporárias, passagens de modelo, etc…». José Paulo Baptista diz ainda que o espaço estará em constante evolução e que há ainda pormenores que faltam: «Falta a figura do tosquiador e uma ovelha, para mostrar a fase inicial, a tosquia da lã».

“Acrescentar valor” a Mira de Aire

O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, esteve presente na inauguração do museu e salientou que o proprietário esteve sempre «um passo à frente», considerando este museu um exemplo disso mesmo. «Só conseguimos ter um presente e um futuro se conseguirmos recuperar memórias», afirmou o autarca, que lembrou que «Mira de Aire foi uma referência, na região, na indústria têxtil, referências que se foram perdendo no tempo»: «Em boa altura José Paulo Baptista transformou este sonho de recuperar memórias numa realidade, que vai acrescentar valor a Mira de Aire», acredita.

Jorge Vala revelou que dados referentes ao final de 2019 indicavam que a vila tinha tido «pelo menos 150 mil visitantes nas Grutas de Mira de Aire», mas que apenas «1% desses visitantes tinham como opção visitar o resto do concelho de Porto de Mós». O presidente considera estes números «dramáticos», tendo em conta o objetivo «de aproveitamento turístico das Grutas». Este museu poderá ser mais um pólo de atração, assume Jorge Vala, que espera que quem visite as Grutas «visite o museu e a vila de Mira de Aire». José Paulo Baptista explicou que além de captar os visitantes das Grutas, são também público-alvo «escolas, universidades seniores e o fluxo turístico de Fátima».

O desafio de contar a história

O museu tem dois andares, no rés-do-chão, entre outras coisas, existem painéis onde são explicadas «as propriedades e características da lã e os processos de transformação» e logo ao início, são dados a conhecer os factos cronológicos da fábrica. No «andar de baixo existe uma parte mais artesanal sobretudo com utensílios em madeira e uma parte mecânica, com várias máquinas» que marcaram a evolução da indústria.

José Paulo Baptista colecionou muitas peças ao longo dos anos e por isso, para o designer Nuno Marques, responsável por este projeto, o desafio era mesmo «dar corpo e lógica» a estas peças. Era essencial também manter «traços originais» da época no espaço, para criar um retrato «o mais fiel possível». Nuno Marques diz que a ideia é ter também «um espaço dinâmico», permitindo que «as pessoas venham ao museu fazer os seus trabalhos artesanais» e que as que «têm algum conhecimento nesta área», possam partilhá-lo. O museu já está aberto ao público. O valor do bilhete para o público geral é de cinco euro e de 3 euros para crianças e seniores.

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