O dia começou cedo para os cerca de 30 praticantes de trail que participaram na primeira “volta teste” que percorreu os limites do concelho de Porto de Mós, organizada pela equipa amadora de trail Ninho Team. Passavam poucos minutos das 7 da manhã do passado dia 25, quando o primeiro par de atletas dava arranque à “prova”, no alto da colina, junto ao Moinho da Serra da Pevide, onde precisamente às 14 horas teria o seu final. «O início e o fim da partida é um marco simbólico que coloquei ao pé do moinho do meu avô», afirma Marco Franco, do Ninho Team, o grande mentor do projeto. Pelos limites do concelho é o nome do percurso que contabiliza cerca de 120 quilómetros e 3 000 metros de altitude e que foi dividido em 12 etapas, cada uma com cerca de 10 quilómetros, que era feita por duas pessoas, ao estilo estafeta. «Houve um GPS que eletronicamente andou a registar tudo e cada vez que alguém chegava a determinado sítio passava o relógio para outra pessoa o que nos permitiu registar todo o percurso», explica Marco Franco.
Esta primeira “volta teste”, exclusiva para os padrinhos das etapas, surgiu pela necessidade de registar «eletronicamente» a volta, criando um track (ficheiro), a que todos possam aceder. No futuro, o objetivo é que o percurso Pelos limites do concelho possa ser realizado em corrida individual, estafeta, BTT ou caminhada e, entretanto, já vão surgindo solicitações de quem pretende aderir ao desafio. «Já tenho pessoas interessadas, atletas conhecidos de Portugal que vão fazer o percurso todo sozinhos», garante.
O projeto começou a ser planeado há cerca de dois anos depois de, em 2008, Marco Franco ter dado uma volta de sete dias de motorizada DT 50 pelos «limites de Portugal». «Estava a precisar de apanhar ar e resolvi fazer isso, sozinho», conta, entre risos. A somar a esta experiência, juntou-se também como fonte de inspiração, a The Barkley Marathons, conhecida por ser a maratona «mais difícil do mundo» e que desde que foi criada, em 1986, e até à data, apenas 15 pessoas conseguiram cruzar a meta. «Comecei a pensar que seria giro fazer uma volta ao concelho de Porto de Mós, que é enorme, para conhecer os seus limites, mas rapidamente cheguei à conclusão que sozinho não ia conseguir fazer e que iria precisar de ajuda», lembra. Luís Miguel Vazão e Nuno Moleano juntaram-se a Marco Franco nessa tarefa e tendo em mente o único objetivo de «andar nos limites do concelho», conseguiram definir o percurso e acabaram de o concluir há cerca de dois meses. «Fomos a aldeias dos quatro cantos do concelho e que, se calhar, muita gente até nem conhece», sublinha.
Organização oferece gola para servir de “incentivo”
Como forma de «incentivar os atletas» e com o objetivo de que o percurso vire rotina, Marco Franco adianta que decidiu criar umas golas para o pescoço, à imagem do Judo, com diferentes cores, para oferecer aos participantes que consigam atingir determinado patamar. Nesta “volta teste” todos os intervenientes da estafeta individual de 12 etapas tiveram direito a uma gola branca. Por outro lado, o atleta que conseguir completar, sozinho, os 120 quilómetros ganha uma gola preta. Dois atletas que consigam fazer uma estafeta de 60 quilómetros obterão a de cor castanha. Se, porventura, alguém conseguir numa estafeta de três atletas completar 40 quilómetros ser-lhe-á atribuída a gola roxa, já os seis atletas que conseguiam fazer 20 quilómetros levarão para casa uma de cor amarela. Se por um lado há quem prefira correr ou caminhar, poderá igualmente ganhar uma gola laranja. Para isso, terá que fazer os 120 quilómetros mas que poderão ser distribuídos por etapas. Por último, quem se aventure a completar o percurso todo, sozinho, em BTT, ganhará uma gola cor vermelha. «Há até quem diga que vai ganhar as golas todas», atira, entre risos.
Com Isidro Bento