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“O dinheiro foge ou não da carteira?”

6 Fevereiro 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

6 Fev, 2020

Foto: Jéssica Moás de Sá

Dependemos do dinheiro e é através dele que conseguimos adquirir, não só os bens essenciais à nossa sobrevivência, como todos os outros produtos, que apesar de não serem de primeira necessidade, fazem parte da nossa vida. A falta de dinheiro preocupa muita gente e gerir os rendimentos, para que todos os meses cheguem para pagar todas as despesas fixas, nem sempre é fácil. Ou será? Frederico Contente, fundador da Steer School, acredita que «é mais fácil do que as pessoas pensam». O problema, acredita o especialista, é que «as pessoas não estão recetivas a pensar sobre dinheiro». Estas e outras ideias foram apresentadas no decorrer de uma conversa dinamizada pela Associação Serviço e Socorro Voluntário de São Jorge que teve como mote: O dinheiro foge ou não da carteira?.

O atual especulador de bolsa, que opera nos mercados financeiros, considera que primeiro que tudo é importante que se perceba que o dinheiro é, em geral, «20% teoria, 80% prática e 100% emocional»: «Nós temos uma muito má relação com o dinheiro em geral, como sociedade. E não o percebemos. Se quisermos ter mais liberdade financeira, a primeira coisa que temos que mudar é a nossa programação e pensamentos [face ao dinheiro]», frisa Frederico Contente.

O primeiro exercício que o orador lançou a quem participou nesta conversa foi que se posicionasse entre quatro perfis financeiros: saudável (poupa todos os meses, por isso ganha mais do que gasta), equilibrado (poupa pouco, mas ainda assim tem lucro ao final do mês), endividado (só trabalha para pagar as contas) e sobre-endividado (gasta mais do que ganha mensalmente). Fazer um «check-up financeiro» é, assim, o primeiro passo para conseguir ter uma atitude diferente perante o dinheiro.

Para Frederico Contente há seis aspetos que são “sinais de alerta” de que a balança financeira não está equilibrada. O primeiro é «não se ter um orçamento familiar», com um «mapa de entradas e saídas de dinheiro», porque, garante, «a anotação de todos os gastos pode levar as pessoas a pensar». As pessoas «podem dizer que fumam pouco» mas se apontarem todo o custo com o tabaco e se perceberem que é «20% do seu ordenado» vão ter uma perceção diferente. Outro dos perigos é «não ter um fundo de emergência equivalente a dois ou três ordenados» para qualquer eventualidade. Ter uma «taxa de esforço superior a 40%», ou seja, quando «40% dos rendimentos são para pagar dívidas», este deve ser um sinal de alerta. A redução de rendimentos e desemprego, contas em atraso para pagar ou créditos em atraso são também preocupantes e reforçam uma situação financeira desequilibrada.

A poupança é o segredo do negócio

Frederico Contente resume a ideia essencial: «As pessoas têm que pensar na vida delas e no ordenado como uma empresa», tendo como objetivo o lucro. A poupança assume aqui um papel importante, frisa o especialista, que lembra que «não há dinheiro sem poupar». O orador enumerou ainda algumas certezas da poupança: «Muito dinheiro não traz riqueza, mas poupar sim, mesmo que eu ganhe 5000 euros por mês, se gastar 5500 euros não poupo nada»; «poupar é mais fácil do que parece. Quando o meu pai me dava uma mesada de 300 euros eu gastava os primeiros 250 nos primeiros dias, mas depois fazia esticar os outros 50 por todo o mês. Então porque é que não pomos logo algum dinheiro de lado? Nós, portugueses, temos a capacidade de fazer esticar o dinheiro e o ordenado»; «é sempre altura de poupar. Começa agora, hoje. Se puder beber um café em vez de três, já estou a poupar» e «poupar dá liberdade. Quantas pessoas vão para o trabalho descontentes e não saem? Porquê? Se tivessem um bocadinho de parte para se aguentarem durante uns meses tinham a liberdade de poder sair».

O especialista considera que a dica base é, reforçando, «poupar primeiro, assim que se recebe o salário» e o indicativo mínimo é de 10%, sendo que o ideal é que se consiga ir poupando cada vez mais. «Se vocês trabalharem 22 dias e pouparem 10% só trabalham dois dias para vocês, tudo o resto é para pagar despesas», frisou. Frederico lembrou ainda que rendimento não é riqueza, dando o seguinte exemplo: «Se eu ganhar 2500 euros e poupar 10%, poupo 250 euros, mas se eu ganhar 1300 euros e fizer um esforço extra e poupar 20%, poupo à mesma 250 euros. Ambos poupam 3000 euros por ano».

Frederico Contente deixa ainda mais conselhos. «Comecem a desendividar-se, se não reduzirem a vossa taxa de esforço nunca vão conseguir poupar», garante. O especialista diz ainda que é bom que as pessoas não invistam no que não conhecem: «Não metam dinheiro num sítio porque alguém vos disse que era bom, saibam o que estão a fazer, preocupem-se em saber o que é um ativo e um passivo, o que é a taxa de juro. Ponham o dinheiro a trabalhar para vocês».

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