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Obras de recuperação de casa em Alcaria revelam sapatos de finais do século XIX

11 Outubro 2021
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

11 Out, 2021

Há cerca de 10 anos Benvinda Januário e o marido decidiram recuperar o número seis da Rua Monsenhor José Cacela, em Alcaria, uma casa «velha», contígua à habitação onde vivem, que já apresentava um avançado estado de degradação e estava na iminência de cair. O que não sabiam é que num dos buracos das paredes da habitação, da qual eram proprietários, estariam três peças que se pensa serem de finais século XIX. Entre as paredes compostas por «pedra solta» havia uma que teve de ser derrubada porque já não tinha «recuperação possível» e foi precisamente nessa, em que estava embutida uma «cantareira em madeira tosca», onde fizeram a descoberta. «Ao retirarmos as pedras, encontrámos dois sapatos, um de criança e um sapatinho de bebé, e uma botinha (com cano mais alto). São de um couro tão rijo que os furos, onde se coloca os atacadores, já estavam partidos», recorda Benvinda Januário. «Acho curioso porque são três diferentes e três sem par. Acreditamos que seja da mesma altura ou então da mesma criança mas em diferentes fases da vida», acrescenta.

A notícia de que havia sido encontrado algo insólito foi dada, em tom de brincadeira, pelos pedreiros que estavam a trabalhar nas obras de recuperação da casa. «Estão aqui uns sapatos que não servem a ninguém», disseram eles. A notícia despertou, de imediato, a atenção de Benvinda Januário que, ao acreditar que se poderia tratar de algo de valor, pediu-lhes que não danificassem o que tinham acabado de descobrir. «Tinham muito pó, muita terra e muito lixo e então dei-lhes uma limpeza muito “ao de cima” porque tinha medo de estragar», conta. Enquanto não sabia que destino lhe dar, o calçado ficou armazenado numa caixa e foi aí que permaneceu até há dois anos, altura em que voltou a esbarrar nela, e decidiu falar com Luísa Machado, diretora do Museu Municipal de Porto de Mós, na perspetiva de saber se teriam interesse para serem expostos. Depois de alguma pesquisa e de se ter chegado à conclusão que é bastante provável que o calçado seja, de facto, do século XIX, Benvinda Januário pôde oficializar a sua doação, no passado mês de agosto.

(Leia a notícia completa na edição em papel d’O Portomosense do dia 30 de setembro de 2021)

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