Já se ouvem pelas ruas de Leiria as músicas escolhidas por 39 Cidades Criativas da UNESCO, uma iniciativa que pretende apelar aos valores vividos nesta época natalícia. Quem o explicou foi Celeste Afonso, a coordenadora de Leiria Cidade Criativa da Música, que esclareceu em que consiste a ideia. As várias cidades foram convidadas por Leiria, que «faz parte da rede das cidades criativas UNESCO desde 30 de outubro de 2019» para escolherem uma música para a playlist, não necessariamente de Natal, mas que «de alguma forma traduzisse a sua cidade, o seu ritmo», explica a responsável. A ideia surgiu «tendo em conta que se vive muito o Natal em Leiria, vive-se muito a rua, com a iluminação natalícia e com a música que normalmente se ouve», aponta.
Os sons são completamente distintos, mas têm um objetivo: «Remeterem-nos para outras paragens, outras terras, para outros lugares, até pelos instrumentos e pelas sonoridades», avança Celeste Afonso, que lançou a ideia com o propósito de tornar a quadra mais intercultural. «Temos aqui uma cobertura global através de sons, é mesmo uma volta ao mundo pela música», reitera a responsável.
Músicas de Almati, no Cazaquistão; de Ambon, na Indonésia; de Auckland, na Austrália, são os primeiros “lá de fora” que integram a playlist, seguidos de «músicas de Portugal, da Colômbia, Itália, Congo, Índia, Cuba, Coreia do Sul, Marrocos, entre outras tantas», que enchem as ruas de Leiria de «cultura e valores de humanismo e solidariedade», descreve a coordenadora. Na lista, as músicas portuguesas são as originárias das três cidades criativas de Portugal: Amarante, pelo grupo Propagode com a música São Gonçalo de Amarante, Idanha-a-Nova com as Adufeiras, Senhora do Almortão, e Leiria, que é representada pela banda Catraia com a Canção de quem fica cá.
Celeste Afonso admite que «quem passar [pelas ruas] pode estranhar», dado que não se trata das músicas habituais, as pessoas «não vão ouvir o Merry Christmas». Ainda assim, as reações que tem visto até agora são positivas, «até porque são sons bonitos, e o facto de serem tão distintos, chama a atenção», explica. «Interessante e diferente» é como a coordenadora caracteriza esta iniciativa, referindo ainda que algumas cidades «pediram a playlist para também a replicarem nas suas». Para mais tarde, fica a possibilidade de lançar um disco.
O convite, por exemplo, para um passeio em família pelas ruas históricas da cidade é lançado pela responsável, que lamenta a situação pandémica vivida no país e no mundo, e apela «aos cuidados e respeito pelas restrições». Celeste Afonso acredita, ainda assim, que «é possível fazer um programa de Natal muito interessante, caminhando por Leiria». A coordenadora garante ainda que a cidade «nesta altura é ainda mais acolhedora, está cheia de luz, de cor, cheia de música». Para finalizar, e como uma palavra de esperança, sugere ainda que «passear pela cidade do Lis é uma boa maneira de viajar por todo o mundo sem sair do país». A iniciativa estará em vigor até ao próximo 3 de janeiro, «que é quando terminam as festividades do Natal em Leiria», assim faz saber Celeste Afonso.
Texto e foto: Marília Bernardino