Ao primeiro olhar parecem encerrados mas, na verdade, continuam a acolher quem nos visita, seja para umas férias baratas, seja para um qualquer evento corporativo. Os parques de campismo de Arrimal e das Pedreiras são, de facto, uma alternativa “low-cost” para quem gosta de passar bons momentos em contacto com a natureza, prescinde de grandes luxos e não quer gastar muito dinheiro.
Inseridos em meio rural e de pequena dimensão fecham-se ao turismo de massas seguindo, aliás, aquilo que parece ser a vocação do próprio concelho. Aqui, o menos é, definitivamente, mais. Embora partilhando entre si algumas características, cada um tem a sua identidade própria, o que faz com que o concelho, embora no mesmo segmento, tenha ofertas distintas. Ambos estão na mão do poder local e foi com os representantes deste que fomos falar para perceber, afinal, qual é a realidade, hoje, dos parques de campismo de Arrimal e Pedreiras.
União de boas vontades reabre parque de Arrimal
Depois de vários anos fechado ao público por falta de condições, o parque de campismo de Arrimal reabriu em 2019, na sequência de obras de reabilitação levadas a cabo pelo Município de Porto de Mós. O espaço é propriedade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), entidade que no final de 2018 assinou um protocolo de colaboração com o Município no sentido de ser este último a assumir a gestão do parque por um período de 20 anos. Assinatura feita, a opção foi encontrar parceiros locais que ajudassem a que o parque de campismo se tornasse num projeto viável e numa mais-valia para a terra e para o concelho. Assim, explica o presidente da Câmara em declarações ao nosso jornal, «o CCRD Arrimal faz a exploração do espaço e nessa medida recebe e dá o acompanhamento necessário aos campistas e assegura também a limpeza e higienização do parque, a Junta faz a manutenção e a Câmara suporta os custo com a energia e com a água».
«Trata-se de um parque de campismo rural que é procurado por aqueles que gostam de fruir a natureza, entre eles, muitos estrangeiros », diz o autarca, adiantando que todos são bem-vindos, desde que cumpram as regras e respeitem o espírito de uma infraestrutura desta natureza. «As pessoas não podem fazer o que querem e achar que são as únicas a ocupar o espaço e é por isso que há não muito tempo colocámos condições a um grupo que tinha cá estado no ano passado e que infringiu as regras. Optou por não vir, mas se viesse tinha de cumprir» exemplifica o autarca, realçando, contudo, que as más experiências são residuais e que, por norma, quem ali fica, respeita.
Jorge Vala sublinha que «o parque tem todas as condições para quem quer passar uns dias em total sossego. Está bem cuidado e a funcionar sem qualquer problema » graças a esta paceria tripartida.
Opinião idêntica tem o presidente da União de Freguesias de Arrimal e Mendiga, Francisco Baptista. Segundo o autarca, as três entidades têm-se esforçado ao máximo para que os turistas tenham ali uma boa experiência. «O parque é limpo todos os dias, nomeadamente ao nível das casas de banho, tarefa assegurada pela senhora que também faz a limpeza do CCRD. Nós limpamos e fazemos a manutenção do restante espaço e posso garantir que temos feito um esforço grande para que esteja tudo apresentável », diz o autarca.
CCRD faz gestão diária
Francisco Baptista realça também o facto de se estar, finalmente, a dar resposta efetiva aos turistas. «Dantes, quando a gestão era do ICNF, havia um número de telefone para contacto e, por vezes, a resposta é que nesse dia não podia ser. Hoje, basta passar pela associação [CCRD Arrimal] e alguém trata de tudo, de imediato. O Joaquim Amado, apesar de não pertencer à associação, é a pessoa que faz a ligação entre esta e quem quer ali acampar e as coisas estão a correr muito bem», frisa.
Ao contrário do de Arrimal, o parque de campismo das Pedreiras esteve sempre em funcionamento e é assim que se encontra, assegura o presidente da Junta de Freguesia, Pedro Pragosa.
Ao longo dos seus mais de 20 anos de existência, o parque gerido pela junta de freguesia local tem sofrido alterações e melhoramentos, mas o executivo reconhece que é tempo de lhe dar uma nova cara e dotá-lo de outras condições.
PDM tem atrasado requalificação nas Pedreiras
«Há muito que a Junta quer ali fazer obras, requalificando o espaço e instalando uma série de bungalows, mas temos estado impedidos de o fazer porque o Plano Diretor Municipal até agora não o permitia. Em 2014, no âmbito da revisão desse plano, fizemos a respetiva reclamação, entretanto a situação terá evoluído, mas não conseguimos fazer nada enquanto não for publicado em Diário da República. Se tudo correr bem, esperamos no próximo ano levar a cabo, então, os melhoramentos há muito ambicionados e instalar os bungalows o que fará com que as Pedreiras assumam, de facto, uma aposta no turismo de natureza», diz Pedro Pragosa.
O autarca assume que com os novos equipamentos haverá um reajuste na estratégia de funcionamento do espaço, algo, aliás, que nem sequer é novo. O parque, que começou por estar vocacionado para o autocaravanismo, embora aberto também ao campismo, tem vindo a acolher também empresas e entidades, como escolas e lares, que ali realizam os seus convívios, almoços e jantares. «Só este ano já tivemos 10 empresas que escolheram as Pedreiras para aqui realizarem festas e brincadeiras com os seus funcionários», afirma, visivelmente satisfeito, realçando que a Junta está sempre disponível para acolher estes e outros pedidos de cedência do espaço.
Bungalows e encontros corporativos são principais apostas
Pedro Pragosa reconhece que os campistas são em número bastante menor que aqueles que chegam ali integrados em grupos para usufruir de eventos corporativos mas acredita que com a instalação dos bungalows o parque vá ganhar uma nova vida e passe a haver um maior equilíbrio entre estas duas vertentes, que continuarão a ser a grande aposta.
Enquanto as obras de fundo não chegam, a Junta vai fazendo a limpeza e conservação do espaço, procurando que, aos poucos, se torne «inclusivo, mais atrativo e renovado». Pedro Pragosa considera-o «uma mais-valia para a freguesia e para o concelho» e vê-o como um dos elementos da oferta turística local que engloba, entre outros, o moinho e o circuito de manutenção que lhe são contíguos. Enquanto ponto de paragem de uma das rotas dos Caminhos de Fátima tem também recebido peregrinos que ali pernoitam e essa é outra vertente a explorar.