Teve lugar na última sexta-feira, 20 de outubro, em Leiria, uma conferência alicerçada na construção do novo aeroporto, assunto que muita tinta tem feito correr. Santarém, um aeroporto para Portugal serviu de mote para uma série de intervenções e trocas de impressões entre académicos, dirigentes associativos, empresários, figuras do espectro político e jornalistas no auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico de Leiria (IPL).
Com a opção Magellan 500 em cima da mesa, largas dezenas de conferencistas assistiram à apresentação deste projeto por parte do seu responsável máximo, Carlos Brazão, que recordou que, «ao longo dos últimos 54 anos, 17 localizações foram estudadas para o novo aeroporto de Lisboa, mas nenhuma foi construída», e aproveitou para interrogar: «Não terá chegado a altura de deixarmos de nos autoflagelar?». Este projeto, conta, começou a ser pensado em 2020 por um consórcio do qual também faz parte o grupo Barraqueiro. Seguiu-se um ano de pesquisa por uma localização. Depois, ano e meio de estudos com empresas especializadas para validar legalmente o projeto. Segundo o promotor, a intenção inicial passa por desenvolver um aeroporto regional e avançar em pista própria. No futuro, e volvidas seis fases evolutivas, crê-se que a nova estrutura aeroportuária – que pode até nem vir a ser eleita – tenha a capacidade e movimentar mais de 100 milhões de passageiros por ano.
Seis razões para apostar em Santarém
No rescaldo da sua apresentação, Carlos Brazão elencou «os seis principais motivos para se apostar em Santarém». Em primeiro lugar, aponta para «um projeto amigo do contribuinte», já que esta iniciativa, de índole privada, fará uso das vias de comunicação já existentes, nomeadamente as autoestradas A1, A15, A13 e A23, e ainda a Linha do Norte. Como segundo tópico, o promotor considera ainda que o Magellan 500 pode ser concretizável num prazo de cinco anos, fazendo com que esteja operacional a tempo da participação de Portugal no Mundial de futebol em 2030. Em terceiro lugar é apontada a rápida ligação a Lisboa. O quarto motivo prende-se com a possibilidade de expansão faseada, o quinto com o aumento da coesão económica e territorial (projeta-se que em 2045 o aeroporto de Santarém crie 25 mil empregos diretos, 45 mil indiretos e que induza cerca de 100 mil postos de trabalho relacionados com os setores do Turismo e do Comércio). Por fim, Frazão ressaltou que esta iniciativa «é desenhada de raiz sobre estritos critérios de proteção ambiental» e que «tem sido partilhada com diversas ONG ambientalistas».
No final das suas alegações, Brazão utilizou o período de perguntas e respostas para clarificar uma questão colocada pelo presidente do Município de Porto de Mós, Jorge Vala, relacionada com a possibilidade de envolvimento de dinheiros públicos, cenário que prontamente rejeitou, explicando tratar-se de «um consórcio planeado de forma privada e que visa aproveitar, de facto, as infraestruturas que foram sendo construídas ao longo dos anos [com o erário público]».
Ainda durante a primeira parte, tomaram a palavra o diretor do Região de Leiria (órgão promotor da iniciativa), Francisco Rebelo dos Santos; o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes; o presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves; e o presidente do IPL, Carlos Rabadão.
Já na segunda metade da conferência, os presentes tiveram a oportunidade de ouvir os testemunhos de autarcas de múltiplas comunidades intermunicipais. Seguiu-se o painel Oportunidades para o turismo e valorização do território, onde discursaram o presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria, António Poças; a presidente da Associação Empresarial Ourém – Fátima, Purificação Reis; a investigadora e especialista em Turismo Religioso, Margarida Franca; e o presidente da Câmara Municipal de Ourém, Luís Albuquerque, todos eles a favor da “opção Santarém”.
Ao entrar na reta final da conferência, o investigador e especialista em economia e planeamento de transportes, Manuel Tão, dissertou no painel Oportunidades e implicações na rede ferroviária. Ao vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Eduardo Castro, coube a responsabilidade de concluir o encontro.
Foto| Luís Vieira Cruz