No ano em que o Centro de Apoio Social Serra D´Aire e Candeeiros – CASSAC, festeja o seu 15.º aniversário, O Portomosense apresenta um retrato sumário de uma instituição que desempenha um papel de grande relevo na área da União de Freguesias Arrimal e Mendiga e freguesias de Serro Ventoso e São Bento, no âmbito do apoio a idosos.
À conversa com o nosso jornal, o presidente da direção, Saul Saraiva, conta-nos que «o primeiro pensamento para a criação de um lar de idosos aconteceu na Mendiga, entre um grupo de amigos. Os presidentes das então quatro juntas de freguesia souberam e resolveram eles próprios assumir o projeto por acharem muito interessante a ideia de criar um lar que abarcasse toda aquela área serrana», tendo na altura juntado um grupo de pessoas para os ajudar. «Fizeram-se os estatutos e foi criado o CASSAC. Logo nessa altura as juntas pensaram em arranjar um terreno para construir essa infraestrutura e assim fizeram, tendo-o depois oferecido à instituição».
Já com os órgãos sociais eleitos, o CASSAC seguiu o seu caminho mas as juntas não deixaram de estar presentes sempre que foi necessário, frisa Saul Saraiva, explicando que da parte da instituição «tem havido a preocupação de as manter informadas sobre o trabalho que vai fazendo e as dificuldades que enfrenta e são sempre convidadas a assistir às assembleias gerais».
E qual é o principal problema que enfrenta o CASSAC? «Dinheiro» diz, perentório. Se houvesse dinheiro suficiente as obras de construção da ambicionada sede já teriam arrancado e hoje aquela zona do concelho poderia dispor entre outros, de um centro de dia e de um lar.
O responsável diz que «tem havido subsídios da Câmara mas que mesmo assim não se tem conseguido arrancar com a obra», admitindo que ele próprio, embora bem intencionado, possa ter alguma culpa nesse atraso: «Pensei em convidar três ou quatro empresas para nos darem um orçamento mas fui alertado de que não o podia fazer, tinha de abrir concurso público, só que isso veio atrasar o processo em um ano e levantar-nos outro problema, é que lançar concurso sem dinheiro é pôr a cabeça no cepo», frisa.
«Dizem-me “a obra faz falta”. Pois faz, mais ninguém ou melhor que eu sabe as dificuldades por que passam as nossas funcionárias para realizar o seu trabalho e tenho de lhes dar os parabéns por aquilo que fazem. Ninguém mais precisa das instalações que o próprio CASSAC e ninguém mais que nós quer que a obra avance, e se há coisa que me doía é acabar o meu mandato sem a ter lançado mas não tendo as verbas asseguradas não podemos avançar», refere, adiantando que se lhe dissessem «está aqui o dinheiro» ou que «vai aparecer num ano ou dois», em dois meses meses lançava o concurso público.
Como a associação não tem a verba necessária, a solução poderá passar por um plano de financiamento a estabelecer com uma entidade bancária, tendo já havido contactos nesse sentido. Há, também, a hipótese de, entretanto, vir algum dinheiro por parte do Estado. «Estamos à espera, se vier temos tudo preparado mas como eu próprio já disse às juntas, uma obra de dois milhões de euros não pode começar sem mais nem menos, é preciso ter algumas cautelas», diz.
E não se poderia avançar de modo faseado? Saul Saraiva reconhece que sim mas adianta que «quem está à frente de qualquer instituição tem de tomar decisões difíceis e essa, neste caso, é uma delas». Avançar por fases seria mais fácil mas daí a quantos anos é que a zona da serra ficaria dotada de centro de dia e lar, sendo certo que não há capacidade para avançar com os dois em simultâneo? Questiona o dirigente associativo, adiantando outro argumento: «No país há muitos que avançaram deste modo e mais de 20 anos depois ainda não conseguiram fazer tudo. Será boa solução arriscar o mesmo caminho?». No seu entender a melhor solução será esperar mais um pouco, ver se aparece algum apoio estatal, e depois avançar com o projeto no seu todo e se ainda faltar dinheiro, pedir a colaboração da população e das autarquias.
E como é que o presidente da direção vê o CASSAC? «Penso que fazemos um bom trabalho e que isso é reconhecido tanto pelos nossos utentes e suas famílias, como por autarquias e entidades públicas, mas porque nem todos nos conhecem bem, temos procurado dar maior visibilidade ao que fazemos. Fruto, certamente, desse desempenho, ganhámos o prémio Fidelidade pelo projeto de fisioterapia no domicílio e na próxima semana vamos estar no programa Praça da Alegria, a convite da RTP, o que será uma excelente promoção».
Olhando para trás, Saul Saraiva considera que «nestes 15 anos o CASSAC cresceu de uma forma gradual, pensada, mas também dependente do número de utentes que foi tendo. Como o apoio da Segurança Social é pequeno face ao volume de despesas foi necessário encontrar alternativas como a prestação de serviços complementares e, acima de tudo, têm sido muito bem aproveitados todos os tostões de forma a que, além de suprir as necessidades do momento, a casa tenha um fundo de maneio para qualquer imprevisto (ou oportunidade) que surja».
Enquanto não chega a nova sede, o CASSAC vai continuar a usar o espaço cedido pela associação da Marinha da Mendiga e Saul Saraiva sublinha «a imensa gratidão pelo favor que tem feito não só ao CASSAC mas à população das freguesias» que este serve, lembrando, ainda, que as atuais instalações foram adaptadas no âmbito de uma parceria em que a Câmara também teve um papel importante.