Volvido mais de um ano das últimas eleições autárquicas em que Jorge Vala, ao leme do PSD, revalidou a confiança dos portomosenses e conseguiu uma vitória expressiva para a Câmara Municipal, tendo mesmo chegado à maioria absoluta, O Portomosense quis fazer um balanço deste ano de mandato. Para isso, recorreu à primeira entrevista dada ao nosso jornal pelo autarca, após as eleições de 2021, traçando os seus objetivos para o mandato. Daí, retirámos alguns tópicos que são agora avaliados quer por quem governa – Jorge Vala –, quer por quem está em oposição, neste caso Rui Marto, em representação dos vereadores socialistas.
Cultura – Cineteatro de Porto de Mós
Jorge Vala
Há dois espaços para os quais temos estudo e um deles já projeto de arquitetura: o Mercado Municipal e o Cineteatro. O mercado engloba também a envolvente nascente do morro de Santo António, a cobertura de uma parte significativa do mercado de frescos, que se faz hoje ao ar livre, e o reenquadramento das lojas que lá estão, de todos os espaços comerciais individuais. É um investimento significativo, na altura tínhamos um estudo que ascendia quase a dois milhões de euros, ao preço de hoje será muito significativo e não o fizemos porque não conseguimos ir a fundos comunitários do 2020, vamos tentar ir ao 2030. Este investimento visa transformar o mercado num espaço de mercado semanal, mas muito mais do que isso: um espaço onde as lojas funcionam como lojas, seja do que for, mas que sejam também agregadoras dos visitantes. Por outro lado, podermos fazer ali eventos, num espaço que, não sendo ao ar livre, é aberto.
Para o Cineteatro temos um estudo que visa, sobretudo, fazer duas coisas diferentes daquelas que existem: dar mais 120 lugares para o tornar rentável e, por outro lado, fazer a abertura da boca de palco. O objetivo é praticamente desventrá-lo e acrescentar-lhe um balcão onde hoje é a parte do bar. O estudo parece-me interessante e o Cineteatro passará a ter cerca de 340 lugares. Um cineteatro com 340 lugares já tem condições para poder fazer-se uma contratação como muitos fazem, que é entregam a bilheteira ao promotor a troco de alguns bilhetes, e o promotor traz para cá eventos de dimensão nacional.
Nunca priorizámos, por razões óbvias, a questão do cinema. É pena, eu gosto de cinema também, mas as pessoas sentem-se confortáveis em casa, as plataformas de streaming são potenciadoras do estar em casa, até porque as séries se podem ver em contínuo. As projeções de cinema são sempre possíveis neste espaço. Vamos privilegiar o palco, para teatro, para outro tipo de espetáculos, para dinamizar a Cultura no concelho que, com novas condições, ganhará uma nova vida.
Rui Marto
Acho que tem havido, ao longo dos últimos cinco anos, uma confusão com o que é Cultura. Muitas vezes, andamos a fazer eventos, mais ou menos descentralizados, e em muitas situações não é mais do que a alimentação de quintinhas pelo concelho fora, em vez de utilizarmos os espaços que existem para fomentar a Cultura, com eventos que agreguem. Nesse aspeto, lembro-me facilmente do Cineteatro que está num estado muito mau. Ainda há pouco tempo tivemos lá uma sessão da Assembleia Municipal (AM) em que foi preciso mudar a mesa, porque chovia exatamente em cima do lugar da senhora presidente. Anda a ser sistematicamente prometido que vai ser mexido, vai aparecendo de orçamento em orçamento e a resolução é nula. Não há nada, não se conhece um projeto para aquilo, nem de obra, nem de exploração.
Temos, no concelho, espaços importantes. O Cineteatro, que está morto, não fora os eventos muitas vezes proporcionados pelo próprio agrupamento de escolas, haveria ali uma sessão de vez em quando, mais as cinco sessões da AM e o resto seria o ano com a porta fechada. Depois temos a Casa da Cultura de Mira de Aire que deveria ser, no nosso entender, um polo agregador no concelho, no sentido de criarmos aquele espírito de concelho que eu sei que é difícil, mas que não existe. O único tempo em somos todos de Porto de Mós é nas Festas de São Pedro. A partir daí, uns são do Juncal, outros de Mira de Aire, outros do Alqueidão, todos somos de algum lado menos de Porto de Mós. Estes espaços deviam e podiam ser utilizados. Se houver um bom espetáculo cultural, tenha ele a índole que tiver, tanto vou a Mira de Aire como vou a Leiria. O que é certo é que tem sido mais um espaço praticamente fechado, tirando alguns eventos culturais de âmbito local, normalmente desenvolvidos pelas associações locais, não tem havido mais nada. E depois temos um outro espaço que, não sendo público, também teve muito apoio público e tenho quase a certeza que não seria fechado a espetáculos, que é o salão de São Miguel no Juncal. Temos uma série de espaços que estão a ser deixados para trás e vamos fazendo uns outros eventos a dizer que é o suprassumo da Cultura, mas que, a meu ver, falta muito para ter esse carimbo. Não que eu seja um grande defensor da Cultura só para alguns, cultura popular é Cultura, mas acho que podíamos e devíamos aproveitar estes espaços para esse tipo de coisas e depois, eventualmente, acrescentar mais um ou dois, mas andarmos sempre a saltitar de terra em terra não me parece que seja a melhor forma de fazer isso.
Grandes obras – Ampliação da ALE de Porto de Mós
Jorge Vala
Calculamos que ficará concluída, se calhar, antes do prazo. Durante o próximo ano terá, finalmente, o seu fim desta primeira fase. Por isso, estamos em condições de vender e de instalar empresas e dizer que este primeiro passo é muito bem sucedido, porque se tivéssemos o dobro dos lotes, venderíamos mais lotes e é isso que já comunicámos à CCRD, com a intenção de avançarmos já para a segunda fase. Vamos dar início à elaboração de projeto. Já fiz uma reunião com quem projetou a primeira fase, vamos ver se chegamos a acordo nesse sentido. Toda a ALE já tem Declaração de Impacto Ambiental. Vai ter que ser revisitada, até porque há uma zona de expansão da segunda fase que é zona de inundação e precisamos de ter um acordo específico, nesse sentido, da Associação Portuguesa do Ambiente, mas esse não é o maior problema, porque o maior problema já foi resolvido.
Rui Marto
A ampliação da ALE de Porto de Mós, para mim, é a obra, a empreitada, o investimento mais significativo. Penso que teve uma situação muito grave que foi a questão do tempo que demorou. Foi demasiado tempo, houve a construção de uma série de narrativas, no meu entender a maior parte delas não correspondiam à realidade. Houve uma série de formas de adiamento da empreitada e, neste momento, estamos a dois terços ou três quartos da execução da obra e eu não sei, mas espero que seja tudo muito bem vendido e, mais, que signifique postos de trabalho, fixação de pessoas, e tudo o que anda à volta disso, como a criação de serviços conexos. Se temos ali 100 ou 200 pessoas, é normal que elas almocem ou que saiam do trabalho e tenham que comprar qualquer coisa para o dia-a-dia e espero que isso seja feito no nosso concelho.
Em suma, a obra está a avançar, mas acho que não seria necessário tanto tempo, não de execução, mas para arrancar. Foi uma oportunidade perdida, porque não sei até que ponto isto [a Economia] se vai manter em cima. Neste momento ninguém sabe qual é o grau de incerteza e até que ponto é que ela ainda chega a horas de atenuar alguns desses efeitos.
Grandes obras – ARU Juncal e ARU Mira de Aire
Jorge Vala
A ARU do Juncal vai ser publicada dentro de pouco tempo. A ARU de Mira de Aire está a ser bem sucedida, felizmente. As pessoas estão a reabilitar. As isenções, só por si, e as reduções de IVA são bastante aliciantes. Continuamos a ter uma expectativa elevada, a Câmara está a fazer a sua parte. No princípio do ano deve avançar a obra do estacionamento junto ao Centro Comercial Palmeira. É mais um compromisso cumprido. Adquirimos recentemente um espaço junto à igreja, queremos reabilitá-lo. Estamos a tentar regenerar Mira de Aire e tenho uma expectativa muito grande. Tive uma reunião com a direção de expansão de duas grandes superfícies comerciais [supermercados] na tentativa de, até ao final do mandato, conseguirmos criar ali também esta dinâmica. Mira de Aire é uma terra que está pouco explorada, mas tem um potencial enorme. Está a 10 minutos do nó da A1. Vamos avançar com o projeto de espaço de co-work, associado à aquisição de habitação degradada para depois colocar em mercado de habitação de baixo custo, na tentativa de atrair jovens nómadas digitais ou outros, que queiram vir para ali trabalhar, mas que queiram viver em território de parque natural, com uma vida social interessante, como tem Mira de Aire e, sobretudo, muito próxima de Lisboa.
Rui Marto
A ARU do Juncal, que ainda está em germinação, teve uma situação muito mais eficaz que Mira de Aire. Foi desenvolvida num tempo normal, já houve pelo menos duas sessões de explicação e de tentativa de colocar as pessoas à volta do processo, o que me parece importante. O PS tem sistematicamente apoiado este tipo de iniciativas.
A ARU de Mira de Aire é colocada num campo completamente diferente. Demorou muito tempo a ser feita, foi apresentada de uma forma perfeitamente politizada, em que a apresentação não tinha correspondência com o conteúdo. Quem ler o corpo da ARU, acha que há ali coisas que não lembram a ninguém. Quando se fala lá de um funicular ou qualquer coisa do género, se se falasse num ramo de flores era exatamente o mesmo. O que neste momento sinto com Mira de Aire, passado este tempo todo e já deve levar um ano e meio de desenvolvimento dos trabalhos, é que a expectativa dos mirenses, se ainda não caiu, vai cair e depois vai sendo mantida à tona da água com uns balões de oxigénio, que têm sido mais demolições do que propriamente a regeneração do tecido urbano. Por outro lado, há alguns elementos previstos na ARU de Mira de Aire que estão, sistematicamente, a ser relegados para último plano, nomeadamente a recuperação e a devolução à população do Campo da Fiandeira. É um projeto que tem sido sistematicamente atirado para as calendas, vai-se arranjando uns argumentos, mas o que é certo é que o andamento, tanto quanto conhecemos, é zero.
A ARU foi transformada num saco em que todas as ações que o Município faça na freguesia de Mira de Aire são ARU. É óbvio que não, se não houvesse ARU, não tenho dúvidas que havia ações que este executivo faria de igual forma.
Grandes obras – Saneamento básico de Mira de Aire e da EN8
Jorge Vala
Para a EN8 está lançado o concurso. No de Mira de Aire, estamos a tentar perceber se o próximo quadro comunitário permitirá que a Câmara recorra a fundos comunitários. É uma obra muito complexa, muito cara, e nós, sozinhos, numa só fase, não temos condições para fazer aquela obra. Sabemos que o próximo quadro comunitário já se iniciou. Pensamos que vai disponibilizar fundos para os Municípios que nunca se agregaram e que têm o direito de continuar a ter a sua autonomia no ciclo urbano da água. E como essa é a nossa posição, achamos que estamos a ser injustiçados no que diz respeito a esta questão dos fundos comunitários, temos uma expectativa elevada. Se assim for, passará a ser naturalmente uma obra que priorizaremos nos fundos comunitários.
Rui Marto
Em Mira de Aire, houve a conclusão dos trabalhos que estavam iniciados do último mandato do João Salgueiro e da sua equipa. Não houve nunca, nem se prevê que haja, o avanço da terceira fase do saneamento.
Em relação à EN8 é muito mais grave. Foi agora lançado o concurso, com uma série de acusações do presidente da Câmara e do PSD ao PS, a meu ver de todo infundadas. O que vai para a rua é um concurso, que define a forma de trabalhar deste executivo, que tem mais de 600 mil euros de possível obra, que pode ou não ser feita. Não é normal, nunca vi fazer uma coisa destas. Acho que houve aqui um empurrar, uma vez mais, com a barriga, um deixar andar porque a COVID-19 serviu para muitas coisas, mas tanto quanto eu me lembro, este tipo de situações carecia era de trabalho de gabinete, que não foi feito atempadamente e, agora, por um motivo qualquer que não conseguimos descortinar, o senhor presidente decidiu dar um pontapé numa pedra e pôr o concurso cá fora. Não é assim que se trabalha. Parece-me que os pressupostos normais de uma empreitada destas não estão garantidos. O que é certo é que passaram cinco anos [desde que o PSD voltou a liderar o executivo], e quando o senhor presidente se exalta muito, fica muito nervoso e zangado e acusa toda a gente e disse, ainda na última reunião, que o saneamento vinha com 30 anos de atraso, aproveito aqui o ensejo para dizer que nos últimos 30 anos, o PSD esteve muito mais anos do que o PS no poder. Nos últimos 30 anos, o senhor presidente vai no 14.º ano como elemento do executivo, portanto se está atrasado, deve-se muito mais ao senhor presidente e ao senhor vereador Jorge Vala, que vai no 14.º ano de mandato, repito, do que ao PS que esteve lá 12 anos e ao Rui Marto que só lá esteve quatro [enquanto vereador com pelouros]. Acho que o senhor presidente tomou uma forma de trabalhar que é acusar, rejeitar assumir qualquer responsabilidade e acusar os outros de fazer política, quando as responsabilidades são única e exclusivamente suas.
Voltando à EN8, não posso esquecer que o senhor presidente é o responsável pelo concurso, o senhor vereador Eduardo Amaral é o responsável pela área do Ambiente, que tutela esta parte, e o senhor vereador Marco Lopes é o responsável pelas Obras Públicas, portanto aquela trapalhada, que não tem outro nome, que saiu naquele concurso, tem uma responsabilidade transversal. O que desejo é que, de facto, o saneamento ande para a frente.
Projeto “Parque das Mós” (recinto das Festas)
Jorge Vala
O projeto foi estruturado em função de uma nova ligação a Porto de Mós. Temos que aproveitar caminhos que existem. É possível, neste momento, com exceção de 100 metros, vir da rotunda do IC9 no Tojal, até à zona das tasquinhas por caminhos. Fizemos a ARU de Porto de Mós e Corredoura, portanto dissemos que a Corredoura passa a ser zona urbana. A Corredoura é atravessada diariamente por milhares de carros. Para podermos consolidar esta zona como urbana, temos que criar alternativas rodoviárias e a única que temos e que pode ser eventualmente suportada por nós é essa. Há a parte do parque de estacionamento, cerca de 500 ou 600 lugares que ali temos. Se criarmos uma centralidade ali para as pessoas deixarem o carro, se as pessoas que vêm de Mira de Aire, por exemplo, deixarem o carro e se tiverem um transporte público que as leve até à ALE, até Leiria, que é possível no concurso da CIMRL, passamos a ter uma qualidade de vida diferente e sabemos, temos a certeza, que o preço das energias e dos combustíveis não vai baixar, por isso, temos que encontrar condições para as pessoas terem uma nova vida.
O espaço precisa de ser estudado. Pensámos em fazer o Parque das Mós, que se prolonga ao longo do rio, com um grande lago artificial. Decidimos que o objetivo é a estrada e temos que encontrar uma solução que, na rotunda do Intermarché, leve a estrada a direito. Para tal, temos que pegar nas tasquinhas e relocalizá-las. Se pensarmos que as tasquinhas são a âncora das Festas, ao colocarmos as tasquinhas no novo espaço, as pessoas que lá vão têm que passar obrigatoriamente pelas Festas e eu penso que as Festas ficam a ganhar muito. Aquele espaço deixa de ser exclusivo de Festas e esse é o nosso primeiro objetivo.
Temos ali um constrangimento muito grande, que é o campo de futebol, que tem condições para ser transferido lá para cima, para o lado do outro. Um executivo anterior, já noutra vida, fez um investimento muito grande, de mais de meio milhão de euros, para poder transformar aquilo num campo de futebol, até tem as torres de iluminação, depois o executivo que ganhou as eleições, decidiu instalá-lo ali, de uma forma muito anárquica, porque não tem balneários, os balneários são os do campo de ténis e nós achamos que acrescentar uma bateria de balneários naquele espaço, era continuar a prejudicar. O campo tem que ir para o sítio dele, ao lado do outro, onde já existem algumas infraestruturas.
Numa segunda fase, pensamos fazer ali um multiusos simples, vazio de bancadas e tudo isso, que acomode eventos a vários níveis, desde congressos, jogos pontuais… mas queremos sobretudo que esse multiusos possa servir para substituir aquelas tendas que alugamos durante as Festas, será um pavilhão praticamente limpo e que terá apenas instalações sanitárias.
Rui Marto
O projeto é de tal ordem grandioso – para não lhe chamar megalómano – que acho que nem três mandatos darão para o desenvolver. Não me parece que muitas das sugestões que ali estavam, neste momento, possam ser prioridade. O pavilhão multiusos já não é promessa de João Salgueiro, é promessa de Jorge Vala. Tenho muitas dúvidas, mas mesmo muitas, da necessidade de uma infraestrutura daquela natureza face àquilo que hoje se conhece. Se há 10, 12, 15 anos, achávamos que tínhamos que ter uma piscina em cada freguesia e um pavilhão multiusos em cada concelho, mas ninguém se lembrava que era preciso sustentá-lo, nomeadamente com água, luz e funcionários para que aquilo tenha a manutenção e a guarda que necessita, hoje já temos obrigação de fazer essas contas. Não querendo, uma vez mais, estar a comprometer-me, nem a mim nem ao partido pelo qual fui eleito, acho que não é necessário. Acho que é um projeto que se enquadra numa estratégia de campanha permanente, no qual já se gastaram mais de 115 mil euros, em que aparentemente, se foi discutido dentro do executivo, não o foi dentro de todo o executivo, só dentro dos quatro que têm pelouros atribuídos. Tenho até muitas dúvidas que, muito do que lá está, não esteja em violação do atual PDM. Não nos podemos esquecer de uma coisa, aquilo é, como eu disse, uma marca de campanha, porque já foi aquele boneco que foi a página central do jornal do final de campanha do atual presidente e do partido que o sustenta. Tenho muitas dúvidas que, num momento em que todos os dias ouvimos falar de crises energéticas, de dificuldades por via da crise energética, inflação, tudo e mais alguma coisa, devamos andar a gastar, de uma forma destas, em que o próprio presidente assume que não discutiu com ninguém, 115 mil euros. Dá para pagar muito diferencial de muita energia. Mas quem tem que governar é o senhor presidente, nós temos que concordar ou discordar, e fica bem claro da parte dele, de cada vez que fala, que quem governa é ele.
Jorge Vala
Os trilhos ficarão concluídos este ano, estamos na fase final dos conteúdos de divulgação. Vamos, entretanto, abrir ao público o Centro de Interpretação das Serras de Aire e Candeeiros, em Alvados, o antigo Centro de Desportos ao Ar Livre, que será também uma porta de entrada e uma resposta para toda a geodiversidade do território do Parque Natural, direi que é o primeiro momento do futuro geoparque. É ali que vamos identificar os geossítios do território, com especial enfoque no concelho de Porto de Mós. Temos eventos que não são sistemáticos, são eventos que não são anuais, como é o Stone Art, que, durante todo o ano, é fator de atratividade de pessoas; como foi o miradouro, como será a zona de contemplação em Alvados e outros pequenos pontos que, aos poucos, se vão ligando em circuito e que são também fator de atratividade para o nosso território. As pessoas começam a ver justificação para ter o seu negócio ligado ao turismo, como é a restauração, a hotelaria, ou como são os negócios tradicionais. O próprio Posto de Turismo está a receber pessoas, está a dar respostas. Aquele projeto que temos de visitação das Grutas de Mira de Aire, MIAT, Castelo e CIBA está a funcionar através de protocolos com alguns operadores de Fátima. Não podemos pensar que temos um produto, não temos, integramos um produto, até porque a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) desenvolveu um plano estratégico para o turismo da região, onde, naturalmente, acomodámos o nosso plano estratégico de turismo sustentável do concelho de Porto de Mós.
Esta é a visão macro, um ano depois, já com algumas respostas que, certamente, não sendo sustentadas em números efetivos, são sustentadas noutros números, noutras realidades, como é a questão dos alunos.
Rui Marto
O PS reconhece que tem havido um grande trabalho no marketing para o exterior, para colocar a imagem de Porto de Mós um pouco mais acima do que ela estava. Tem é algumas dúvidas se efetivamente isso é suficiente. Chamo a atenção que, em termos de capacidade de alojamento instalada no nosso concelho, temos qualquer coisa mais, mas muito pouco mais do que o que tínhamos há meia dúzia de anos.
A pandemia teve um efeito muito positivo no turismo sem ser o turismo de massas, se calhar passámos a ir ver uns passadiços a Figueiró dos Vinhos ou o Penedo Furado em Vila de Rei. Passámos a ter uma forma diferente de fazer turismo, deixámos de ir só para a praia ou só para o estrangeiro. Começámos a virar-nos para dentro e acho que Porto de Mós também beneficiou disso. Porém a oferta é praticamente a mesma e, nos últimos tempos, com algum sentimento de desânimo, até com o fecho ou fecho anunciado de algumas instalações de apoio ao turismo, e parece-nos que há alguma coisa aqui que não está a bater certo.
Fotos | Jéssica Silva e Isidro Bento