Na edição passada d’O Portomosense a notícia era: A nova Carta Educativa de Porto de Mós prevê o encerramento das escolas de Cumeira de Cima e de Casais Garridos e a construção de um novo centro escolar no Juncal. O documento esteve em votação na última Assembleia Municipal. Agora a notícia é o descontentamento dos pais face a esta intenção. A representar os encarregados de educação da Escola Básica do 1.º ciclo/Jardim de Infância de Casais Garridos, Rita Leal fala «numa luta de anos» para que a escola não feche. Foi nesse sentido que os pais organizaram no passado sábado uma caminhada solidária para «poder requalificar o espaço da escola e adquirir material pedagógico» no sentido de «oferecer o melhor espaço às crianças para poderem efetuar melhores aprendizagens». A caminhada contou com cerca de 100 participantes (o custo da inscrição era de três euros), e «ainda mais pessoas» ao almoço (havia opção de caminhada e almoço por cinco euros).
Dinamizar estas ações é uma forma de mostrar «que os pais não concordam com o encerramento das escolas». «Estas iniciativas e dinâmicas ajudam precisamente a criar movimentos para não fechar a escola. É óbvio que não concordamos com o encerramento das escolas, porque temos as nossas crianças ali precisamente por ter um ambiente mais familiar, onde a aprendizagem é feita como um todo, integrada, onde valorizamos muito o desenvolvimento humano», defende a mãe, que é também educadora de infância, sendo professora nesta área no Instituto Politécnico de Leiria. «As crianças têm condições para estar ali e fazerem o seu processo educativo, não nos passa pela cabeça o contrário e é por isso que criamos dinâmicas para mostrar que faz sentido manter aquela escola aberta», reforça Rita Leal.
Todos os anos na mesma sala é “uma mais-valia”
Confrontada com uma das justificações lançadas para o encerramento desta escola, o facto de existir uma professora para os quatro anos de ensino do 1.º ciclo, a encarregada de educação não encara isto como algo negativo. «Já é há muito tempo uma só professora, se realmente afetasse as crianças, diria que já estaria a afetar há muito tempo», começa por salientar. «A formação de professores de primeiro ciclo é uma preparação para todo um ciclo e não para etapas isoladas, portanto, o ciclo é feito de quatro etapa», justifica. O facto de os alunos «de diferentes idades» estarem todos juntos, é também, na opinião desta mãe, sinónimo «de aprendizagens e momentos de equipa, colaborativos e em que a aprendizagem até pode sair mais reforçada porque as crianças mais velhas poderão ensinar determinados conteúdos às mais novas».
Rita Leal diz ainda que os pais da escola de Casais Garridos «entendem que o sucesso educativo não é ter um três ou um cinco, ou uma medida qualquer. O sucesso educativo vai muito além disso»: «É como já disse, o desenvolvimento humano e a aprendizagem para a vida que não se faz dentro de quatro paredes, que não se faz só com crianças da mesma idade, faz-se com várias idades», sublinha. «Para as crianças isto é importante porque estão a conviver com outras crianças de outras idades e é isso que vão encontrar no dia-a-dia, é isto que vão encontrar fora da escola, o saber gerir as relações humanas na sua diversidade», acrescenta. Uma «sala de aula que tem este potencial de relação humana só vai beneficiar as crianças, é preciso é que os profissionais estejam sensibilizados e conscientes desta potencialidade e é preciso recursos» que os pais lutam por conquistar.
Com Bruno Fidalgo Sousa