«Nem tudo se pode tornar acessível a todos mas quem tem responsabilidades públicas tem o dever de o tentar. É neste quadro complexo que se insere o trabalho desenvolvido no nosso castelo», disse o presidente da Câmara, Jorge Vala, na sessão solene de reabertura do castelo de Porto de Mós após uma intervenção que permitiu tornar o monumento mais acessível e inclusivo.
Jorge Vala destacou o trabalho de Célia Sousa, a coordenadora do Centro de Recursos de Inclusão Digital do IPL que «muito contribuiu para tornar possível esta intervenção, quer ao nível do braille, quer sensorial» e agradeceu à empresa LSI «que ofereceu o bebedouro para os cães-guia». De acordo com o autarca, «o investimento centrou-se na requalificação e na reestruturação do espaço tendo em vista alargar a área acessível a visitantes, expositores e colaboradores com mobilidade condicionada» contando que numa segunda fase «o projeto sensorial e educativo possa evoluir tornando o castelo ainda mais acessível do ponto de vista etário, sócio-cultural e intelectual».
O autarca disse que «o castelo já não é um lugar de peleja ou de vida cortesã, mas de aprendizagem, um espaço lúdico de elevada dignidade onde quem vem de fora nos descobre e quem vem de dentro reencontra os seus afetos, as suas ligações ao território» e nesse sentido «é um elo fundamental da captação de públicos mas também da sua redistribuição para outros pontos de interesse natural, cultural e lúdico», e enquadra-se na estratégia de desenvolvimento turístico de um território marcado por múltiplas peculiaridades que urge relacionar entre si e valorizar em redes locais, supra concelhias e supra regionais». «Esta estratégia […] obriga-nos porém a estarmos atentos às múltiplas minorias que constituem a maioria abstrata», sublinhou lembrando que o envelhecimento da população, os problemas da mobilidade física ou as dificuldades económicas não podem ser fator de exclusão no acesso aos bens culturais.
Isabel Damasceno, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro deu os parabéns pela «obra de grande delicadeza e dificuldade, feita com uma enorme rapidez e eficácia» afirmando que «Porto de Mós já nos vai surpreendendo sempre com este tipo de gestão rápida do que se lhe põe à disposição». A responsável mostrou-se bastante satisfeita com «o pequeno contributo que a Europa deu para que este espaço que faz parte da nossa história e do nosso imaginário continue a ser, precisamente, espaço de história».
Pedro Machado, o presidente do Turismo Centro Portugal, considerou o dia da reabertura como «um dia fantástico para o turismo, para o concelho, para a região de Leiria e até para Portugal». Tendo a região, no património e na cultura «o seu primeiro produto turístico», quer do ponto de vista nacional e internacional, Pedro Machado agradeceu a Jorge Vala «por este ativo [o castelo] que representa não apenas um espaço de arquitetura, de história e de património, mas também de cidadania».
Outro dos oradores foi D. Duarte Pio, o presidente da Fundação D. Manuel II, que disse ser para si «uma alegria ter podido dar o apoio a este magnífico monumento» e felicitou a população de Porto de Mós por ter sabido preservar também o espaço envolvente ao castelo ao contrário de muitas terras onde «o mau gosto e o entretenimento» predominam, em intervenções levadas a cabo «mais por arquitontos que, propriamente, por arquitetos»
Por sua vez, Carlos Evaristo, presidente da Fundação Histórico-Cultural Oureana, disse que «esta interventação representa um esforço coletivo para a preservação de um legado que, segundo as normas e conceitos de hoje, passam pela conservação e estabilização do património histórico sem apagar, no entanto, as marcas do tempo» e que foi com gosto que a Fundação acedeu ao pedido de colaboração, sendo que o protocolo assinado nesse mesmo dia «permite uma intervenção de forma continuada oficializando uma parceria que já existia há muitos anos».