Oficina de escrita (e não só) tira-nos “da zona de conforto” e é um momento de redescoberta

16 Janeiro 2025

Jéssica Moás de Sá

O Fórum Cultural de Porto de Mós tem sido a base, mas os limites da Oficina [de Escrita, Corpo, Voz e Movimento] não se ficam pelas suas paredes. Todos os locais, dentro ou fora desta sede, pelas ruas da vila, nos parques, servem de inspiração e mote para libertar o corpo e a mente e… escrever. É isso que reitera Carla Vitorino Veríssimo, a dinamizadora desta ação que já veio até Porto de Mós várias vezes, a última delas no passado sábado, 11 de janeiro. «Correu muito bem, foi uma tarde bem passada», assim foi, não só a perceção da “mentora”, como o feedback que recebeu dos seis participantes. «Um grupo pequeno que facilita trabalhar vários exercícios, ter uma variedade maior» e onde, mais uma vez, houve repetentes que já estão conquistados. 

Para quem possa estar a ler este artigo e a pensar “isto não é para mim, não escrevo”, Carla Vitorino Veríssimo, que vai continuar a dinamizar estas oficinas, faz por desmistificar essa ideia. «Esta oficina é destinada a todas as pessoas, que já escrevam ou não, que gostem de escrever ou que simplesmente queiram explorar algo diferente», começa por referir. É também muito mais do que escrever. «Exploramos a escrita, mas também muito o corpo, o movimento e a voz porque há quem se esqueça que a escrita nasce no corpo», reforça. A bióloga e técnica de turismo, que aparentemente podia estar longe das “lides” da escrita, escreve, como diz, desde que se conhece e tem feito «um investimento pessoal em várias oficinas e cursos dados por escritores». Fez recentemente uma Pós-Graduação em Escrita de Ficção, sempre escreveu prosa poética e tem vários livros publicados e prémios atribuídos. Foi todo este percurso e experiências que lhe deram ferramentas para “desbloquear” a escrita, ferramentas essas que não queria guardar apenas para si, mas sim partilhar com o mundo. «Queria ser eu também a dar os motes e ideias para que outros possam escrever e, para quem não escreve, para que se pudesse redescobrir». «Há exercícios muito rápidos, outros mais demorados, onde trabalhamos várias coisas, a projeção de voz, os tiques de linguagem, que são tão importantes seja no teatro, na rádio, seja em reuniões diárias no trabalho, por vezes, por exemplo, as pessoas falam baixo e nem se apercebem e é importante ter os exercícios para contornar isso», sublinha a escritora. 

Oficina Escrita foto 2 | Jornal O Portomosense

Há uma premissa que tem sido «sempre cumprida»: «Nunca repito os exercícios, trago sempre algo diferente, novo, algo divertido, quem participa várias vezes não faz sempre o mesmo». 

A forma como o «corpo está posicionado», «o olhar para sítios diferentes», «as perspetivas», tudo isto influencia as sensações e, por isso, a escrita. «As informações diferentes que recebemos do meio vão-se repercutir na escrita, na forma como ela nasce» e mesmo que todos os participantes estejam em circunstâncias semelhantes, vão escrever textos muito diferentes entre si. O mais surpreendente acaba por ser percecionar que as pessoas que chegam à oficina a dizer que «não escrevem», acabam por depois «escrever coisas muito intensas, pessoais, outras humorísticas, dependendo do exercício, acaba por ser uma terapia», frisa Carla Vitorino Veríssimo. 

Com a quase certeza de que voltará a Porto de Mós, a escritora deixa o repto para que participem, prometendo uma tarde «divertida». «Como eu alio sempre as tais várias vertentes do corpo, da voz, do movimento, de tirar as pessoas dos seus lugares de conforto, mas sem as deixar desconfortáveis, elas acabam por poder treinar ou expressar-se de uma forma diferente do seu dia-a-dia, ou do seu contexto, sentem-se livres, relaxadas, divertidas, despreocupadas, redescobrem muito de si, muito dos outros também, porque treinamos a atenção de grupo, então é uma oficina que eu pretendo sempre que as pessoas vejam como uma tarde divertida», conclui. 

Foto | DR

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