Desafios Tecnológicos da Indústria dos recursos minerais e da Cerâmica – foi este o mote para um dia de palestras no cineteatro de Porto de Mós no passado dia 23. O evento, promovido pelo Município de Porto de Mós e pelo Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) foi dirigido aos empresários do concelho e da região com o intuito de abordar os principais problemas, desafios e oportunidades no contexto atual. Descarbonização, novas tecnologias de fabrico, automação e robótica, economia circular, simbioses industriais, inovação, mercados e pessoas foram alguns dos temas abordados por convidados ligados a entidades que representam estes setores, universidades e empresas.
O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, frisou que este tipo de eventos dedicados às empresas fazem parte «da estratégia» do Município: «Nada melhor para darmos passos no sentido do futuro do que aproximar o CTCV dos nossos empresários». O autarca lembra que os últimos tempos foram marcados por grandes desafios sociais e económicos e por isso, acredita, é necessário começar a construir o futuro hoje. «Estamos aqui no presente já a falar do futuro. E o futuro é já hoje, quando falamos de transição digital, quando falamos de economia circular, quando falamos de descarbonização, quando falamos de sustentabilidade», salienta. Para que as empresas «tenham a capacidade de readaptação a uma nova filosofia a novos mercados e também capacidade de resiliência», precisam «de ser ajudados». «Trazer aqui o CTCV representa exatamente isso, aproximar os empresários, trazer para o concelho de Porto de Mós aquilo que para os empresários é fundamental, a investigação, inovação, trazer no fundo a possibilidade de terem a academia junto das suas empresas e terem a investigação dentro das suas empresas para depois percorrerem com mais facilidade este caminho», reforça.
O presidente do conselho de administração do CTCV, Jorge Marques dos Santos, salientou a importância de «retomar o contacto presencial com os vários intervenientes na economia e com os centros de saber». O líder do centro tecnológico considera importante este trabalho de intermediação «por via da Câmara Municipal», porque o «poder local pode funcionar e funcionará seguramente como fator de atratividade dos vários agentes económicos». Jorge Marques dos Santos diz que é «fundamentalmente o grande papel de articulação entre quem tem as questões, quem quer desenvolver, quem quer fomentar a economia e os locais onde está o saber, nos centros tecnológicos e centros de interface que ajudam a converter o saber que é produzido nas universidades, nos próprios centros tecnológicos, na investigação e desenvolvimento». Mas, lembra o responsável, «não vale a pena ficar só com o conhecimento, o conhecimento em si é muito importante se tiver aplicação». E como é que ele se aplica? «Nas empresas, na economia, para que ele ao aplicar-se vá permitir a conversão do conhecimento em valor». É nesta conversão que o CTCV e outros centros tecnológicos podem ser uma ajuda fundamental: «Os centros têm essa capacidade de poder trabalhar, porque são centros de interface que trabalham junto das universidades, dos institutos politécnicos, dos laboratórios de desenvolvimento e investigação, com a sua capacidade de vigilância tecnológica, mas depois vão agarrar essa vigilância tecnológica e vão ser capazes de ajudar à implementação e à utilização através de parcerias».
Jorge Marques dos Santos assume que existem «rejeições sociais» quanto à indústria extrativa e que é importante mudar essas ideias. «Toda a gente acha importante haver indústria extrativa, haver materiais naturais, mas que sejam extraídos no quintal do meu vizinho, porque se for no meu quintal já não quero. O que é preciso é que isso se faça com todas as medidas de segurança, tirando partido das novas tecnologias num respeito pelo ambiente essencial e os centros tecnológicos ajudam», refere. O presidente dá o exemplo: «Há resíduos quer da extração, quer da produção, e esses resíduos não devem ser abandonados sem qualquer valor, eles em si próprio são uma matéria-prima que deve ser devidamente aproveitada para ser integrada, mas é preciso trabalhar a conversão de resíduos, vai ajudar a resolver um problema ambiental tirando partido económico e das tecnologias que se aplicam», conclui.
Porto de Mós vai ter ponto de recolha de amostras
Para o fim do dia ficou a assinatura do protocolo entre o Município de Porto de Mós e o CTVC que permitiu criar no concelho um ponto de recolha de amostras para que as empresas possam colocar as suas peças. Este ponto de recolha está em funcionamento desde o dia 1 de julho nos Armazéns e Oficinas da Câmara Municipal de Porto de Mós, na Corredoura, e vai permitir «maior comodidade e redução de custos em transporte, as empresas podem entregar neste ponto as suas amostras, que serão posteriormente entregues nos laboratórios do CTCV para ensaio». Jorge Vala salienta que este centro de recolha para além de «otimizar tempo e custos», é «uma medida para trazer para Porto de Mós uma nova centralidade de apoio ao tecido empresarial»..