Carlos Cruz

A importância das Zonas de Intervenção Florestal

31 Jan 2019

A falta de informação é hoje um dos maiores inimigos em todos os setores. Há alguns anos houve a brilhante ideia de criar uma ferramenta de apoio a todo o proprietário florestal, as Zonas de Intervenção Florestal, vulgarmente conhecidas pela sigla ZIF, em que haveria apoio da parte do Estado para a constituição e funcionamento, e efetivamente houve. Mas o que é isto das ZIF? As Zonas de Intervenção Florestal foram criadas com o melhor dos sentidos, com foco no ordenamento do território, com isto, as entidades gestoras das ZIF, em grande parte constituídas por associações florestais, passariam a dar uso ao nome e tratariam de gerir todas as propriedades dos aderentes, englobadas dentro da área determinada para esse fim, com o seu consentimento. Seria como um contrato de gestão da propriedade sem o fim lucrativo para a entidade gestora. Estas entidades, através de uma análise detalhada do território e indo ao encontro dos objetivos dos proprietários, aconselhariam a instalação de determinada ou determinadas espécies florestais, combatendo o minifúndio e criando uma gestão mais simples e mais lucrativa das propriedades, mas a ideia não foi tão bem recebida ou percebida pelos proprietários, que acharam, com todo o direito, que a gestão das propriedades deveria ser de cada um, deixando o problema dos minifúndios subsistir. As Zonas de Intervenção Florestal, apesar do seu principal objetivo ter sido vetado pelos proprietários, continuaram a ser uma ferramenta de apoio a todos os que aderiram, acabando por arranjar formas de ajudar todos os aderentes, principalmente através de candidaturas aos fundos europeus, para limpezas florestais e operações silvícolas. Com o passar dos anos estas ZIF foram começando a ser esquecidas e os apoios para o funcionamento acabaram. Quem tinha a gestão de uma ZIF via-se então sem qualquer apoio por parte do Estado, levando ao abandono desta ferramenta por falta de verba para continuar o trabalho. Quem perdeu? Toda a gente, tanto a entidade gestora, por não ter maneira de continuar o trabalho, como o proprietário que, de certa forma, acabou por perder algum apoio técnico e, certamente, apoio financeiro, mas mais importante, perdeu, mais uma vez, a floresta portuguesa. Com isto, por falta de verba vinda do Estado, por falta de compreensão da parte de alguns proprietários florestais, hoje continuamos com um país de minifúndios, com má gestão das florestas, falta de limpezas onde elas realmente devem ser feitas, com leis florestais criadas para uma realidade de um país que não é o nosso e continuamos a sofrer todos os anos com um problema que já poderia ter sido resolvido, ou pelo menos atenuado, que num Portugal tão pequeno é noticia em todo o mundo, os incêndios rurais. Enquanto não se mudarem as mentalidades, vamos continuar a ser um país pequenino, um país que podia ser hoje uma potência em diversos setores, não esquecendo que possuímos a melhor cortiça e o melhor papel do mundo, mas continuamos a contentar-nos com as migalhas quando podemos ter um campo de trigo.