A construção de um reservatório para abastecimento de água a helicópteros na zona do Chão Nogueira (Alcaria) resulta de uma carência identificada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) na rede de reservatórios existente e em nada vai pôr em causa o abastecimento de água potável aos lugares de Covas Altas e Barrenta, assegurou o presidente da Câmara, Jorge Vala, na última reunião pública do executivo camarário.
A questão foi levantada pelo vereador do PS, Rui Marto, que começou por dizer que, finalmente, sabia o porquê de ter havido «o corte raso de todo o tipo de vegetação na zona do Chão Nogueira»: irá ser construído um depósito para que os helicópteros possam ir lá buscar água em caso de incêndio florestal, algo que, à partida, lhe levantava inúmeras dúvidas não só em termos de necessidade, como dos eventuais constrangimentos que pudesse vir a criar na rede pública de abastecimento de água, em especial naquelas duas localidades.
O autarca socialista deixou claro que havendo já um depósito no Chão Rapado (Mira de Aire), «a dois ou três quilómetros de distância, em linha reta», do Centro de Meios Aéreos de Alcaria, e mais dois pequenos no Casal Duro e Bouceiros (Alqueidão da Serra), a metade da distância, para si não fazia sentido construir um outro tão perto.
Marto afirmou que a manter-se a decisão de construção isso poderia «vir a desequilibrar todos os sistemas de abastecimento ali à volta e, em última análise, deixar Covas Altas e Barrenta sem água porque entre as duas há um estrangulamento na rede» que faz com que a água chegue em menor quantidade e pressão, algo perigoso em plena época de incêndios em aldeias que «são autênticos barris de pólvora».
Perante este cenário pediu que fosse feita «uma análise minuciosa e fina» da situação «e em vez de espalhar depósitos pequeninos uns à frente dos outros» se pensasse seriamente em como alimentar o sistema sem correr o risco, de «num período crítico como este» haver falhas tanto para o fornecimento de água às populações, como aos helicópteros. «Se for para fazer um depósito por fazer, mais vale a pena estarmos quietos», frisou.
Em resposta ao vereador, Jorge Vala garantiu que os receios de Rui Marto não se confirmam uma vez que o reservatório, com uma capacidade de cerca de 250 mil litros, está preparado «para em alturas críticas» ser abastecido não por via da rede pública mas «com recurso a autotanques». Ora, como «há autotanques de 30 mil litros que rapidamente despejam a água para o reservatório» não é necessário recorrer à da rede pública, afirmou.
Segundo o responsável autárquico, a nova infraestrutura «irá servir, sobretudo, a parte norte do concelho e, eventualmente a parte sul/nascente dos concelhos da Batalha e Ourém», que é uma área que não tem cobertura adequada. E, precisamente, por saber que em termos do perigo de ocorrência de incêndios, «Covas Altas e Barrenta são, de facto, autênticos barris de pólvora», diz-se agora «mais tranquilo por saber que
em caso de necessidade haverá ali naquela zona, três reservatórios onde três helicópteros poderão ir em simultâneo recolher e espalhar água». «Nós combatemos o barril de pólvora com meios e o reservatório é, efetivamente, um meio» reforçou dizendo, ainda, que nas reuniões onde tem participado, um dos principais lamentos da ANEPC, no contexto nacional, é, precisamente, muitas vezes «ser grande a distância entre o local das ocorrências e aquele onde há reservatórios para os helicópteros poderem abastecer».
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