«A obra fica finalizada no final do ano, como estava previsto». A garantia é dada pelo presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, quando questionado pelo nosso jornal acerca do estado da empreitada de que está a ser alvo a Casa dos Calados, no Juncal, cuja recuperação tinha há um ano, e continua a ter, uma previsão de conclusão ainda em 2023.
À medida que os dias de dezembro se esgotam, decidimos então perceber que tipo de trabalhos estão ainda a decorrer nesta infraestrutura cuja edificação remonta ao século XVIII, altura em que acolheu a sede da Real Fábrica do Juncal (1770), tendo sido depois destruída durante as Invasões Francesas e, posteriormente, reconstruída em 1811. Até aos anos 90 do século passado, foi utilizada como uma casa agrícola mas, volvido esse período, degradou-se e só mais tarde foi adquirida pelo Município, que fará dela um espaço destinado «a criar oportunidades para os jovens talentos poderem regressar à sua origem», como referiu em novembro do ano passado ao nosso jornal o autarca.
Neste momento «a obra está concluída, por assim dizer. Estamos nos detalhes finais da construção e até ao final do ano fica concluída. Depois vamos iniciar o processo, em paralelo, da aquisição do equipamento, que não está incluído nesta empreitada, e o modelo de gestão em simultâneo».
O presidente do Município calcula ainda que «no final do primeiro trimestre [de 2024] estejamos em condições para inaugurar e para entrar em funcionamento». Depois de adjudicada a obra, por uma maquia a rondar os 1,3 milhões de euros, foi feita uma revisão de preços extraordinária: «A obra, em termos de custos iniciais, são aqueles. Não houve derrapagem, por assim dizer. Houve, efetivamente, trabalhos complementares e tendo em conta a própria inflação e a guerra, que provocou a abertura de um decreto-lei que prevê esta revisão de preços extraordinária. Naturalmente que o empreiteiro, sentindo-se prejudicado e, ao abrigo dessa lei, acabou por solicitar e foi aprovada em reunião de Câmara uma revisão de preços extraordinária enquadrada na lei», refere o líder do executivo camarário.
Em termos de custo final, «é um pouco mais, mas é natural, tendo em conta a revisão de preços e os trabalhos complementares, porque durante a obra nós apercebemo-nos de alguns detalhes que não tinham sido inicialmente identificados e, portanto, esses trabalhos acabaram por ser aprovados [em reunião de Câmara] e foram concretizados.
Além de albergar «um conceito de residências artísticas, com inclusão de espaços de cowork e ateliês para ofícios, relacionados com a cerâmica e o junco […], serão, igualmente, recriadas atividades da antiga Real Fábrica do Juncal, bem como a realização de workshops que funcionarão em paralelo com uma biblioteca (mediateca) e um museu de louça e cerâmica. Está prevista, ainda, a construção de um FoodLab (laboratório alimentar) no antigo lagar, e será, também, criada uma sala ampla no edifício principal, designada de Salão Nobre, onde poderão ser realizados eventos e solenidades», tal como se lê no site da Câmara Municipal.
Foto | Luís Vieira Cruz