O famigerado hotel iniciado há mais de 15 anos junto a uma das entradas da vila de Porto de Mós continua a dar que falar e, desconfio, que assim permanecerá por mais uns tempos. Mais de uma década depois, de hotel não temos nada, quanto muito o esqueleto de um prédio e um rol de anunciadas e, ciclicamente renovadas, boas intenções.
E se é verdade que “de boas intenções está o Inferno cheio”, nem mesmo isso faz tremer a fé, aparentemente inabalável, de muita gente quanto à conclusão, com sucesso e a breve trecho, do atribulado processo.
Eu, que nesta matéria me fui tornando, ano após ano, no mais ferrenho seguidor de São Tomé, continuo a ter sérias dúvidas de que assim será e não necessito de entrar no complicado mundo da fé para encontrar uma explicação, o tempo e a razão ajudaram-me a formar esse estado de alma.
Durante estes 15 anos o chamado hotel já mudou de mãos várias vezes e já foi de portugueses e de estrangeiros. Verdade seja dita, todos eles foram coerentes: prometeram, prometeram, conseguiram convencer os sucessivos executivos camarários e os deputados municipais das suas boas intenções, e com isso obtiveram mais umas mais-valias para o “projeto” e pouco ou nada fizeram, pelo menos o esqueleto lá continua a assombrar a vila.
Partindo do pressuposto que as leis do mercado funcionaram em cada venda e revenda não terão perdido dinheiro, ou seja, a assombração lá permanece mas já vários lucraram com ela e não foi necessário violar a lei para que isso acontecesse, bastou haver quem vendesse e quem estivesse interessado em comprar, do prometido hotel é que nada…
Todo este processo é deveras impressionante. Ano após ano continuamos a aceder aos pedidos dos sucessivos promotores colocando-lhes poucas ou nenhumas condições e a novela continua. Quando houve a oportunidade de ficar com o “edifício”, quase todos acharam a ideia ridícula, e assim se perdeu uma oportunidade de ouro.
Uma coisa que impressiona é continuar-se a olhar para o pretenso hotel como sendo, quase, a Prioridade Municipal. Será que Porto de Mós morre se não tiver um hotel? E já alguém dos sucessivos executivos se deu ao trabalho de encomendar um estudo para ter uma ideia do potencial dessa prometida unidade hoteleira? Quantas vezes por ano é que, em Porto de Mós, um hotel com 80 camas terá utilização plena? E já alguém pensou que se há muitos hotéis a abrir, há outros a fechar? Só nos interessa ter um hotel para inaugurar, e não como o vamos manter aberto?