O Núcleo de Árbitros de Porto de Mós – inicialmente Núcleo de Árbitros de Futebol do Concelho de Porto de Mós – (NAPM), está a assinalar este ano as suas bodas de prata. Vinte e cinco anos depois de ter acompanhado a apresentação desta associação, O Portomosense esteve à conversa com três pessoas que conhecem bem a sua realidade.
Para Carlos Amado, fundador, sócio n.º 1 e presidente da direção durante os primeiros 14 anos, «a celebração do 25.º aniversário é motivo de grande orgulho e satisfação por o Núcleo ter cumprido os desígnios que levaram à sua fundação: Formar mais e melhores árbitros, criar um espírito de amizade e solidariedade entre todos, cooperar com os clubes do concelho e divulgar Porto de Mós pelo país». «Tudo isso foi conseguido sendo o NAFPM reconhecido e acarinhado por todos a nível nacional graças ao esforço das várias direções e árbitros», considera.
Núcleo deu bons árbitros e dirigentes à Arbitragem
«Após a criação do Núcleo, Porto de Mós conseguiu que os seus árbitros obtivessem das melhores classificações a nível do distrito, ascendendo aos quadros nacionais da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Também neste período um árbitro portomosense ascendeu pela primeira vez à primeira categoria nacional dirigindo jogos das competições profissionais da Liga. Foram também vários os árbitros assistentes e observadores que subiram aos quadros nacionais da FPF», recorda.
Entre as iniciativas mais emblemáticas e de maior importância elege «o Encontro Nacional de Núcleos de Árbitros de Futebol, em 2000, que juntou em Porto de Mós 55 núcleos de todo o país numa organização que contou com uma excelente colaboração da Associação de Futebol de Leiria (AF Leiria) e do Município, e que ainda hoje é recordado no meio da arbitragem nacional pelos melhores motivos», diz. Outro dos momentos de grande importância foi a criação do Torneio “Júlio Viegas”, como homenagem ao árbitro portomosense «pela dedicação e forma apaixonada como vivia o Núcleo».
Amado sublinha que o NAPM tem sido escola de valores tendo ajudado também a formar dirigentes que depois acabam por se distinguir cá fora. Disso, refere, são exemplo, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e ele próprio (que preside ao Conselho de Arbitragem da AF Leiria (CA AFLeiria), ambos antigos presidentes do Núcleo, e Júlio Viegas, árbitro portomosense já falecido, que presidiu também ao CA. Além destes, houve e continua a haver outros a destacarem-se na arbitragem.
Carlos Amado não tem dúvidas de que «valeu muito a pena ter-se fundado o Núcleo pois cumpriu o desígnio para que foi criado». «Temos uma história bonita, que nos deve orgulhar e motivar para continuarmos a trabalhar em prol do desenvolvimento da arbitragem e, por consequência do futebol», conclui.
“Encontro Nacional de Núcleos e Torneio Júlio Viegas são os marcos mais importantes”
Júlio Vieira, atual elemento da direção da FPF, foi uma das pessoas que acompanhou de perto a criação do Núcleo. Nessa altura, conta, «estava como presidente da ADP e um dos problemas identificados no futebol do concelho era o facto de termos poucos árbitros, o que criava problemas às equipas e dificultava muito a realização de jogos treino e de torneios porque tínhamos de pagar a árbitros de fora e mesmo assim era preciso que estivessem disponíveis. Um dia, o Carlos Amado e o Domingos Lavinha pediram-nos para treinar no estádio municipal e utilizarem os balneários e foi aí nas conversas que fomos tendo sobre a necessidade de recrutar e formar mais árbitros no concelho que começou a germinar a ideia da criação de um núcleo».
O dirigente desportivo considera que o sucesso começou a ser desenhado bem cedo «porque desde a fundação, o número de árbitros recrutados e formados foi crescendo de forma muito significativa. Em poucos anos, o Núcleo ganhou credibilidade e dimensão que lhe permitiu ser parceiro do CA AFLeiria, e ganhar relevância no conjunto dos núcleos do distrito». «Com altos e baixos, tem desenvolvido um trabalho notável de captação e recrutamento de árbitros e na formação, e sobretudo, no acompanhamento dos mais novos», realça. Destes 25 anos, Júlio Vieira sublinha «duas lideranças muito importantes»: «Os anos de presidência do Carlos Amado e depois a continuidade e desenvolvimento, com Luciano Gonçalves».
A organização do Encontro Nacional de Árbitros, em 2000, «o melhor e mais bem organizado» e ao qual deu apoio já como presidente da Associação de Futebol de Leiria e a «implementação e realização» do torneio de futebol formação “Torneio Júlio Viegas” são, na sua opinião, dois marcos importantes na história do NAPM. «Não é habitual os núcleos organizarem de forma continuada e com uma dimensão muito significativa torneios de futebol de formação mas este teve essa capacidade e prestou uma homenagem muito sentida e de todo justificada ao saudoso Júlio Viegas», destaca.
“Muito do nosso sucesso desportivo deve-se ao NAPM”
Avaliação também muito positiva dos 25 anos de existência do NAPM é aquela que é feita por Luciano Gonçalves, seu antigo presidente. Segundo o dirigente associativo «o NAPM foi passando por várias fases transversais a todos os núcleos. Assim, passou uma fase inicial com o Carlos Amado de muita iniciativa e novidades. Depois, começou a quebrar um pouco mais ao nível do número de elementos. Comigo volta a ter uma fase de muita atividade, em que se vai buscar muita gente de fora e se dá início à participação nas tasquinhas no São Pedro, e ao torneio Júlio Viegas. Com o passar de tempo houve um decréscimo na participação dos árbitros e agora volta a entrar numa fase de maior atividade e com uma pessoa à frente cheia de vontade em fazer coisas».
Ao Encontro Nacional de Núcleos e ao Torneio Júlio Viegas, o atual presidente da APAF, junta a participação do NAPM nas tasquinhas nas Festas de São Pedro, como três atividades marcantes nestes 25 anos, considerando que no caso destas últimas o Núcleo foi além daquilo que eram as suas competências tendo obtido inegável sucesso, por um lado apostando na formação tanto dos pequenos atletas como nos jovens que agora se iniciam na arbitragem e, por outro, contribuindo para “humanizar” a figura do árbitro junto da população em geral.
Para Luciano Gonçalves quando se fala de árbitros que se destacaram tem de se falar obrigatoriamente do NAPM. «Tudo aquilo que fomos conquistando na arbitragem devemo-lo ao Núcleo. Se eu estou na APAF, o Carlos Amado no CA AFLeiria (tendo sido árbitro de 1.ª Divisão), o Célio Ferreira há tantos anos como observador na 1.ª Divisão, e se tivemos o Domingos Lavinha e o Rodolfo Deyllot nos campeonatos nacionais (entre outros) isso não pode ser dissociado do NAPM. Fomos também tendo árbitros que se destacaram noutros campos, por exemplo, o Artur Louceiro, que fez parte do conselho de arbitragem é hoje presidente da Junta do Juncal. O Núcleo veio dar visibilidade ao nosso trabalho e por isso considero que acaba por estar ligado de forma umbilical ao sucesso que temos tido», afirma.