Isidro Bento

Os teus filhos querem-te grande, ó Mira!…

20 Abr 2021

Os teus filhos querem-te grande, ó Mira!…

Autor: | 20 Abr 2021

 Depois de anos e anos de promessas vãs, a vila de Mira de Aire vai contar, finalmente, com um plano estratégico de desenvolvimento que, não o sendo em termos oficiais nem tendo sido pensado para esse propósito específico, acaba, em termos práticos, por cumprir muita dessa função.

Daquilo que percebi da apresentação pública do PERU, à boleia de um processo de reabilitação urbana, procurar-se-á mudar a face da vila e dar a esta uma outra dinâmica ou, pelo menos, criar as condições para que isso aconteça.

A mudança, ao que parece, não passa por uma mera operação de cosmética, no sentido de inverter a imagem algo degradada que tem alastrado de forma preocupante vila afora. Preconiza-se uma alteração estrutural e isso é de saudar. Não basta deitar abaixo algumas das já semidestruídas habitações, recuperar outras e caiar ou pintar as restantes. Mira de Aire precisa de mais e, pelos vistos, a ARU em boa hora pensada e definida para abranger todo o aglomerado urbano, e cujo conceito vai bem além da mera recuperação de edifícios degradados, será a “desculpa” e o passaporte para essa viagem rumo a um futuro mais bonito e bem mais promissor.

A bem de Mira de Aire, mas também do concelho, é bom que consigamos passar das palavras aos atos e que em menos de metade do prazo máximo de duração da ARU (os tais 15 anos) já sintamos alguns sinais de mudança efetiva. Se isso acontecer, a vila, que é orgulho dos que lá nasceram e que a querem grande, para ir para a frente, sempre caminhando para melhor, poderá dizer, como terá dito o escritor Mark Twain: “Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas”.

Numa noite de boas notícias, aquilo que me deu mais certezas quanto ao exagero da morte anunciada de uma terra com tantos pergaminhos nem foi o plano em si, mas a forma como os mirenses participaram no debate com que terminou a apresentação e, principalmente, o facto da larga maioria dos intervenientes ser jovem. Se pessoas com 20, 30 anos ou mesmo 40 e “uns pós” se envolvem com tanto interesse na discussão do futuro da sua terra, então, dificilmente, se confirmarão os piores receios. Uma terra que tem estes filhos não morre, reinventa-se…