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Organização faz “balanço final positivo” do festival Juncal Jazz

28 Fevereiro 2019
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

28 Fev, 2019

Foto: Jéssica Moás de Sá

«Por que é que poderá fazer sentido haver um festival de jazz no Juncal?», é o que pergunta Paulo Sousa, membro da organização e responsável pela direção artística. O próprio responde: «é para divulgar o género musical, acredito que a oferta gera procura». O evento aconteceu em dois fins de semana distintos, nos dias 15, 16, 22 e 23 de fevereiro na sede do União Recreativa e Desportiva do Juncal. No primeiro fim de semana, o responsável admite que «houve uma desaceleração» na adesão que fez com que «se questionasse o projeto» e a máxima «da oferta e da procura». No entanto, o segundo fim de semana revelou-se «bastante melhor que o primeiro com casa cheia». Paulo Sousa acredita que o crescimento do público esteve relacionado com dois fatores, por um lado «um apelo mais vincado da organização» e a presença «dos cabeças de cartaz apenas no segundo fim de semana».

O projeto está ainda numa fase embrionária, tendo sido esta a segunda edição, por isso, admite Paulo Sousa, o Juncal Jazz é ainda «frágil» e funciona apenas «por carolice da organização e não é encarado como um negócio». Ainda assim, há «entraves económicos» para manter este festival «que a organização deve resolver antes de pensar na próxima edição». O responsável mantém no entanto «a esperança» que «se houver vontade e coragem haverá próximas edições» porque no geral «a organização ficou satisfeita» com o evento.

Quanto ao desenvolvimento do jazz de forma generalizada, Paulo Sousa acredita que «as pessoas estão mais despertas a novas formas de arte», o que permite algo que era «impossível há 30 anos, que é ter um concerto de jazz no Juncal». Quem partilha a opinião é César Cardoso, um dos cabeças de cartaz do festival, que falou com O Portomosense sobre a evolução do estilo musical. «Eu acho que cresceu muito nos últimos anos, porque também houve um acréscimo de escolas profissionais e superiores a ensinar o jazz», disse o músico portomosense.

César Cardoso lançou um álbum que foi considerado pela revista americana de jazz DownBeat um dos 100 melhores do mundo. Esta é uma distinção que o músico faz questão de divulgar «através das redes sociais e do e-mail», mas, infelizmente, reconhece que é difícil «sem agentes e com todo o ruído dos média» que a informação chegue a todos. No entanto, César Cardoso notou o reconhecimento «com o aumento de concertos», porque, explica, apesar do jazz estar em expansão «os festivais e concertos de jazz em Portugal ainda são escassos».

Iniciativa no IEJ
foi a grande novidade

Uma das iniciativas que se destacou no festival Juncal jazz foi o “Há jazz na escola” que ocorreu no Instituto Educativo do Juncal (IEJ), uma aposta que Paulo Sousa considera essencial porque é nas escolas «que estão os fregueses do futuro e as novas sensibilidades». O responsável considera que a recetividade dos alunos foi «excelente e que correu tudo muito bem», numa iniciativa «totalmente enquadrada dentro da missão» do Juncal jazz.
Paulo Sousa afirmou ainda que «mesmo que surjam algumas dúvidas sobre o projeto», com a «atuação no IEJ, tudo isso foi esquecido por completo» porque todo «o esforço valeu muito a pena». O responsável acredita que a presença de César Cardoso no IEJ pode ser «inspiradora e estimulante para os miúdos» por ter ele «conseguido reconhecimento tão jovem».

A diretora pedagógica do IEJ, Tânia Galeão explica que esta aliança da escola ao projeto do Juncal Jazz faz todo o sentido porque «o instituto promove a formação integral dos alunos, seja a nível académico, na relação com os outros mas sobretudo na relação com a arte e com o espetáculo». A reação dos alunos a esta atividade foi diversa, mas o que surpreendeu os professores foi o facto de alguns estudantes «desconhecerem por completo o que era o jazz», o que trouxe a esta iniciativa o papel acrescido de «explorar com os alunos este estilos musical». O concerto foi aberto apenas aos alunos que se inscrevessem, não só porque um concerto «de jazz não se coaduna com 900 alunos», mas também porque Tânia Galeão acredita que «só devia participar quem estivesse realmente interessado».

César Cardoso, falou também sobre esta iniciativa no IEJ, onde, há mais de 20 anos ele foi também aluno. O músico fala das mudanças que ocorreram desde o seu tempo de estudante até ao momento atual: «Isto mudou muito, acho que hoje as coisas estão muito facilitadas com a internet e com as redes sociais», o que dificulta, por exemplo, o seguimento «de um percurso na música para o qual é preciso muito trabalho e dedicação». Neste contexto, César Cardoso acredita que «esta iniciativa é boa para eles ouvirem música, independentemente do estilo» para pelo menos «despertarem o interesse em coisas novas».

O Portomosense falou ainda com duas alunas que se inscreveram para assistir ao concerto. Marta Serra, de 16 anos, admitiu que «não conhecia o jazz» mas achou a apresentação de César Cardoso «muito interessante» e que «estas iniciativas se deviam repetir». Já Joana Durão, também de 16 anos, diz que já tinha «algum conhecimento sobre o estilo musical», mas que nunca tinha «assistido a um concerto ao vivo». Confessa que não é o seu «estilo preferido», mas imagina-se a «ir novamente a um concerto» de jazz.

 

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