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“Parte da história de Portugal pode ser explicada partindo da memória histórica de Porto de Mós”

16 Janeiro 2023
Bruno Fidalgo Sousa

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Bruno Fidalgo Sousa

16 Jan, 2023

Os Campos de São Jorge, a Calçada Romana de Alqueidão da Serra e o Arco da Memória em Arrimal. Um planalto onde Portugal sagrou a sua independência, um elo de ligação secular entre o Médio Tejo e o litoral estremenho e um marco fronteiriço que «se mantém até aos dias de hoje para testemunhar os limites territoriais dos concelhos de Porto de Mós e de Alcobaça». Estes são alguns exemplos do património histórico do concelho, segundo Adozinda Cruz, professora de História na Escola Secundária de Porto de Mós. Porventura serão os mais conhecidos – alguns estão efetivamente presentes nos manuais, já que é impossível lecionar a História de Portugal sem mencionar a Batalha de Aljubarrota ou o processo de romanização da Península Ibérica, explica a docente. Numa edição em que O Portomosense coloca em revista a História de Porto de Mós aqui publicada – ao longo de 40 anos e quase 1000 edições –, o nosso jornal quis descobrir se e qual dessa História se ensina nas nossas escolas, de modo a «identificar o passado, perceber o presente e perspetivar o futuro».

«Ensina-se sim», garante Adozinda Cruz, «tal como se ensina em Guimarães o nascimento da nacionalidade e no Porto o liberalismo, e o currículo dá flexibilidade para isso». A professora explica que a introdução dos decretos-lei 54 e 55, em 2018, veio conferir «a possibilidade de gerir as matrizes curriculares, adaptando-as às opções de cada escola» e «é claro que os docentes fazem os possíveis para fazer referência à zona onde se vive». Mas os manuais também “obrigam” a essa lição, com os monumentos já citados a serem os mais óbvios. Adozinda Cruz refere muitos outros em Porto de Mós, «uma zona territorial muito privilegiada historicamente». Na disciplina de História e Cultura das Artes, por exemplo, fala-se da Igreja de Alvados, que «tem uma rica talha dourada, barroca, que foi restaurada há poucos anos». A professora menciona ainda os azulejos da Igreja do Juncal e outros monumentos da região, como o Mosteiro de Cós ou a arquitetura do Mosteiro da Batalha.

“E o Castelo?”, pergunta o leitor. «Muito emblemático, carregado de História», refere Adozinda Cruz. Associado ao seu antigo alcaide semilendário Dom Fuas Roupinho, claro, «imortalizado nos versos de Camões», tal como a «vila-forte». Desde a participação de Dom Fuas na reconquista de Afonso Henriques às reuniões preparatórias do 25 de Abril, Adozinda Cruz acredita assim que «parte da história de Portugal pode ser explicada, partindo da memória histórica de Porto de Mós».

“Eles gostam de ter brio pela sua terra”

«Os alunos interessam-se e muito», garante Adozinda Cruz. «Falar de Porto de Mós é falar daquilo que lhes toca, que toca as suas gerações», explica a docente. Organizam-se regularmente saídas de campo, diz, dando o exemplo do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, onde há visitas de estudo regulares e outro tipo de atividades apreciadas pelos alunos, que preferem (e «aprendem muito mais», acredita a professora) «recriações históricas, dramatizações e exposições», à sala de aula. E deixa um aviso: «Há que incutir a ideia de preservação [do património] desde a mais tenra idade, nas escolas e também em casa. Aquelas pedras carregam uma História de milénios. Ao preservar isso estamos a contribuir para que o passado não seja completamente esquecido, e é isso que incutimos aos nossos alunos».

Revisão | Catarina Correia Martins

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