Rita Santos Batista

Nostalgia não, saudade sim

29 Set 2023

Saudade. O Portomosense vai deixar saudade. Antecipo o sentimento por saber a importância que esta casa teve para mim e as boas recordações que levo comigo desta experiência.

Foram mais de 730 dias, cheios de desafios, superações e tantas aprendizagens. O Portomosense permitiu-me crescer. Errei muito e acertei algumas vezes, mas o mais importante: evoluí. Essa evolução aconteceu também porque existiram pessoas, pessoas boas e profissionais no caminho, das quais não me despeço, porque essas vão comigo para a vida. Ser-lhes-ei grata para sempre.

Ao longo destes dois anos tive o privilégio de ouvir tantas histórias diferentes, de aprender com elas e de as comunicar por meio de palavras, as minhas e as deles: Da criança, do idoso, do jovem, do presidente, do agricultor, do vencedor e do derrotado, afinal de contas, aqui todos têm uma voz, e é assim que deve ser, no jornalismo e na vida… A proximidade que se consegue com as pessoas num meio de comunicação local é o que o torna tão único e especial, porque aqui existe uma ligação muito forte entre este que é o jornal da terra e os seus leitores. A responsabilidade é grande, mas o sentimento de dever cumprido a cada edição também, por isso vale a pena continuar a trabalhar para os informar, da melhor forma.

Se te dá medo, vai. Se é desconfortável, arrisca. É mais ou menos assim que encaro a vida agora. Foi mais ou menos assim que encarei este trabalho. O Portomosense provou-me que valeu a pena desafiar-me e que devemos continuar a fazê-lo. Só se nos pusermos à prova, podemos provar que conseguimos, a nós mesmos, o mais importante. Sinto que vivo com pressa de fazer tudo o que ambiciono e ouço muitas vezes: «Ainda és muito nova, tens uma vida toda pela frente», mas e se a vida toda forem minutos, horas ou dias? Não vejo isto como um pensamento negativo, é apenas ter noção da nossa finitude. Ela é que, no fundo, nos faz aproveitar a oportunidade que temos de viver. Vivo cada momento como se fosse o último e sinto que aqui não foi diferente. Despeço-me com a certeza que dei tudo o que consegui, tal como O Portomosense me ofereceu tudo o que pôde. À equipa que me orientou neste percurso, a cada um deles um obrigada sincero. Reconheço-lhes a todos mérito. Reconheço-lhes a todos virtudes e levarei comigo o melhor de cada um, mais ou menos como quem olha para uma rosa sem lhe ver os espinhos. Sabemos que eles estão lá, mas focamo-nos nas pétalas. Gosto de ver a vida assim, mas confesso que nem sempre é um trabalho fácil, mas é possível, se estivermos atentos. Ao fim de dois anos e pouco percebo o quão importante foram estas pessoas e esta casa para a minha história. Saio mais rica como pessoa e como profissional, mas consciente do tanto que ainda tenho para aprender nesta escola que é a vida. A todos os que ficam, aos antigos e atual diretor, à diretora adjunta e a todos os meus colegas que fizeram parte do meu percurso da Cincup desejo os maiores sucessos. O Portomosense está em boas mãos, foi uma honra ter feito parte da sua história. Vou recordá-lo sempre com saudade, pelas lembranças boas que ficam. Aos leitores, continuem a confiar no bom trabalho desta equipa, que se esforça diariamente para lhe fazer chegar a informação local, com o máximo de rigor.

Fui feliz nesta casa. Obrigada.